Em cartaz no Shopping Mueller até o dia 6 de outubro, a exposição de arte Mapa da Cultura Alimentar retrata de forma criativa dez produtos do Paraná e dois de Santa Catarina que possuem o selo de Identificação Geográfica (IG), certificação que valoriza, identifica e protege alimentos característicos das localidades onde são produzidos.
Em seis instalações do artista e figurinista Gustavo Krelling, ambientadas pelo arquiteto Givago Ferentz, com textos da pesquisadora de arte Karoline Barreto, a cultura alimentar brasileira é apresentada a partir do uso de materiais reciclados, que são ressignificados, fugindo do uso óbvio desse tipo de matéria-prima.
Estão lá representados a bala de banana de Antonina (PR), o barreado de Morretes (PR), o queijo de Witmarsum (SC), a erva-mate de São Mateus do Sul (PR), a goiaba de Carlópolis (PR), a uva de Marialva (PR), o café do Norte Pioneiro (PR), o morango de Sapopema (PR), os vinhos de Bituruna (PR), o mel de Santa Helena (PR), o melado de Capanema (PR) e a maçã fuji de São Joaquim (SC). Todos foram pesquisados pelo projeto em uma expedição que deu origem à exposição e também ao livro “Mapa da Cultura Alimentar”, que pode ser baixado gratuitamente aqui.
Confira a seguir alguns detalhes e curiosidades da exposição, que apresenta os alimentos e utensílios culinários do cotidiano brasileiro de formas novas e surpreendentes.
O Mapa
A instalação que abre a exposição é um mapa do Brasil feito de sacas de juta e utensílios culinários em inox, palha e madeira, desses que utilizamos no dia a dia da cozinha. Talheres, panelas, formas, peneiras, pratos, chaleiras, raladores, cestos de palha, esteiras de madeira e colheres de pau minuciosamente escolhidos, encaixados e sobrepostos representam as tradições das receitas culinárias brasileiras. Viram o Paraná ali, entre as formas de pudim?
O Espantalho
Com origens que remetem ao Brasil colonial e ainda muito utilizado nas plantações domésticas para proteção, o espantalho de Gustavo Krelling é uma homenagem ao pequeno produtor rural do Brasil. Sacos de café e tecidos em xadrez formam a roupa do boneco, “abotoada” com rodelas de laranja desidratadas. Os olhos são formados por frutas confeccionadas a partir de garrafas plásticas, e o chapéu de palha é formado por latas e espigas de milho verde – redinhas de espuma de polietileno expandido, usadas para proteger frutas mais delicadas, pintadas de amarelo. Atenção no detalhe: o pássaro que descansa no ombro do espantalho é todo feito de sementes, com uma cauda de canela em rama.
O Barreado
Na instalação que homenageia o nosso querido barreado, as fantasias tradicionais do entrudo/carnaval e do fandango são todas feitas com materiais característicos da alimentação brasileira. Ninhos largos de macarrão viraram cachos de cabelo, debaixo de chapéus feitos com funil e espremedor de laranja. Sacas de café foram transformadas em folhas de bananeira. Talheres prateados formam a gola da roupa de um dos pescadores. Utensílios de pesca, como redes e covo (armadilha para pegar peixes), além de remos, cestos e panelas de barro, completam a cenografia.
A Rainha das Bananas
Em referência a uma visita relâmpago da “Rainha das Bananas”, Carmen Miranda (1909–1955), a Antonina, em 1933, a escultura recria o figurino da cantora com com o papel da bala que é símbolo da cidade do litoral paranaense. Seis quilos de bala de banana foram desembalados manualmente para a fabricação do “tecido” do vestido, até que o artista conseguiu um rolo de embalagem direto com a fábrica. Badulaques feitos de tampinhas plásticas e bolinhas natalinas enfeitam o pescoço e os pulsos da manequim. Uma coroa de frutas revestidas com papel brilhante de bombom completa o look da “Pequena Notável”.
Arcimboldo
Inspirada no trabalho do pintor italiano Giuseppe Arcimboldo (1526–1593), conhecido por seus retratos faciais imaginativos com alimentos, essa instalação representa todos os 12 produtos com Indicações Geográficas pesquisados pelo projeto. A escultura forma um rosto com cápsulas de café, rolhas de vinho e embalagens de queijo, envolta por uma moldura que parece suspensa, mas está apoiada em caixotes de frutas e garrafas de vidro. Sobras de chapéus de palha pintadas de verde rodeiam a obra, formando um volumoso capim verde.
A Vendedora de Frutos
Nesta obra, as tradicionais feiras de rua, encontradas em praticamente todas as cidades do Brasil, se misturam a outra importante figura da nossa cultura alimentar: a baiana de tabuleiro. Um estrutura de metal circunda a saia da escultura, onde foram penduradas bacias que servem de medida da porção das frutas nas feiras. Abacaxis, cachos de uva, maçãs e bananas são todos feitos com talheres plásticos, garrafas PET e tampas de garrafa. O figurino da vendedora de frutas faz referência às saias rodadas e mangas bufantes das baianas mas, ao invés do tradicional branco, são feitas com toalha de mesa xadrez.
Exposição Mapa da Cultura Alimentar
Local: Shopping Mueller, na Avenida Cândido de Abreu, 127, Piso L4 – Centro Cívico
Data: até 6 de outubro
Ingressos: entrada gratuita
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