Empresas chinesas investiram mais de US$ 100 bilhões em projetos de tecnologia de energia limpa no exterior desde o início de 2023, de acordo com pesquisa do grupo australiano Climate Energy Finance (CEF).
O aumento nos investimentos é motivado pela necessidade de contornar as tarifas impostas pelos Estados Unidos e outros países sobre produtos fabricados na China.
Como o maior produtor e exportador mundial de tecnologias verdes essenciais, como painéis solares, baterias de lítio e veículos elétricos, a capacidade de fabricação da China lidera o mercado global por uma margem considerável.
O relatório do CEF destaca que a China domina 32,5% das exportações globais de veículos elétricos, 24,1% da produção de baterias de lítio e 78,1% da fabricação de painéis solares.
As tensões comerciais aumentam com as principais economias
Apesar de sua liderança em tecnologia limpa, a crescente influência da China tem levantado preocupações entre seus parceiros comerciais, com alegações de que ela aproveita a produção excedente para inundar mercados internacionais e prejudicar os concorrentes.
Em resposta, os Estados Unidos e o Canadá impuseram tarifas de 100% sobre veículos elétricos chineses, enquanto as tarifas sobre painéis solares e baterias de lítio foram fixadas em 50% e 25%, respectivamente.
A União Europeia também está se preparando para votar medidas comerciais semelhantes nos próximos dias.
O analista do CEF, Xuyang Dong, explicou que as empresas privadas chinesas estão aumentando os investimentos estrangeiros para mitigar essas crescentes barreiras comerciais.
Dong disse à Reuters:
Os investimentos de empresas privadas chinesas são em grande parte motivados pela necessidade de contornar barreiras comerciais.
Por exemplo, a gigante de veículos elétricos BYD está investindo US$ 1 bilhão em uma nova fábrica na Turquia para evitar uma tarifa proposta pela UE de quase 40%, enquanto a fabricante de baterias CATL está instalando fábricas na Alemanha, Hungria e outros países.
O domínio da tecnologia limpa na China desperta preocupações sobre excesso de oferta
O domínio da China na indústria de tecnologia limpa não é isento de desafios.
Um estudo separado do Grantham Institute, no Reino Unido, projetou que, até 2030, dois terços da capacidade de produção de tecnologia limpa da China excederão suas necessidades domésticas, forçando o país a buscar mercados de exportação adicionais.
Espera-se que somente a produção solar alcance 860 gigawatts.
Embora esse excedente de capacidade posicione a China como um ator formidável em tecnologia limpa global, ele também intensifica as disputas comerciais, especialmente em regiões onde os fabricantes nacionais estão lutando para competir com as exportações de baixo custo da China.
China critica tarifas, citando preocupações climáticas
Em resposta ao aumento das tarifas, a China reagiu, argumentando que as restrições às suas exportações desacelerarão os esforços globais para combater as mudanças climáticas.
O alto enviado climático chinês, Liu Zhenmin, alertou em março que a dissociação das capacidades de fabricação da China poderia aumentar o custo global da transição para uma energia mais limpa em 20%.
À medida que o mundo busca acelerar a mudança para energia renovável, os investimentos em tecnologia limpa da China e seu papel na cadeia de suprimentos global continuam sendo o centro das discussões.
No entanto, as tensões comerciais atuais representam um desafio significativo à estabilidade e ao crescimento futuro do mercado internacional de tecnologia limpa.