Review Spider-Man 2: jogo brilha na gameplay e eleva o patamar da franquia


O título chega com a responsabilidade de dar sequência a dois games aclamados, apesar de recentes, do hall de exclusivos da Sony. Mas será que o game conseguiu superar os antecessores e vai cavar de vez um lugar entre os futuros indicados a Melhor Jogo de 2023 no The Game Awards? O TechTudo testou o game antecipado e vai contar neste review.

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Marvel's Spider Man 2 tem Peter e Miles Morales como dupla de Homens-Aranha  — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Marvel’s Spider Man 2 tem Peter e Miles Morales como dupla de Homens-Aranha — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

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Com grandes poderes…

A história de Marvel’s Spider-Man 2 começa alguns meses depois do final da DLC Miles Morales e, por tabela, depois dos eventos ocorridos no primeiro game. Aliás, caso você ainda não tenha concluído, recomendamos cautela com este review para não tomar spoilers indesejados.

Ao final do primeiro jogo, Peter consegue livrar Nova York dos efeitos do Bafo do Diabo após derrotar Martin Li e o Doutor Octopus. A parte triste é que, para salvar os habitantes já contaminados pela toxina, ele precisa abrir mão da vida de sua tia May, o que é devastador para o herói. A dor da perda de Peter, inclusive, continua durante o segundo jogo, sendo um ponto bem interessante para o desenvolvimento do personagem até.

Ao final do primeiro game do Spider-Man, Peter precisa lidar com a perda de sua tia May — Foto: Divulgação/Insomniac Games
Ao final do primeiro game do Spider-Man, Peter precisa lidar com a perda de sua tia May — Foto: Divulgação/Insomniac Games

Já Miles, no início do segundo game, é um Homem-Aranha “formado”. O garoto já tem perfeita ciência de suas habilidades, sabe como usá-las e se torna um homem de confiança de Pete após o final da DLC, onde amadureceu a faceta de herói. Entretanto, na sequência, o garoto ainda se mostra assombrado pela morte do pai, ocorrida no primeiro game em um incidente que envolveu Martin Li. Por isso, o personagem começa o jogo com sede de vingança e querendo apenas uma oportunidade de “fazer com que o Li nunca mais possa machucar alguém”, segundo palavras do próprio Miles. Isso tudo em meio à pressão de escrever uma carta contando mais sobre ele mesmo para que seja aceito na faculdade.

O início de Spider-Man 2 retoma todos esses elementos sem deixar de mostrar, nem mesmo por um minuto, a que o jogo veio. A primeira hora de gameplay, inclusive, merece aplausos. Enquanto introduz Peter em um novo emprego, já que a situação financeira do herói vai de mal a pior depois da morte da tia, o jogo utiliza um conflito com um conhecido vilão da franquia para apresentar novas mecânicas e fazer com que os jogadores relembrem das antigas. Uma introdução que segue a linha de games como God of War 3 e com momentos de ação dignos de Uncharted 4, o que faz com que o título da Insomniac Games chegue com “os dois pés na porta” e arrebate o jogador logo nos primeiros minutos.

A introdução de Marvel's Spider Man é intensa e tem um ritmo capaz de arrebatar os jogadores logo de cara — Foto: Divulgação/Sony
A introdução de Marvel’s Spider Man é intensa e tem um ritmo capaz de arrebatar os jogadores logo de cara — Foto: Divulgação/Sony

O ritmo do game, inclusive, é um dos pontos que vale a pena elogiar – e ele se mantém constante o tempo praticamente inteiro. Passados os primeiros momentos de ação apoteótica, o jogo diminui a rotação e permite que o player se ambiente com as novas mecânicas. A cadência é muito bem planejada, visto que o game está sempre buscando formas de equilibrar a experiência do jogador e fazer com que ele realize atividades distintas. Há um ponto na missão principal do jogo, por exemplo, em que Peter e Mary Jane vão a um parque de diversões. Só nesse trecho, a gameplay envolve interagir com os brinquedos, lidar com o relacionamento dos dois e, evidentemente, combates frenéticos contra vilões.

