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EA Sports FC 24 é o sucessor da franquia de futebol que todos nós conhecemos como FIFA. Após 30 anos de parceria, o contrato de licenciamento com a entidade máxima do futebol foi encerrado e a EA Sports decidiu adotar o nome FC para a nova empreitada.
Além do título, a estrela da capa também também está diferente: o francês Kylian Mbappé deu espaço ao norueguês Erling Haaland, após uma temporada de quebra de recorde na Inglaterra. A marca mudou, mas o jogo continua bem parecido com o que era antes — e isso não necessariamente é um ponto negativo.
A análise a seguir foi feita com base na versão do jogo para PC, PlayStation 5 e Xbox Series S|X. Alguns dos recursos podem estar ausentes nas versões para Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One.
Brasil cada vez mais apagado
É importante começar com uma notícia ruim para a maioria dos fãs do Brasil: a série da EA Sports não possui nenhum time brasileiro, tampouco as seleções masculina e feminina. É a primeira edição sem clubes da liga nacional desde FIFA 95, lançado em 1994.
Infelizmente, esse caminho era esperado: o último título com clubes e jogadores licenciados do Brasileirão foi FIFA 14, de 10 anos atrás. Do FIFA 15 em diante, os escudos e uniformes continuavam intactos, mas os jogadores eram substituídos por personagens genéricos por problemas de licenciamento e direito de imagem com atletas. Em FIFA 22, foi a vez da seleção canarinho aparecer sem os atletas reais.
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De fato, ninguém gosta de jogar com atletas inventados, mas os escudos e uniformes ainda podiam ser aproveitados para mostrar a torcida da comunidade no modo Ultimate Team, por exemplo. Agora, a liga nacional e a seleção pentacampeã mundial foram completamente apagadas da maior vitrine do futebol nos games.
Apresentação e visuais
Logo ao iniciar o jogo, já é possível notar uma mudança eficiente com os novos menus. As interfaces da tela principal e do Ultimate Team foram remodeladas para facilitar a navegação, o resultado é uma experiência mais simples e ágil.
Pulando para o jogo, EA Sports FC 24 mostra as cartas para criar uma atmosfera ainda mais imersiva e realista. O game ampliou a quantidade de cutscenes antes, durante e depois dos 90 minutos de cada partida: no intervalo, é possível ver os jogadores conversando no vestiário, reservas batendo bola no gramado e até uma equipe de transmissão carregando os equipamentos para lá e para cá.
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As glórias no modo carreira também ganharam novas cenas. Quando você conquista um grande título como treinador, o jogo exibe uma cena do desfile dos campeões na cidade. O modo para controlar apenas um jogador mostra a premiação do Ballon D’Or, a cerimônia para coroar o melhor atleta do mundo, e conta até com lendas do futebol na entrega do troféu.
As partidas ainda contam com uma abordagem interessante para mostrar as estatísticas dentro do gramado, como um gráfico de posse de bola e um indicador dos atletas mais cansados.
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Com relação aos atletas, o jogo segue o alto padrão de realismo conquistado no salto para a nova geração de consoles. Desta vez, a EA Sports fez ajustes no motor gráfico Frostbite e deixou tudo ainda mais detalhado, desde o movimento da roupa dos uniformes até efeitos de suor. Além disso, o jogo conta com uma base maior de atletas com o rosto escaneado.
Jogabilidade
Não adianta focar apenas na parte visual — no fim das contas, o que importa é bola na rede. EA Sports FC 24 aproveita a base dos jogos anteriores na nova geração e faz ajustes pontuais para deixar as partidas mais dinâmicas com novos controles de dribles e a introdução dos PlayStyles.
Os PlayStyles são habilidades especiais garantidas para os melhores jogadores e jogadoras do jogo. A rainha Marta possui a habilidade de firula, que garante maior precisão para passes e chutes mais plásticos; o paredão Virgil Van Dijk consegue dominar os duelos aéreos no ataque e na defesa; Vinícius Júnior é capaz de se movimentar no campo com maior aceleração e deixar os marcadores para trás, e por aí vai.
