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A reconhecida empresa americana de pesquisa especializada no setor automobilístico J.D Power revelou sua mais recente avaliação semestral de problemas em carros novos nos EUA. O foco é sempre na frota circulante com três anos de uso. Trata-se de avaliação que repercute no conjunto dos veículos em circulação que, no caso americano, é de 12 anos em média. Como referência a frota brasileira é um pouco mais “jovem”, 10 anos e 9 meses, segundo pesquisas do Sindipeças e da Anfavea.
Esse Estudo de Qualidade Inicial Percebida (EQIP) é um forte indicador em longo prazo. O resultado apresentado agora indica que no último semestre de 2023, de acordo com os consumidores, os principais pontos problemáticos foram os sistemas de infotenimento, em especial os de conectividade Android Auto e Apple CarPlay, além do reconhecimento de voz integrado. Falhas apontadas atingiram nível duas vezes superior à categoria seguinte, de defeitos na carroceria.
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Os pesquisadores também apontaram que o incômodo com os alertas de assistência aumenta com o tempo de uso. Entre estes, os avisos de manutenção e de saídas da faixa de rolagem, além de colisão dianteira/frenagem autônoma de emergência. Acredito que são úteis para evitar acidentes, mas motoristas podem se sentir incomodados. Falta, talvez, ajuste fino dos parâmetros de cada fabricante.
Outra conclusão do EQIP: veículos elétricos a bateria (VEBs) e híbridos plugáveis apresentaram mais problemas do que os movidos por motores a combustão interna (MCI) e híbridos plenos. Entre outros, depois de três anos de uso, pneus são um ponto sensível para os VEBs. Destes, 39% dos proprietários afirmaram que substituíram pneus nos últimos 12 meses, em contraste aos 20% dos MCI. Desconsiderou-se o preço ainda maior dos pneus para elétricos.
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Em mais uma pesquisa, divulgada há alguns dias igualmente pela J.D Power, os carregadores públicos de VEBs nos EUA estão mais confiáveis, porém menos disponíveis. Os investimentos vêm-se concentrando na recarga rápida, enquanto falhas se manifestam nos carregadores de Nível 2, os mais utilizados pela frota circulante.
Por fim, outro estudo do último dia 13 pela Consumer Reports revelou que um terço dos compradores nos EUA relataram ter uma experiência extremamente limitada com modelos elétricos. Apontou ainda como fundamental a expansão da infraestrutura de recarregamento.
“Consumer Reports, fundada em 1936, é a organização sem fins lucrativos para avaliações imparciais e confiáveis de produtos e serviços com base em testes de laboratório e pesquisas de mercado”. Resposta de Inteligência Artificial Generativa.
Investimentos podem chegar a R$ 100 bilhões até 2029
Ao analisar agora em fevereiro os resultados da indústria em janeiro último, a Anfavea indicou que o conjunto de fabricantes e fornecedores vai investir R$ 100 bilhões (US$ 20 bilhões, um valor menos “vistoso”) até 2029. O presidente da entidade, Márcio Leite, admitiu que se trata de previsão, porém com boas possibilidades frente aos novos rumos anunciados pelo plano governamental Mobilidade Verde e Inovação (Mover).
Nos últimos anos, quatro fábricas de veículos leves fecharam no País (duas Ford, uma Mercedes e uma Chery), sem contar três de peças (duas da Ford e outra da Toyota). Duas de veículos vão reabrir (GWM e BYD) nas ex-instalações de Mercedes e Ford, respectivamente. Nessa conta não entram veículos pesados.
Talvez o mais importante do programa Mover seja a introdução do conceito de emissões de CO2 do poço (ou do campo) à roda, muito à frente de vários países ainda arraigados à medição incompleta (e até oportunista) do motor à roda. A ver, após a regulamentação prevista para até o final de março, como ficará o imposto nos próximos anos sobre veículos. Atualmente incide sobre cilindrada (conceito superado).
Hoje, há metas de redução de consumo com malus, se não for cumprida e bônus, se atingir ou superar. Acabou em 2022 a distinção de IPI entre motores a gasolina e flex de 1-litro (mais da metade do mercado). Entre 1 litro e 2 litros a diferença é de apenas 1,5%. Em motores acima de 2 litros sobe para 5,3 pontos percentuais (representam apenas 3% das vendas totais).
Se o primeiro mês do ano foi bom em comercialização sobre janeiro de 2023 (mais 13%), não se alcançou o mesmo resultado em produção (estagnada) e exportações (queda de 43%). Modelos importados se destacaram com o maior percentual de participação nas vendas internas dos últimos 10 anos: 19,5%.
Parte das importações subiram por antecipação de compras externas para aliviar o início do escalonamento crescente do imposto sobre elétricos e híbridos, que começou no mês passado e voltará a ser de 35% em julho de 2026.
Novo Mercedes Classe E exibe grande evolução
O modelo existe desde 1949 (como 170 S) e a 11ª geração do atual Classe E, totalmente renovada, impressiona por linhas mais limpas. A sua presença se impõe ainda assim com uma grade plana e sem decoração vistosa, onde se abrigam radar e sensores. Na lateral, quase sem vincos, as rodas são de 20 pol. e exatos 20 raios. Na parte de trás destaque para as lanternas com estrelas de três pontas estilizadas que remetem ao símbolo da marca.
Chama muita a atenção ao entrar no carro a tela multimídia central com 14,4 pol. Além do espelhamento de celulares, é possível navegar por meio de GPS nativo e do sistema próprio de navegação da Mercedes que dispõe de conexão 5G e atualizações de trânsito em tempo real. Claro, Waze e Google Maps também são disponíveis. Saídas de ar-condicionado estão embutidas sem grades no painel, que ainda pode receber uma terceira tela para o passageiro. Porta-malas bastante amplo: 540 litros
Motor 2.0 turbo entrega 258 cv e 40,6 kgfm, mas um motor elétrico/gerador integrado entre o motor e a caixa de câmbio automática de 9 marchas, disponibiliza mais 23 cv e 20,9 kgfm. Suspensão pneumática e eixo traseiro direcional também se destacam. Em curta avaliação em trecho urbano, além da suavidade e silêncio, impressionaram as acelerações já que o motor elétrico acrescenta 51% de torque quando se exige do acelerador. De 0 a 100 km/h são 6,2 s, belo registro para um automóvel de 1.735 kg.
Preço: R$ 639.900 (versão única).
Ressalva da coluna anterior: o SUV Honda ZR-V usa a mesma arquitetura do Civic com motor a combustão. Contudo, no Brasil, além do citado Type R (a combustão), há também a versão híbrida do sedã, ambos importados.
*Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Estreou sua coluna semanal em 1999 e, em 2015, foi apontado como o mais admirado jornalista automobilístico do País por 400 profissionais do setor. É também consultor técnico de automóveis, de mercado automobilístico e de comunicação.
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