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Prince of Persia: The Lost Crown é um jogo de complexidades. Quando se joga, vemos rapidamente as influências das duas grandes eras da franquia, que nasceu como um clássico do início da era dos PCs para ganhar novamente esse caráter usando a ação nos anos do PS2. Há, também, um quê de moderno e referências clássicas a jogos da atualidade em uma mistura que, apontam os responsáveis por ela, vem para renovar a franquia e a trazer de volta ao holofote.
Afinal de contas, lá se vão mais de 10 anos sem um grande título da saga e, agora que ela está retornando, acompanha a ideia generalizada de que velhos clássicos têm espaço no mercado, mas precisam de uma demão de tinta para seguirem relevantes. “Quando você trabalha em uma série assim, temos que respeitar o legado e o que os jogadores amam. Mas, também, queremos levar a marca adiante”, contou Mounir Radi, diretor do novo Prince of Persia, em entrevista ao Canaltech.
Não dá para viver só de remasterizações, afinal, e enquanto aponta que o remake de The Sands of Time ainda está a caminho, o designer indica como os pilares básicos da série aparecem modernizados em The Lost Crown. Os puzzles, a exploração via plataformas e os combates estão plenamente presentes aqui, mas ao contrário do que acontecia no passado, em que os segmentos eram distintos, todos podem estar presentes em uma mesma tela, com um desafio que soa fresco, mas plenamente reconhecível.
Essa sensação nem sempre está relacionada ao próprio Prince of Persia, porém, ainda que The Lost Crown seja um jogo aparentemente digno do legado da série, temos ecos de outros títulos por aqui. O novo game é um Metroidvania em sua essência, mas também apresenta elementos soulslike nos combates contra inimigos comuns e chefes de fase, além de uma exploração com o uso de elementos mágicos que também nos lembra nomes como Hades e a série Ori.
A demo disponível no estande da Ubisoft, rodando em um PS5, e da Nintendo, em um Switch, era longa e possuía múltiplos caminhos. Mais do que isso, já era possível notar o que parece ser um dos aspectos mais interessantes do novo game, com os cenários gigantescos e mudanças de biomas que dão uma sensação real de exploração mesmo que o usuário deixe para trás algumas portas fechadas ou passagens inexploradas.
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É o inverso da linearidade que estamos acostumados em títulos da Ubisoft e também da própria franquia, bem como um conceito que Radi diz ser uma das bases fundamentais de Prince of Persia: The Lost Crown. “Evitamos ao máximo os caminhos sem saída para que o jogador sempre possa ter algo a explorar. Eles são convidados a seguir em frente o tempo todo”, explica Radi.
Tudo muda o tempo todo
Outro aspecto essencial da experiência já pôde ser sentido em nosso tempo com o game. Ainda que estejamos em um trecho inicial do game, no qual o protagonista Sargon ainda não ganhou a confiança de seus companheiros de aventura, ele já é plenamente habilidoso. São poderes que conversam diretamente com o combate e a exploração, mas que têm o uso livre para o jogador, que não é levado pela mão.
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“Não forçamos nenhuma estratégia nem temos indicadores do caminho a seguir. Damos ferramentas e o jogador está livre para seguir”, explica o diretor. Isso se traduz em uma experiência diferente para cada um que jogou a demo disponível na BGS 2023, junto com a habilidade dos que a experimentaram em títulos do gênero. Houve quem chegou rapidamente ao final, sem dificuldades para matar o chefe que encerrava a amostra, e também quem não saiu das primeiras telas, desejando explorar cada cantinho.
A ampla verticalidade do título acompanha uma variação interessante de oponentes e, também, abordagens. Enquanto a criatura que encerra a versão que jogamos depende bastante do entendimento de seus padrões de ataques e movimentação — ao melhor estilo Souls —, inimigos comuns também possuem esse comportamento, mas o enfrentamento está aberto a novas estratégias.
Quem quiser atacar com tudo poderá fazer isso, uma cortesia da agilidade do protagonista e da boa resposta dos controles de Prince of Persia: The Lost Crown. Ainda que a furtividade não esteja presente, aqueles que tiverem um bom domínio dos controles e dos ambientes também poderão usar o cenário em favor próprio, enquanto os que preferirem correr também podem fazer isso. Todos sentirão que estão avançando, independentemente da escolha.
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De catacumbas e palácios em ruínas até um cenário verdejante e cheio de armadilhas ambientais, há uma variação das boas no título. Essa variação, também, é citada como um dos desafios primordiais do desenvolvimento, com Radi apontando que a visão que se torna realidade com o vindouro título tendo surgido de um desejo dos desenvolvedores em voltar à série.
Plataformas para se manter em pé
O diretor passou por games como ZombiU e Tom Clancy’s Ghost Recon: Future Soldier, mas talvez a experiência que mais transpareça durante a experiência com o jogo seja a que ele adquiriu na série Rayman. Ele explica que o conceito de Prince of Persia: The Lost Crown surgiu de esboços e protótipos feitos no final da última década, mas que apenas em 2019 veio a janela de oportunidade para, efetivamente, iniciar a produção do game.
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Anos de desenvolvimento depois, porém, a reação negativa dos fãs que esperavam um título AAA que trouxesse a franquia de volta veio de encontro a essa visão. Mas a equipe, aponta Radi, se manteve firme no projeto e, principalmente, confiante de que The Lost Crown convenceria. Algo que o diretor diz já estar sentindo de perto na BGS 2023, com os jogadores experimentando o título e gostando do que viram.
“Jamais pensamos em mudar o conceito [após o feedback negativo]. Seria muito fácil fazer algo exatamente como o esperado, mas ninguém [da equipe] almeja uma vida tranquila”, brinca Radi. “Nosso objetivo é evoluir mecânicas, trazer novidades e unir os três pilares básicos de Prince of Persia em uma experiência fluida. É um trabalho muito desafiador.”
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Mais do que atento às críticas, o time de desenvolvimento segue agora de olho na telemetria que vem sendo obtida durante as demonstrações do jogo, que vai servir para aumentar ainda mais a fluidez e a sensação de progressão dos usuários. Enquanto isso, espera que o retorno e o que vê como um voto de confiança, vistos nos eventos, se traduza também quando o game chegar às lojas.
“Como desenvolvedores, temos que respeitar os fãs e acreditamos estar fazendo exatamente isso”, completou o diretor. “Essa é nossa visão de Prince of Persia e estamos confiantes. É normal que as pessoas reajam assim quando têm as expectativas quebradas, mas quando verem o que estamos fazendo [com o jogo], esperamos que devidam experimentar.”
Quando Prince of Persia: The Lost Crown será lançado?
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Prince of Persia: The Lost Crown chega em 18 de Janeiro de 2024. O game terá versões PC, Xbox Series X|S, Xbox One, PS4, PlayStation 5 e Nintendo Switch, além de lançamento no serviço de streaming Amazon Luna. O desenvolvimento é da Ubisoft Montpellier.