Syngenta investe R$ 65 milhões e inaugura maior centro de tecnologia de formulações de produto no Brasil


Rodrigo Marques - Fotos: Mariana Grilli

Rodrigo Marques – Fotos: Mariana Grilli

No próximo dia 23 de outubro, o maior centro de tecnologia de formulações de produtos da Syngenta no mundo será inaugurado em Paulínia, interior de São Paulo. O novo empreendimento se soma a outros seis polos tecnológicos da multinacional, localizados nos Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, China, Índia e Singapura.

Situado no polo petroquímico do município paulista, próximo a outras companhias como FMC e Corteva, o Centro de Tecnologia e Engenharia de Produtos para América Latina recebeu aporte de R$ 65 milhões e levou 18 meses para ser construído. Com isso, o novo prédio está ao lado da fábrica já existente desde 1978 – uma forma de aproximar mais a ciência dos produtos que vão a campo.

“Até 2018, o desenvolvimento de novos produtos era feito na Suíça e Inglaterra, e tropicalizados no Brasil. Em 2018, a Syngenta decidiu levar o desenvolvimento de produtos para perto dos clientes, e o Brasil é uma localização estratégica. Em relação a desenvolvimento de tecnologia, esse centro está no mesmo nível da Suíça e dos Estados Unidos”, afirma Rodrigo Marques, Diretor de Engenharia e Tecnologia de Produtos da Syngenta.

Diante da inauguração do Centro de Tecnologia, parte dos produtos que eram importados passam a ser produzidos localmente. Ricardo Corrêa, gerente de logística integrada da Syngenta para o Brasil, explica que isso “não necessariamente é um acréscimo de capacidade de produção”, embora aumente a relevância do país e “tem acelerado a introdução dos novos produtos em Paulínia”.

De acordo com ele, a fábrica vai produzir 200 milhões de litros esse ano, incluindo todo o portfólio. “Ao mesmo tempo que trazemos novas formulações para cá, temos alguns investimentos para construção de capacidade principalmente inseticida e fungicida”, ele revela.

Novo prédio

O Centro de Tecnologia tem o conceito de inovação aberta, com laboratórios conectados para fomentar a colaboração entre engenheiros. Um seleto grupo da imprensa, incluindo a Revista Cultivar, teve acesso ao prédio em primeira mão – antes mesmo de muitos funcionários – e pôde conhecer as diferentes instalações.

Em 2.500 metros quadrados, o objetivo é proporcionar mais agilidade nos processos que vão desde o desenvolvimento de novos produtos até a forma de aplicá-los – sejam químicos ou biológicos. O prédio tem iluminação e ventilação naturais, reuso de água e energia fotovoltaica.

Entre os benefícios, a localização é um ponto estratégico, local e globalmente. O novo empreendimento está próximo da própria estação experimental de Holambra, onde são realizados testes em campos e ambientes controlados, além de estar perto das unidades de Indaiatuba e Ribeirão Preto da companhia.

Do ponto de vista de mercado externo, o diretor da Syngenta explica que a escolha de Paulínia se deu a fim de ter a fábrica junto a um “hub de desenvolvimento para a América Latina, e a partir daqui suportar diferentes países da região, como Argentina, Colômbia e México”.

Pesquisa e desenvolvimento

Marques explica que a pesquisa de novas moléculas permanece concentrada na Inglaterra, mas o desenvolvimento de novos produtos a partir destas moléculas está descentralizado nos setes centros tecnológicos, “para endereçar cada necessidade regional e estar próximo de clientes locais”.

Para descobrir uma molécula e criar um ingrediente ativo, ele diz, são investidos US$ 200 milhões, geralmente ao longo de 10 anos. Uma vez que esta molécula está definida, caracterizada e sabe-se para que ela serve, segue-se à etapa de desenvolvimento de formulações. Antigamente, isso levava cerca de 18 meses, mas com o avanço da ciência já é possível obter uma nova formulação em seis meses, e então encaminhá-la para testes.

Na visita a Paulínia, foi possível ver de perto o trabalho de cientistas, agrônomos e químicos trabalhando para ‘tropicalizar’ as moléculas a fim de desenvolver soluções adequadas à realidade brasileira. Essa junção, de acordo com o executivo, torna o ambiente mais colaborativo, incentiva a inovação e corrobora com a celeridade aos processos.

O Centro de Tecnologia está dividido em seis laboratórios: formulações, química analítica, engenharia de processos, biológicos, embalagens e tecnologia de aplicações. “Boa parte da iniciativa desse centro é ampliar a capacidade de ampliar portfólio, aumentar em 35% mais soluções dentro do ano”, projeta Rodrigo Marques.

Uma das apostas está no laboratório de biológicos, que estuda o uso de microrganismos e metabólitos como um complemento ao manejo de pragas. A partir de fungos e bactérias, o objetivo é descobrir novos produtos para controle de pragas, tratamento de sementes, nematicidas e oferta ampla de fungicidas e herbicidas. De acordo com a Syngenta, o desafio é desenvolver novos biológicos, testá-los e ganhar escalar a capacidade produtiva destes produtos em dois anos.

Para isso, o aprimoramento da ciência é contínuo. No pipeline de investimentos da Syngenta para este novo centro, estão previstos ainda R$ 40 milhões nos próximos cinco anos, a partir de 2025.


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