A CPI da Manipulação do Futebol terminou sem a aprovação de um Relatório Final. Os deputados tinham até esta terça-feira para apreciar o texto, mas um pedido conjunto de vista do documento impediu que a discussão sequer começasse.
A votação chegou a ser pautada para a última quarta-feira, mas um acordo entre os deputados, que pediram mais tempo para analisar o relatório, que havia sido protocolado na noite anterior. A reunião seguinte, entretanto, só foi marcada para esta terça-feira, último dia de funcionamento da CPI.

Júlio Arcoverde (PP/PI) é o presidente da CPI da Manipulação do Futebol — Foto: Genilson Frazão/Divulgação
Júlio Arcoverde (PP/PI) é o presidente da CPI da Manipulação do Futebol — Foto: Genilson Frazão/Divulgação
O pedido de vista foi inicialmente pedido pelo deputado Wellington Roberto (PL/PB). Posteriormente, ele foi apoiado por Marcelo Álvaro Antônio (PL/MG), Márcio Marinho (Republicanos/BA) e José Rocha (União/BA).
Pelo Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o pedido faz com que a discussão sobre o relatório final seja suspensa por duas sessões plenárias. O prazo, entretanto, é superior ao tempo restante da CPI, o que fez com que a comissão terminasse sem um relatório.
A CPI da Manipulação do Futebol teve início em maio e tinha como objetivo apurar as denúncias de manipulação de partidas no futebol brasileiro, que já vinham sendo investigadas pelo Ministério Público de Goiás (MP/GO), por meio da Operação Penalidade Máxima.

Deputado Felipe Carreras (PSB/PE) é o relator da CPI da Manipulação do Futebol — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Deputado Felipe Carreras (PSB/PE) é o relator da CPI da Manipulação do Futebol — Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Durante os 132 dias de funcionamento, a CPI ouviu dirigentes da CBF, jogadores investigados pelo MP/GO, representantes de associações de casas de apostas e representantes de empresas relacionadas a marketing esportivo e também de órgãos de transparência no esporte.
CPI prorrogada, mas por menos tempo que o esperado
A comissão pretendia ouvir ainda os jogadores Lucas Paquetá, do West Ham, e Luiz Henrique, do Real Betis. Os dois foram citados pela SportsRadar, órgão que investiga movimentações suspeitas em casas de apostas. Montantes incomuns de apostas combinadas em que os dois levariam cartões amarelos em partidas do Campeonato Inglês e Campeonato Espanhol foram feitas em contas de pessoas próximas aos jogadores.
Os deputados também aprovaram um convite ao presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, com o intuito de que ele desse detalhes das ações da entidade para o combate à manipulação do futebol. A comissão, porém, ouviu outros representantes e ex-representantes da CBF e se deu por satisfeita com as informações, e não chegaram a ouvir Ednaldo.

Júlio Avellar, diretor de competições da CBF, foi ouvido na CPI da Manipulação do Futebol — Foto: Lucas Magalhães
Júlio Avellar, diretor de competições da CBF, foi ouvido na CPI da Manipulação do Futebol — Foto: Lucas Magalhães
Bruno Lopes, apontado como suposto chefe do esquema de manipulação de partidas, e a esposa dele, Camila Motta, tiveram convocações aprovadas pela comissão, para prestar depoimento na condição de investigados. As oitivas deles, no entanto, também não chegaram a ser marcadas pela comissão.
O relatório da CPI, de autoria do deputado Felipe Carreras (PSB/PE), não propunha indiciamentos. Isso, inclusive, foi alvo de comentários do deputado Wellington Roberto, que chegou a dizer que o relatório era “recheado de amor e carinho” e “não dizia nada com nada”.
O texto apresentado por Felipe Carreras é propositivo e traz ideias de criação de Projetos de Lei relacionados às apostas esportivas. A principal delas diz respeito ao veto a apostas que dependam exclusivamente de um jogador, como chutes a gol e cartões amarelos.