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A novidade ajuda a melhorar o ritmo de jogo e a pensar nas estratégias — antes de cada partida, vale a pena conferir quais são as habilidades aplicadas aos jogadores do seu time e ganhar vantagem dentro de campo.
O jogo também introduziu novas formas de controlar a bola e acelerar no espaço aberto. Mesmo sem o domínio dos dribles, ainda é possível desviar de marcadores e evitar perder a posse. No entanto, quem sabe fintar vai se dar bem, com novos comandos e movimentos cada vez mais ágeis.
De forma geral, o jogo ganhou um aspecto mais realista. O domínio de bola depende muito da qualidade do passe e do jogador que vai recebê-la, então não espere dominar e já sair correndo com um defensor, por exemplo. O comportamento da IA é de pressionar cada vez mais quem tem a posse e as partidas são repletas de divididas e contato físico.
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Os passes longos também estão diferentes: há um comando para você definir a trajetória exata da bola, no lugar de focá-la automaticamente ao jogador que vai recebê-la. No começo, é um pouco difícil dominar a força e a direção, mas essa alternativa pode ajudar a quebrar a retranca do adversário.
Não existem tantos recursos para a bola parada. Ainda não é possível configurar quais jogadores estarão na área dentro de um escanteio e, em alguns casos, os zagueiros ficam de fora — o rival eFootball (antigo PES) permite fazer esse ajuste.
Seria interessante adicionar recursos para personalizar jogadas ensaiadas e ajustar o posicionamento do time no ataque e na defesa. O futebol moderno é repleto de combinações diferentes para faltas e escanteios, e o simulador também poderia adotar a característica, que já esteve presente em versões antigas da franquia.
Modos de jogo
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A franquia praticamente possui duas experiências diferentes num jogo só: o modo Ultimate Team e o restante das opções. O UT, como é abreviado pela comunidade, funciona como um “live service” com eventos promocionais, atualizações frequentes e, claro, uma fonte de dinheiro para monetizar com microtransações.
Os outros modos recebem apenas algumas mudanças simples e podem ficar repetitivos ao longo das jogatinas. Por isso, é importante falar de cada um com calma.
Ultimate Team
A EA Sports não poupou esforços para rechear o Ultimate Team com novidades com a transição para a marca EA FC. O jogo adicionou atletas das ligas femininas, incluiu um sistema para evoluir cartas básicas e trouxe novas lendas jogáveis do esporte, como Zico e Carlos Tévez, duas figuras que fizeram sucesso no futebol brasileiro.
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A inclusão das jogadoras femininas é muito bem-vinda e traz ainda mais possibilidades para montar o time. Existem muitas atletas com níveis altos e boas opções de entrosamento que podem ajudar muito na construção de um elenco para bater de frente nos modos competitivos.
O modo de evolução também agrada bastante, com a possibilidade de dar novo valor para aquelas cartas que ficam encostadas no elenco quando você conquista novos craques no mercado ou em pacote. O jogo inclui alguns modelos para aumentar o nível do jogador a partir de alguns desafios cumpridos com a pessoa em campo — uma carta bronze pode evoluir e ter os mesmos atributos de uma carta ouro, por exemplo.
Já no lançamento, o EA Sports FC 24 preparou eventos especiais para o Ultimate Team, mais uma prova de que o serviço é o carro-chefe da franquia de futebol. Pela primeira vez, o modo conta com patrocinadores durante a experiência, com inserções do Amazon Prime no placar durante as partidas e uma coleção de jogadores especiais da Nike. É um pouco exagerado, mas um sinal de como esse modo de jogo move tanto dinheiro na franquia.
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Modo carreira
A franquia dividiu o modo carreira em duas categorias separadas: para jogador e para treinador. No primeiro caso, adicionou a figura de um empresário que ajuda a traçar objetivos e escolher propostas, mas não vai muito além disso. Inclusive, o jogo conta com uma situação bizarra: ao criar uma carreira como goleiro, é muito comum ser substituído durante as partidas sem lesão, algo muito raro no futebol.
