São Paulo – O ato de 25 de fevereiro na Avenida Paulista foi uma tentativa de Jair Bolsonaro de escapar de uma possível prisão, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta segunda-feira (4). “Ele sabe que vai ser julgado e que pode ser preso. Ele está tentando escapar”, disse Lula durante a abertura da 4ª Conferência Nacional da Cultura, que será realizada até sexta-feira (8) em Brasília. É a primeira edição em 10 anos.
“Esse cidadão preparou um golpe, tentando imaginar como ele iria fazer para não deixar o presidente eleito tomar posse”, prosseguiu Lula, para quem o ex-presidente ficou “com medo da posse” e fugiu para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, seus apoiadores foram “cínicos” a ponto de defender anulação apenas do segundo turno em 2022, já que tinham conseguido eleger representantes no primeiro.
Ameaça à democracia
O presidente brasileiro chamou a atenção para o crescimento da extrema direita em vários países. “O que está acontecendo no mundo é uma verdadeira guerra. De mentiras, de ódio, de ofensas.” Isso significa ameaça à democracia, às instituições e à própria cultura. Ele também falou sobre o ataque israelense a palestinos que buscavam alimentos: “Você não pode anunciar comida e mandar a morte para aquelas pessoas”. Lula ajudou a segurar uma bandeira da Palestina durante o evento.
Dessa forma, sobre a conferência, ele lembrou que o Brasil já teve um governo que ousou acabar com o Ministério da Cultura. Além disso, definiu a gestão anterior como “matilha de cachorro louco”, que ofendeu sistematicamente a cultura e os artistas. “Jamais vamos esquecer. A cultura tem que ir ao povo. Quando o povo se apodera da cultura, nenhum governo vai poder ofender. (…) Só neste último ano, nós investimos na cultura mais do que tudo que foi colocado nos últimos 10 anos.”
Leis de fomento ao setor cultural
Lula citou as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o senador Paulo Rocha (PT-PA) pela elaboração das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, de fomento ao setor cultural. A ministra Margareth Menezes lembrou que as duas tiveram adesão em 100% das unidades da federação e em 98% e 97% dos municípios, respectivamente.
Assim, neste primeiro dia, houve reunião do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) e encontros nacionais de setores e gestores. Simultaneamente, ocorre o Festival da Cultura: a primeira atração reúne a cantora Fafá de Belém (que cantou o Hino Nacional) e o músico Johnny Hooker. Além do CNPC e do Ministério da Cultura, o evento é realizado pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). E tem apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil). A conferência deverá ter participação de 4 mil pessoas. As propostas aprovadas servirão de base para o novo Plano Nacional de Cultura (PNC), válido pelos próximos 10 anos.