O jogo também encontra formas orgânicas de introduzir novidades muito bem-vindas e agradáveis de explorar. Aliás, há dois novos bairros na Nova York do Game – Brooklyn e Queens –, além de diversas reformulações nas dinâmicas de combate e travessia na cidade. Se uma das melhores partes de Marvel’s Spider-Man era o chamado web swing por NY, ou seja, a movimentação com usando as teias, já adianto que Insomniac conseguiu aprimorar, na sequência, o que já era muito bom. Mas vamos falar mais dos novos features da gameplay no próximo tópico dessa análise.

O ritmo de Spider Man 2 é muito bem acertado, misturando momentos de ação com interação entre os personagens — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
O ritmo de Spider Man 2 é muito bem acertado, misturando momentos de ação com interação entre os personagens — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Em time que está ganhando se mexe, sim

Como God of War: Ragnarok e Horizon: Forbidden West, Spider-Man 2 se trata de uma sequência. Por mais que essa pareça uma constatação óbvia, é importante frisar que, enquanto sequência, o jogo não é (e nem precisa ser) inovador – este não se trata de um reboot, afinal. A exemplo do que foi feito em outras séries de games da PlayStation, a gameplay de Spider-Man 2 é muito mais focada em manter a base, aprimorando os pontos que já eram bons e em melhorando os que não eram tão legais assim.

Em linhas gerais, o primeiro título da franquia era elogiado pela crítica e pelo público, sendo considerado um dos melhores jogos de heróis já feitos. O combate, por exemplo, era exaltado pelos comandos dinâmicos inspirados na série Batman Arkham, outra referência do subgênero. A movimentação pelos cenários, como dissemos, também era considerada um grande chamariz do game, uma vez que é, definitivamente, a melhor entre todos os jogos do “Miranha” já lançados para consoles e PCS. Em partes, isso fazia parte do desafio da Insomniac nessa sequência. E a empresa, felizmente, faz isso com louvor.

O combate da série de jogos do Spider Man é inspirado por Batman Arkham — Foto: Divulgação/Sony
O combate da série de jogos do Spider Man é inspirado por Batman Arkham — Foto: Divulgação/Sony

A começar pelo grande destaque da sequência: a opção de jogar com dois Homens-Aranhas diferentes. Peter e Miles têm três árvores de habilidades, sendo uma compartilhada e as outras duas, exclusivas. Isso porque os heróis também têm estilos de combate, golpes e habilidades distintas. Miles tem a seu dispor os poderes elétricos e de camuflagem que ele descobriu na DLC, além de uma nova versão evoluída dos poderes desbloqueada pelo contato com Li.

Já Peter começa o jogo com braços mecânicos e ganha mais habilidades quando é contaminado pelo simbionte. Eu, que escrevo essa análise, vinha preferindo gameplay com Miles, mas é simplesmente delicioso usar as habilidades do simbionte, que são extremamente poderosas, intensas e sombrias. Porém, não quero me alongar muito nesse ponto para não estragar a surpresa de quem lê. No mais, os heróis têm missões exclusivas para cada um deles e são intercambiáveis, ou seja, o jogador pode mudar o protagonista a qualquer momento, salvo durante missões e em alguns trechos específicos da história.

O combate de Peter contaminado com o simbionte é intenso, poderoso e viciante — Foto: Divulgação/Sony
O combate de Peter contaminado com o simbionte é intenso, poderoso e viciante — Foto: Divulgação/Sony

Ainda sobre os combates, há habilidades especiais para os dois heróis, como as vistas na DLC Miles Morales. Aliás, o herói recupera todas as que foram desbloqueadas em seu stand-alone. Tanto Peter quanto Miles podem usar gadgets tecnológicos como os do primeiro jogo. Estes, inclusive, foram reduzidos e reorganizados nessa sequência, o que deve agradar quem, como eu, costumava se embananar na hora de escolher um dispositivo durante os conflitos com bandidos. Outra novidade é a adição de um esquema de parry que deixa as lutas ainda mais dinâmicas e frenéticas.

Já o stealth do game continua uma delícia. Desde Miles Morales, quando a série introduziu a mecânica de descer pela teia no teto para pegar um inimigo desprevenido, esse âmbito do jogo já havia um show à parte. Agora, há, também, a possibilidade de lançar teias para criar linhas e formar quase uma teia de aranha pela qual o Spider-Man pode se movimentar. Mais uma adição pontual e bem-vinda a uma algo que já era excelente.

Peter e Miles têm três árvores de habilidades distintas, sendo duas exclusivas e uma compartilhada — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Peter e Miles têm três árvores de habilidades distintas, sendo duas exclusivas e uma compartilhada — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Outra coisa que conseguiu melhorar ainda mais na sequência foi a movimentação pela cidade. Utilizar as teias para se balançar pelos prédios de Nova York ainda é um deleite, mas esse ponto em específico conseguiu ficar ainda melhor com alguns aprimoramentos que, certamente, foram influenciados pelo hardware do PlayStation 5. O primeiro deles são as Asas de Teia, que fazem com que os heróis possam planar por toda a extensão do mapa – e há diversas áreas de impulso e correntes de ar para isso. Na prática, a coisa pode ficar um tanto quanto “Super-Man” demais, mas não deixa de ser muito legal.

Além disso, para explorar as novas áreas sem a necessidade de ficar perto de pontes, o Spider-Man também utiliza a velocidade para deslizar, de pé, pelas águas do rio East. Vale lembrar que, no primeiro game, toda vez que ele caía na água, a mobilidade do herói ia pelo ralo, o que faz deste um update muito legal e bem-vindo. Também há novas habilidades desbloqueáveis para a navegação, como a possibilidade de dar um giro duplo enquanto pendurado e se lançar ao ar com mais força.

As Asas de Teia permitem que os Spider-Men planem por ta a extensão do mapa — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
As Asas de Teia permitem que os Spider-Men planem por ta a extensão do mapa — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Outro ponto que certamente está relacionado ao hardware mais poderoso é a destruição de cenários em missões específicas. Como esse tipo de recurso é muito pesado de reproduzir, durante a gameplay tradicional, ele não fica habilitado. No entanto, dentro de missões, sobretudo as que envolvem chefes e batalhas épicas, praticamente tudo pode ser quebrado – bem ao estilo Control. Isso adiciona um quê a mais de intensidade que combina muito com a proposta do jogo, principalmente quando o simbionte está envolvido. Aliás, chega a ser engraçado a quantidade de vezes que Nova York é destruída durante o game. Haja orçamento da prefeitura.

Uma atualização que também achei interessante é o aprimoramento dos trajes. Além de diversas opções cosméticas para escolher (com variações de cor, inclusive) para os dois heróis, agora, os jogadores vão gastar suas fichas para melhorar a saúde, dano, ferramentas de navegação e o ganho de foco. Antes, essas possibilidades estavam atreladas às árvores de habilidades e, pelo menos eu, acho que ficou melhor organizado dessa forma.

Os Spider Men também podem deslizar pelas águas  — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Os Spider Men também podem deslizar pelas águas — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Um ajuste pequeno, mas que mudou a experiência para mim foi a redução dos podcasts do JJJ. Entendo a proposta do personagem e sei que a rabugice com o Spider-Man é, basicamente, a personalidade dele. Mas eu não conseguia deixar de ficar irritada com a quantidade de interrupções e os absurdos que ele falava, chegando a mutar o som em alguns momentos. As transmissões ainda existem, mas agora são intercaladas com o Dani Cast, que já estava presente no Miles Morales, além de um maior número de conversas entre personagens. Mais um ponto para a Insomniac, ao meu ver.

Também chama a atenção a nova distribuição de tarefas do game, que parecem estar mais variadas. No primeiro jogo da franquia, uma das minhas principais críticas era o grande volume de atividades semelhantes, o que deixava a platina, por exemplo, maçante e pouco divertida. Dessa vez, esse fator foi redistribuído e o game oferece uma boa diversidade forma mais equilibrada. Na sequência, o jogador tem à disposição reformulações de atividades já conhecidas, como bases de inimigos, pedidos de ajuda pelo aplicativo, colecionáveis, desafios de tempo, e puzzles tecnológicos como os dados por Harry no primeiro game.

