Museu do Lixo completa 20 anos com acervo de 40 mil peças em Florianópolis


Livros clássicos, discos de vinil, videogames, televisões, rádios e câmeras antigas, fitas cassete, brinquedos que marcaram época, celulares que saíram de linha e até um obsoleto orelhão. Esta é uma pequena parte dos 40 mil itens que integram o Museu do Lixo, localizado no CVR (Centro de Valorização de Resíduos), da Comcap (Autarquia de Melhoramentos da Capital), no bairro Itacorubi, em Florianópolis.

Museu do Lixo completa 20 anos, em Florianópolis – Foto: LEO MUNHOZ/NDMuseu do Lixo completa 20 anos, em Florianópolis – Foto: LEO MUNHOZ/ND

O espaço é destinado à preservação de peças variadas que, se não estivessem no acervo, teriam virado lixo. O Museu do Lixo completa 20 anos de história hoje. Criado em 2003 por funcionários do serviço de coleta, ele é referência em Santa Catarina entre as atividades de educação ambiental, em especial o descarte correto de resíduos, a reutilização e reciclagem.

Trabalhando há 26 anos na Comcap e há cinco no museu, Gilberto Ribas acredita que o espaço promove conexão com o passado e o presente, pensando no futuro.

“Hoje as coisas são muito frágeis, se deterioram muito rápido. Temos uma geladeira com 25 anos aqui e, hoje, para durar cinco, precisa de um pouco de sorte”, brinca Ribas.

Gilberto Ribas, funcionário do museu – Foto: LEO MUNHOZ/NDGilberto Ribas, funcionário do museu – Foto: LEO MUNHOZ/ND

Diante de peças desgastadas, mas funcionando, ele defende que, além do valor histórico, o museu provoca reflexões sobre o consumo.

“Como se consumia, quanto tempo duravam as peças antigamente e como é rápido hoje. Com a internet, é muito fácil. Recebemos qualquer coisa na porta de casa. Antigamente, tinha que ir até a loja, escolher e aquilo lá durava anos”, ressalta.

A história do Museu do Lixo começa de forma aleatória. A Comcap fazia a seleção dos reciclados numa esteira e um dia os profissionais estavam separando os materiais e encontraram um crucifixo “diferente”. Diante da peça, um grupo cantou a pedra: e se tivesse um lugar para guardar essas peças? Assim nasceu o Museu do Lixo, há 20 anos, tendo como primeiro item um crucifixo.

Peças das ruas ou de doações no Museu do Lixo

As 40 mil peças que estão no museu vêm de três destinos principais. A maioria é recolhida pelos garis que, no dia a dia, veem peças que podem ser históricas e levam para o museu. Outras vêm dos Ecopontos, conjunto de sete espaços espalhados na cidade em que as pessoas descartam o que têm em casa. Além disso, o museu recebe peças por meio de doações diretas de pessoas que ficam com pena de jogar fora determinados itens.

Museu do lixo – O Museu do Lixo recebe cerca de seis mil visitantes por ano – Foto: Divulgação/NDMuseu do lixo – O Museu do Lixo recebe cerca de seis mil visitantes por ano – Foto: Divulgação/ND

“O que está aqui dentro em algum momento foi jogado fora pra se tornar lixo e a gente reaproveitou”, explica Ribas. Segundo ele, o Museu do Lixo não é estático como os outros.

“Está sempre mudando, sempre vindo peça nova ou saindo, porque emprestamos para filmagens de teatro, propaganda, novela. Temos malas de época, usadas por caixeiro-viajante, que foram usadas  para uma novela e outra num curta-metragem da universidade”.

De segunda a quinta-feira o Museu do Lixo recebe escolas nos dois turnos, de faixas etárias variadas. Também recebe universitários, secretários e prefeitos de outros municípios para saber como funciona a dinâmica do museu e repeti-la no Estado.

O lugar recebe cerca de 7.000 visitantes ao ano. As visitas devem ser feitas com agendamento pelo telefone ou WhatsApp (48) 3261-4826.

Nesta segunda-feira, para celebrar o aniversário, às 11h, ocorre uma solenidade, com a Secretaria de Meio Ambiente e um diretor de educação ambiental. Às 11h30, tem show de voz e violão com Ricardo Conceição.

Participe do grupo e receba as principais notícias
da Grande Florianópolis na palma da sua mão.


Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *