Não haveria melhor momento para Victor assumir o futebol do Galo; O ídolo não precisa fazer milagres, mas nós precisamos vê-lo como diretor


Por Hugo Fralodeo
18 fev 2024 10h07

Não tem mistério, o melhor momento, literalmente, para que Victor assuma a direção de futebol do Atlético é agora.

Na linha do tempo, o planejamento para a temporada, que ele participou, inclusive, já está feito, a pré-temporada já terminou, o Clube terá pouco menos de dois meses até o início das principais competições que disputa. Em tempos de SAF, aparentemente e bem ou mal, a busca tem sido pelo profissionalismo.

Começar a carreira de diretor com o desafio de administrar o momento que o futebol do Atlético passa também pode ser benéfico. É quando você acha que não vai dar que a verdadeira batalha começa. Inclusive, em julho passado, no ápice da grande crise do atual treinador, quando, como hoje, ele confrontava a torcida, quem deu a cara em coletiva para tentar apaziguar as coisas e conciliar, foi o então gerente de futebol.

Victor tem 13 anos de casa, já foi goleiro, ídolo, santo, venceu, perdeu, passou por inúmeras e incontáveis situações dentro da Cidade do Galo. Poucos que estão ali dentro conhecem o Clube Atlético Mineiro como ele. Cada vez mais precisamos de caras como Leonardo Silva (auxiliar técnico sub-20), Lima (coordenador de iniciação), Réver (coordenador de transição), Baiano (observador técnico), Hernani (observador técnico), Edgard (analista de mercado) e Éder Aleixo (auxiliar técnico), mantendo a identidade.

Quantos anos de vestiário tem Victor? Conviveu com inúmeros e diferentes tipos de jogadores, bons e ruins, estrelas e “comuns”, liderou e foi liderado, falou e ouviu. Passou por momentos diversos. Um cara que pode dizer que viu e passou de tudo no futebol é Victor. Títulos, luta contra o rebaixamento, Copa do Mundo, 7×1….

Claro, é preciso ter qualificação profissional. Todos citados acima têm, incluindo Victor, formado e gabaritado para o cargo. Fora o “estágio” lado a lado de Caetano, Victor viu ali mesmo como ser um diretor. Foi chefiado pelo saudoso Eduardo Maluf, um dos maiores, por Alexandre Mattos, que, goste dos métodos e do perfil ou não, também entende da parada. Viu também como não ser um diretor em Alexandre Tadeu, Rui Costa e Marques.

Gostaria, inclusive, de usar o exemplo de Marques para dizer o que espero de Victor no cargo. Que ele possa de fato ter autonomia para liderar e comandar o futebol do Atlético. Que deem a Victor a possibilidade de pensar em futebol além de dinheiro. Claro, que ele respeite os orçamentos, que cumpra seu papel na empresa, mas que ele seja a pessoa que se preocupe com o campo e a bola.

Faço muitas analogias em meus comentários, muitas em relação ao futebol europeu. Em todo lugar do mundo é comum que os ídolos se preparem, continuem nos clubes e desenvolvam trabalhos de identidade, a partir da relação de pertencimento deles com a instituição. É menos usual do outro lado do Atlântico, mas lá também se alça ídolos a “testas-de-ferro”. Dito isso, ter Victor à frente do futebol do Atlético não pode ser desculpa para nada.

Victor respeita o torcedor, sabe como ele se sente. Não acredito que ele dirigirá o Galo mentindo, se esquivando, se maleando e se contornando e contorcendo para, no final das contas, dizer mais do que deveria ser dito para tentar não dizer nada. Victor não roubaria o Atlético, ele não assumiria uma posição que não julgasse estar preparado, não aqui, não conosco.

Em todo caso, pode parecer até mais difícil, mas, para quem fez o que fez e passou pelo que passou defendendo nosso gol, ser diretor de futebol deve ser um pouco mais fácil. Não será necessário fazer milagres. Tomara que não. Mas tem uma coisa, precisamos enxergar Victor como diretor. Por mais que seja quase impossível, precisamos guardar, em alguns momentos, o ídolo no coração e o santo só nas preces. Desejo muito além de sorte, desejo muito trabalho. Espero que a carreira como diretor de futebol do Atlético seja tão longa e tão vitoriosa quanto de goleiro e gerente. A partir de hoje, pelo menos enrugando ele estiver sentado na cadeira, falando em nome do Clube, exercendo suas funções, será Victor Bagy, diretor de futebol.

* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal Fala Galo.


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