Peter e Miles têm atividades exclusivas para cada um deles no novo game — Foto: Divulgação/Sony
Peter e Miles têm atividades exclusivas para cada um deles no novo game — Foto: Divulgação/Sony

Além disso, há atividades inéditas, como a perseguição a drones e galpões de tecnologia do Prowler para Miles. O game também utiliza bem os features do controle do PS5, como os gatilhos que travam de acordo com a força em cada atividade e a movimentação dos controles para orientar a direção do que os personagens estão fazendo. É possível, por exemplo, arremessar bolas de basquete simulando o gesto com o DualSense.

As fichas, que são necessárias para os aprimoramentos de trajes e dispositivos, também são oriundas de pontos diversos, o que ajuda a manter a gameplay diversificada para qualquer jogador que deseje ter uma boa progressão de personagem. Para mim, todo o fluxo da gameplay se beneficiou com isso. Também ajuda o fato do jogo ter menos uma história mais concisa e menos grupos de vilões. Quem teve que repetir as bases dos Demônios do Martin Li, Silver Sable, Rei do Crime e os acampamentos dos prisioneiros do primeiro game sabe bem do que eu estou falando.

Uma narrativa madura e cinematográfica

Como o antecessor, Marvel’s Spider-Man 2 conta uma história original. Há, logicamente, diversas referências aos quadrinhos e filmes do herói – e até mesmo algumas piadas envolvendo Os Vingadores – mas as linhas narrativas são exclusivas do game. Para mim, essa é mais uma decisão acertada por parte da Insomniac, que conseguiu, mais uma vez, desenvolver um enredo maduro, dinâmico, criativo e sem deixar de prestar as devidas homenagens ao herói.

Digo isso porque, ao meu ver, ambos os jogos da empresa vêm fugindo do padrão dos filmes da Marvel sobre o herói – dos quais eu, inclusive, devo admitir que não sou muito fã. Se no cinema, observamos obras com muito conteúdo visual e pouco espaço para um desenvolvimento interessante para os personagens, no game, a tônica é bem diferente. Como mencionamos, há, sim, momentos de ação extraordinários – e eles definitivamente fazem parte de um bom enredo sobre o Spider-Man. Mas o que deixa tudo mais interessante é a sensação de estarmos acompanhando, também, as vidas de Peter, Miles, Mary Jane, Ganke, Rio Morales, dentre diversos outros personagens que tornam a trama ainda mais rica com seus medos, traumas, desejos e motivações.

Os personagens secundários tornam o enredo ainda mais rico  — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Os personagens secundários tornam o enredo ainda mais rico — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Peter, por exemplo, se mostra extenuado com as responsabilidades da vida de herói e se vê, por diversas vezes, tendo que abrir mão de seus momentos íntimos para salvar o dia. Ele nem mesmo teve tempo para processar a morte de May – um sentimento que também vai ser retomado na sua versão mais sombria afetada pelo simbionte. Já Miles precisa conviver com a raiva que sente pela morte de seu pai enquanto também tem dificuldades para equilibrar a vida dupla, o que compromete, por exemplo, a aplicação para entrar em uma faculdade. Enquanto isso, ele continua sendo uma figura central para a comunidade afro-americana e latina onde ele está inserido.

Aliás, vale destacar o trabalho feito quanto à representatividade no game. Como já acontecia em Miles Morales, tudo que envolve o herói traz consigo o peso das bandeiras que ele carrega. Miles tem missões secundárias exclusivas onde ajuda a recuperar elementos da cultura do Brooklyn, onde foi criado. Ele também aprende sobre a música preta norte-americana, bem como os principais artistas do ramo no jogo. Há diversos momentos de exaltação desses pontos, além da ascendência latina do herói em si. Como um todo, ele é um personagem muito interessante de observar e que, certamente, vai inspirar os jovens e adultos que jogarem o game.

Miles traz uma carga de representatividade importantíssica desde o stand-alone Miles Morales — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Miles traz uma carga de representatividade importantíssica desde o stand-alone Miles Morales — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Ainda sobre esse ponto, outra coisa que me chamou a atenção é o esforço do game em trazer mais representatividade para a tela usando seus personagens – outra crítica minha em relação aos filmes de herói, no geral. Com dois homens como personagens centrais, o game recorre à presença de mulheres como Mary Jane e Rio Morales como coadjuvantes importantes para o desenvolvimento da trama.

