A GranBio, do empresário Bernardo Gradin, fechou um acordo com a Honeywell que prevê o uso de tecnologia da multinacional americana para a produção de bioquerosene de aviação (SAF, na sigla em inglês). O acerto deverá acelerar o projeto de estruturação da companhia brasileira nos Estados Unidos.
Para fabricar o bioquerosene de aviação, a GranBio usa como matéria-prima itens como resíduos de cana-de-açúcar e cavaco de madeira. A empresa transforma esses materiais em etanol celulósico (quando o biocombustível é feito a partir de biomassa), depois em etileno, e, por fim, em SAF.
Segundo Gradin, a GranBio já tem pleno domínio da primeira etapa desse processo, o da transformação da biomassa em etanol, e também já conseguiu avanços expressivos na etapa final, de produção efetiva do bioquerosene de aviação.
Ocorre que a tecnologia de transformação do etanol celulósico em SAF da Honeywell já superou etapas de validação, como a de comprovação de sua eficiência energética. Assim, a GranBio assinou um acordo que dá a ela a licença para usar a tecnologia que a Honeywell desenvolveu para a etapa final de produção do biocombustível de aviação.
“A Honeywell tem a melhor tecnologia do mundo para essa etapa de fabricação do SAF. A licença vai nos permitir acelerar o nosso projeto”, disse o empresário à Globo Rural.
No início deste ano, a Avap, subsidiária da GranBio nos EUA, foi uma das 17 companhias selecionadas em um programa de apoio a biocombustíveis do Departamento de Energia do país. A empresa recebeu uma subvenção de US$ 80 milhões do governo dos Estados Unidos para construir uma planta de demonstração de bioquerosene de aviação em solo americano. Ao todo, o projeto receberá US$ 200 milhões em investimentos.
A companhia ainda não revelou quais serão os outros financiadores da unidade, que será erguida no Estado da Geórgia. No entanto, a chancela do Departamento de Energia dos EUA deu uma visibilidade ao projeto que atraiu o interesse de grandes nomes da indústria, entre eles a própria Honeywell, afirmou Gradin. “Esse é o maior financiamento do governo americano a um projeto de biocombustível em todo o pós-Segunda Guerra”, observou.
A unidade será capaz de produzir 8 milhões de litros de SAF ao ano, além de nafta verde e diesel verde. Caso não haja mudanças no cronograma atual, a construção da planta começará no segundo semestre do ano que vem, e a oferta de SAF ocorrerá a partir de 2027. Se a planta de demonstração se mostrar viável, a GranBio planeja começar a construir em 2029 uma unidade comercial, que terá capacidade de produzir pelo menos 300 milhões de litros por ano.
As negociações entre GranBio e Honeywell estenderam-se por cerca de cinco meses. Fundada há mais de 100 anos, a multinacional americana foi a responsável pelo desenvolvimento de tecnologias que ajudaram a transformar a aviação, como o piloto automático e o sistema anticolisão de bordo. Fora do segmento aeronáutico, a companhia desenvolveu produtos como o detergente biodegradável e o sistema de identificação por código de barras mais amplamente utilizado no mundo.