A versão para treinadores inclui opções para definir um estilo de jogo e uma comissão técnica. Antes de cada partida, é possível ver um relatório do adversário, o que é bem legal e lembra um pouco a estratégia de Football Manager. No entanto, o jogo não apresenta tantas opções para mudar a tática e se adaptar a cada jogo.
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O sistema para descobrir e contratar jogadores também é uma versão reciclada dos títulos anteriores. Algumas projeções fora da realidade ainda existem por lá: num exemplo, o olheiro de um time da segunda divisão da Inglaterra sugeriu que eu contratasse o norueguês Erling Haaland, com um dos maiores níveis do game.
As mudanças na parte tática empolgam no começo, mas o modo carreira fica repetitivo ao longo das rodadas. Esse é um recurso que poderia ser mais aproveitado pela EA Sports, com mais opções para desenvolver jogadores e até uma opção de carreira online — outras franquias esportivas, como Madden NFL e NBA 2K, já possuem a alternativa, e seria muito bem-vinda no mundo do futebol.
Clubs
O Pro Clubs virou Clubs e ganhou algumas mudanças no funcionamento. A primeira delas é o suporte a crossplay, muito aguardado pela comunidade. Além disso, o sistema de temporadas foi remodelado e agora é similar ao Rivals, do Ultimate Team: não há rebaixamento e os times disputam recompensas num esquema de temporadas.
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Devido ao acesso antecipado, ainda não foi possível explorar o Clubs com mais profundidade. No entanto, uma mudança chama a atenção: existe uma chance maior dos jogos terminarem em disputas de pênalti, o que pode proporcionar momentos emocionantes para os jogadores coletivos.
Temporadas, Volta e mais
Os modos online Temporadas e Volta não receberam mudanças significativas. O primeiro, inclusive, repete o mesmo formato dos últimos anos. Seria interessante adicionar mais opções para jogar online com outras pessoas com os times reais.
O tão promissor Volta, que relembra o futebol de rua da série FIFA Street, não é muito movimentado, mas oferece uma opção para ganhar itens cosméticos e sincronizá-los ao Clubs, assim como na edição passada. Por fim, o modo de jogo rápido não recebeu tantas alterações e continua uma opção ágil para enfrentar amigos localmente.
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EA Sports FC 24 vale a pena?
É uma pergunta difícil, mas a resposta varia conforme o que você mais gosta de explorar no jogo. Se você joga o Ultimate Team com frequência, vale a pena conferir o game desde o início e explorar as novidades.
Caso o modo de cartas não seja sua primeira escolha, talvez seja melhor esperar por alguma promoção: o EA FC ficou mais caro em relação ao antecessor e custa R$ 359 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series S|X. Para efeito de comparação, a edição do ano passado foi lançada a R$ 299 no PC e R$ 339 nos consoles de nova geração.
O jogo não representa uma revolução ou mudança drástica com relação ao antecessor, FIFA 23, apenas pega a base principal e melhora alguns aspectos na parte visual e na jogabilidade. O que não é ruim, pois o trabalho com a franquia é consistente nos últimos anos. No fim, a experiência ainda é divertida.
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Os títulos de esporte funcionam de um jeito diferente do que o restante do mercado dos games. Mudanças simples e uma “reciclagem” ainda podem garantir sucesso comercial e uma base de jogadores consistente por um ano, até o lançamento da próxima edição. A adesão só não acontece quando há um lançamento catastrófico.
A falta de concorrentes de impacto nos simuladores de futebol também podem contribuir para este cenário — eFootball, da Konami, tornou-se gratuito e não apresenta as mesmas funcionalidades. Portanto, ainda que o jogo seja bem parecido ao anterior, a EA Sports tem mérito de criar uma franquia consistente.
Trazendo para uma comparação futebolística, EA FC é aquele time que ganha os jogos de 1 a 0 sem impressionar muito. O futebol não é revolucionário, mas garante o resultado.
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EA Sports FC será lançado no dia 29 de setembro para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Windows, Xbox One e Xbox Series S|X