Aliás, as missões que envolvem a ruiva, muito criticadas por serem momentos de stealth monótonos no primeiro game, melhoraram bastante na sequência. Há, também, participações importantes de personagens PCD e LGBTQIA +, mas pouparemos detalhes para evitar acabar com surpresas.

Os trechos de stealth com a Mary Jane melhoraram muito com a adição de alguns recursos de combate — Foto: Divulgação/Sony
Os trechos de stealth com a Mary Jane melhoraram muito com a adição de alguns recursos de combate — Foto: Divulgação/Sony

Outro ponto do enredo que acredito que vale a pena comentar é sobre os vilões. Kraven é, sim, uma figura muito interessante e com motivações que variam em relação à megalomania comuns aos inimigos de heróis de quadrinhos. Mas ainda mais legal do que ele é ver como o jogo humaniza os antagonistas anteriores, como o Homem de Areia, Martin Li e o Doutor Connors. Como Kraven os torna presas, os Spider-Men precisam, em algum nível, protegê-los, o que abre precedentes para que o jogador os observe através de um prisma que escapa do simples “ah, ele faz isso porque é um cara mau”.

Aliás, aqui cabe um adendo sobre os vilões e o enredo: no que tange o núcleo, o final do segundo ato do jogo até o encerramento da campanha são simplesmente insanos. Eu mal conseguia parar de jogar. E fica, também, a intenção de comentar sobre algo específico que envolve um personagem desses nessa altura do game. Não vou entrar em detalhes porque, para mim, foi uma grata surpresa e que amei descobrir sem ter a menor suspeita de que poderia acontecer, mas quem lê essa análise saberá do que falo quando chegar lá. Então fica aí o comentário: absolutamente incrível e arrebatador. Ah, e aqui vai uma informação importante para os curiosos: há duas cenas pós créditos muito interessantes para a franquia.

Os vilôes são um ponto de destaque em Spider Man 2 — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Os vilôes são um ponto de destaque em Spider Man 2 — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Com um enredo de tramas e subtramas, o jogo também tem uma oferta de missões secundárias interessantes e divertidas. Particularmente, acredito que elas poderiam ser ainda mais numerosas, sobretudo as que envolvem os outros personagens do game – até porque eles são carismáticos e instigam a atenção de quem joga. Entretanto, vale destacar também o que chamo de missões terciárias, ou seja, as que envolvem NPCs aleatórios e que, comumente, têm mecânicas mais simples como levar um item do ponto A ao B. Além de eu ter encontrado algumas com enredos dinâmicos e engraçados, há até mesmo algumas mais emocionais e reflexivas.

E no meio de toda essa qualidade, há um trabalho de direção e cinematografia praticamente impecável. O jogo tem takes ainda mais diversificados do que a primeira versão e que exploram bem os sentimentos opostos dos personagens como, por exemplo, a dubiedade de Peter quando está com o simbionte. Isso sem mencionar os closes detalhados explicitando as emoções dos personagens, que ficaram ainda mais expressivos com a tecnologia de captura de movimento adotada na sequência. Como esse game também faz com que eles lidem com uma gama de emoções mais ampla, esse fator fica ainda mais interessante de observar. Mas isso é assunto para o próximo tópico desta análise.

A presença do simbionte de Spider Man 2 obriga a direção do jogo ser ainda melhor  — Foto: Divulgação/Sony
A presença do simbionte de Spider Man 2 obriga a direção do jogo ser ainda melhor — Foto: Divulgação/Sony

Ambientação, gráficos e desempenho

Uma das minhas coisas favoritas sobre o primeiro Marvel’s Spider-Man era a ambientação de Nova York. Além de visualmente impecável, eu amava ver como os pontos turísticos estavam, basicamente, nos mesmos lugares do mapa da vida real. Minha única crítica quanto a esse ponto é que, na minha visão, a cidade não era tão interativa quanto poderia ser. Havia poucas pessoas nas ruas e as que estavam ali pareciam estar apenas para preencher espaços vazios. Quem jogou games como Red Dead Redemption 2 entende a diferença de fazer um mundo aberto orgânico – e eu queria muito ver como o conceito ficaria em uma cidade viva como NY. Infelizmente, não foi dessa vez que aconteceu.

