Projeto apoiado pela Fapeal promove estudo para melhorar cultura do inhame em Alagoas


Engenheiro agrônomo e pesquisador João Gomes. Foto: Ascom Fapeal

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) está apoiando um projeto que tem como foco a caracterização e seleção do inhame (espécie Dioscorea spp) quanto à resistência ao nematoide causador da doença casca-preta.

Desde 2022, o estudo liderado pelo engenheiro agrônomo e pesquisador João Gomes tem alcançado resultados significativos, incluindo três dissertações de mestrado e seis publicações de artigos científicos. O projeto também inclui a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal Alagoas (Ufal) – no Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Meio Ambiente.

O agrônomo explica que o tubérculo é fundamental para Alagoas, e pesquisá-lo foi uma demanda apresentada à Fapeal pelo Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL). Dessa forma, quando aprovado, o trabalho desenvolvido passou a reunir informações das áreas de cultivo tradicionalmente conhecidas, que ficam em cidades como Viçosa e Chã Preta, mas que passaram a se estender também para o agreste, em Arapiraca e Limoeiro de Anadia.

“Muita gente não sabe, mas ele [o inhame] tem um potencial muito grande e é um aliado hoje em dia com a alimentação saudável, podendo substituir farinhas porque não tem glúten, então tem mil e uma possibilidades”, frisou o estudioso.

Com o desenrolar do projeto, sua equipe de pesquisa foi compreendendo que alguns materiais de plantio, antes amplamente utilizados, já não existiam mais ou estavam desaparecendo. Isto simbolizava um problema grave, porque no caso do inhame, a semente dele é o mesmo produto que é consumido, ou seja, o agricultor colhe para vender, mas tem de guardar um pouco para utilizar no novo plantio. E dentro da agricultura familiar isto pode se tornar um dilema, afinal é um alimento que deixa de ser vendido, e que para produzir essa “túbera” no estágio de utilidade de semente são precisos quatro meses.

“Não é fácil para um pequeno produtor tirar uma parte da produção e deixar para plantar depois, sem contar também nos problemas de doença encontrados como são os chamados nematóides, que é o foco do projeto. Por isso estamos tentando identificar um material que seja resistente, talvez um manejo do solo, e esta não é uma tarefa fácil”, completa o pesquisador, que é também doutor em biotecnologia.

Desenvolvimento do estudo

O professor realiza um trabalho de avaliação dos problemas de cada terra, explicando o passo a passo de atuação aos produtores rurais. “A gente ir diretamente às áreas foi mais produtivo, porque vínhamos na realidade conversando com eles em suas propriedades. Assim visitamos todas as áreas de cultivo do inhame no estado e observamos em loco o problema”, abordou o estudioso.

João Gomes explicou que, apesar desta linha de estudo construir hipóteses e eles não poderem afirmar que conseguirão os resultados em maior ou menor tempo, hoje, a ideia do grupo é identificar um material que seja mais rico para a saúde do que a semente usualmente empregada, e que ela também seja resistente às doenças. Outra finalidade do projeto é executar um papel educativo, e para tanto estão sendo promovidas ações de treinamentos com profissionais da Emater/AL, da Ufal, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Instituto Federal de Alagoas (Ifal).

Eles desejam preparar os produtores para a hora do plantio, com o intuito de evitar que eles peguem túberas ou trabalhem em terras com o nematoide, que é responsável pela doença conhecida como casca-preta. O pesquisador frisa que, em caso de dúvida, é importante que o agricultor procure um profissional da Emater/AL, um agrônomo que atue na prefeitura ou um especialista da Embrapa da região.

“Imagine você plantar, já com uma doença dessas presente, então o principal objetivo nosso é esse, evitar o contato com a doença. Se você plantou numa área e verificou o nematoide, deve deixar aquela área em repouso ou plantar uma leguminosa que se chama crotalária, porque o nematoide não gosta dela, então ali ela vai atuar sem agredir o solo, ela aduba o solo e inibe o problema”, explica o estudioso.

A importância para o Estado

O pesquisador defende, ainda, como meta, que o tubérculo possa ser melhor aproveitado no processamento, para gerar subprodutos que agreguem mais valor aos pequenos agricultores através de associações. A perspectiva visualizada pelo grupo é de aperfeiçoar tanto a renda quanto a nutrição dos agricultores e da população, já que seria disponibilizado um material mais saudável.


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