Aprovada pelo Congresso em 2021, a Lei 14.193/2021, ou Lei da SAF, como ficou conhecida, surgiu com o intuito de facilitar a transição dos clubes de futebol do modelo de associação civil sem fins lucrativos para o formato de clube-empresa. A criação da lei está impulsionando uma verdadeira mudança de patamar do futebol brasileiro, estimulando a chegada de grandes empresários e fundos de investimentos com projetos para criar novas potências do nosso futebol. (VEJA O RANKING NO FINAL DA MATÉRIA)

Com proposta na mesa, o Náutico pode se tornar mais uma agremiação a adotar o formato e se tornar multimilionário. O clube recebeu uma oferta não vinculante quase bilionária, um pacote de investimentos que pode chegar a R$ 980 milhões pela compra de 90% das ações da SAF. Se o negócio avançar, a previsão é que o investimento seja injetado nos cofres alvirrubros em aportes que serão realizados ao longo de dez anos.

Tratando de valores absolutos de aportes, a proposta seria suficiente para colocar o clube alvirrubro entre as três maiores transações do futebol brasileiro, atrás apenas do Coritiba, que receberá um pacote de investimentos de até R$ 1,32 bilhão, e o Bahia, que deve receber até R$ 1 bilhão após a venda para o Grupo City.

A grande diferença nos negócios que cada clube faz pela sua SAF está no plano de investimentos. As agremiações mais caras figuram com valores absolutos menores que, no entanto, serão injetados em um intervalo de tempo menor. A exemplo disso, enquanto o Botafogo embolsará pelo menos R$ 400 milhões em até três anos, o Bahia receberá o montante de R$ 1 bilhão que será aportado ao longo de 15 anos.

No entanto, as negociações envolvem trâmites distintos, possibilidade de aportes maiores no futuro e diferentes meios para o pagamento de credores, dificultando a tentativa de chegar a um consenso de qual agremiação fez o melhor acordo.  

O DP Esportes fez um levantamento de todas as SAFs multimilionárias do futebol brasileiro. O ranking foi ordenado exclusivamente de acordo com os aportes totais previstos nas negociações, incluindo investimentos para operação, estrutura e pagamento de dívidas.

1º) Coritiba – Treecorp Investimentos

O Coritiba assinou com a Treecorp Investimentos um acordo que prevê um total de R$ 1,32 bilhão aportados durante 10 anos. Além da quitação total das dívidas do clube, o negócio incluiu a construção de um novo CT e a reforma e modernização do Couto Pereira. 

• Aporte previsto: R$ 1,32 bilhão em 10 anos
  • R$ 270 milhões para quitação total da dívida do clube
  • R$ 100 milhões para a construção de um novo CT
  • R$ 500 milhões para reforma e modernização do estádio
  • R$ 450 milhões para operação (incluindo contratações)
• Percentual adquirido: 90% da SAF

2º) Bahia – City Football Group

O acordo da venda de 90% da SAF do Bahia para o Grupo City foi concluído em maio deste ano. O Tricolor de Aço se tornou o 13º clube do conglomerado e receberá o aporte de R$ 1 bilhão em 15 anos. 

• Aporte previsto: R$ 1 bilhão em até 15 anos
  • R$ 500 milhões para compra de jogadores
  • R$ 300 milhões para o pagamento de dívidas
  • R$ 200 milhões para infraestrutura
• Percentual adquirido: 90% da SAF

3º) Vasco – 777 Partners

O Vasco finalizou os trâmites da venda de 70% das ações para a 777 Partners, no fim do ano passado. A empresa assumiu as dívidas do clube e se comprometeu a aportar R$ 700 milhões em até três anos. Apenas em 2022, cerca de R$ 190 milhões foram injetados nos cofres cruzmaltinos. 

• Aporte previsto: R$ 700 milhões em até 3 anos
  • R$ 70 milhões (empréstimo) + R$ 120 milhões (aporte) em 2022
  • R$ 510 milhões em até 3 anos
• Percentual adquirido: 70% da SAF

4º) Botafogo – John Textor

A venda de 90% da SAF do Botafogo ao americano John Textor foi concluída em março do ano passado, com um investimento mínimo de R$ 400 milhões, que será repassado ao Alvinegro Carioca ao longo de três anos. 

• Aporte previsto: R$ 400 milhões em até 3 anos
  • R$ 50 milhões como empréstimo para o clube
  • R$ 100 milhões à vista
  • R$ 100 milhões dentro de 12 meses
  • R$ 100 milhões dentro de 24 meses
  • R$ 50 milhões dentro de 36 meses
• Percentual adquirido: 90% da SAF

5º) Cruzeiro – Ronaldo

Proprietário do Real Valladolid, da Espanha, Ronaldo concluiu a compra de 90% das ações do Cruzeiro no início de 2022. O acordo prevê o investimento de R$ 400 milhões em até cinco anos. 

• Investimento previsto: R$ 400 milhões em até 5 anos
  • R$ 50 milhões de aporte
  • R$ 350 milhões por receitas “incrementais” ou investimento direto
• Percentual adquirido: 90% da SAF

6º) América-RN – HI.PE Capital SA

O América-RN confirmou a assinatura do acordo com a holding HI.PE Capital SA, que possui sociedade com uma empresa do lateral Marcelo, na última quarta-feira (20). O clube potiguar receberá um montante de R$ 174 milhões em até cinco anos. Rebaixado, o Mecão vai disputar a Série D em 2024. 

• Aporte previsto: R$ 174 milhões em até 5 anos
• Percentual adquirido: 80% da SAF

7º) Cuiabá – Família Dresch

O modelo empresarial nunca foi novidade no Cuiabá. O Dourado já era gerido no formado de clube-empresa pela família Dresch desde 2009, e aderiu a SAF logo após a criação da legislação, no final de 2021. 

• Aporte previsto: Não divulgado
• Percentual adquirido: 100% da SAF