Marvel's Spider Man 2 recria Nova York com maestria — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Marvel’s Spider Man 2 recria Nova York com maestria — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Não serei injusta – a sequência melhora, sim, essa questão e há mais pessoas nas ruas, turistas tirando fotos, barraquinhas que vendem donuts e cachorros-quente. Mas não consigo evitar o sentimento, dado o escopo do game e o carinho da Insomniac, de que Marvel’s Spider-Man 2 deixou a desejar na construção do mundo aberto. Entendo, no entanto, que essa sou eu sendo criteriosa com um game que já faz um excelente trabalho. A ambientação, por sinal, está estupenda, com muitas cores, iluminação lindíssima e Ray Tracing cantando em todos os lugares. Agora que o game também traz bairros mais residenciais, como Astoria, há mudanças significativas nas paletas de cores, vegetação e, obviamente, nas casas em si. É, sem dúvidas, de encher os olhos.

O game oferece três modos gráficos: 4K nativo com 30 fps e Ray Tracing de alta qualidade, 4K dinâmico com 60 fps e menos qualidade gráfica, e um modo de 40 fps para TVs com HDMI 2.1 que consegue equilibrar os dois pontos. Os gráficos, por sinal, estão bem bonitos e se aproveitaram bem do salto de cinco anos desde o lançamento do primeiro jogo. As texturas estão em alta resolução, enquanto as expressões faciais e a sincronia labial também são muito bem feitas. De negativo, há alguns momentos em que a dublagem erra o tom da cena, principalmente com a Mary Jane. O rosto dela, por vezes, também tem alguns bugs visuais, mas nada que algumas atualizações não possam resolver.

Spider Man 2 deu um salto gráfico significativo entre as gerações — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Spider Man 2 deu um salto gráfico significativo entre as gerações — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Aliás, falando em bugs, durante o teste, tivemos alguns. Inimigos atravessando paredes eram clássicos, porém os que mais incomodavam estavam relacionados a botões de ação que não conseguimos pressionar. Como isso não deixava a missão continuar, precisamos voltar o save duas ou três vezes para dar prosseguimento. Nada tão grave quanto saves corrompidos, mas o jogo ainda precisa de algumas atualizações para ficar perfeito. Não notamos quedas em fps e nem delays na renderização de cenários, o que já é muito bom.

Marvel’s Spider-Man 2 vale a pena?

Marvel's Spider Man 2 deve cavar um lugar entre os melhores de 2023 — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins
Marvel’s Spider Man 2 deve cavar um lugar entre os melhores de 2023 — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Já dizia o Tio Ben que, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. E a Insomniac parece ter adotado essa premissa para entregar uma sequência de um título aclamado e especialmente desafiadora dado o status. Contudo, a empresa foi muito bem sucedida na proposta, entregando um jogo bem resolvido, divertido e que consegue melhorar os pontos de crítica e aprimorar o que já havia de bom. Dificilmente, quem gostou do primeiro não vai gostar da sequência. Aliás, por mais que isso não comprometa o entendimento da história, recomendo fortemente que, caso você não tenha jogado os antecessores, faça isso antes de partir para a sequência.

Com o novo título, a Insomniac mostra por que, há algum tempo, vem se destacando como uma das grandes publishers do mercado e entregando trabalhos muito consistentes. Spider-Man 2, ao meu ver, é o jogo que consolida a franquia como um dos carros-chefe da Sony e é, talvez, o primeiro system seller (ou seja, o game pelo qual uma pessoa compra um console) do PlayStation 5 passados quase três anos desde o lançamento do console. Depois de me aventurar por horas pela vibrante Nova York da Insomniac, o meu único pensamento era: eu, que nem gosto de heróis, mal posso esperar pelo será feito em Marvel’s Wolverine.

Gameplay

10

Gráficos

9

Performance

8

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