Sejamos honestos: nem todo mundo gostava da aula de história na escola. Aprender sobre feudos, políticas da época colonial, como a prática do escambo era algo inimaginável anos atrás… eram as aulas perfeitas pra tirar aquela sonequinha. Porém tudo mudou há 15 anos atrás, quando a saga Assassin’s Creed provou, assim como Indiana Jones em sua época que, sim, aprender história pode ser muito divertido!
Do Egito Antigo até os dias atuais, a Ordem dos Assassinos esteve presente em todo acontecimento histórico possível – pelo menos dentro dos jogos. Hoje o Voxel vai mostrar pra você quais eventos históricos dos principais jogos da saga Assassin’s Creed realmente aconteceram!
No vídeo abaixo, e também no texto a seguir, veja os principais fatos históricos dos primeirso jogos da franquia que são verídicos (ou não):
Assassin’s Creed (2007)
Vamos começar nosso passeio pelo primeiro jogo da saga, de 2007: Assassins Creed. A época das Cruzadas foi bastante caótica, resumidamente. E se você por acaso estiver se perguntando “mas os assassinos realmente existiram?” A resposta é: sim! A ordem dos assassinos foi inspirada na seita dos Hashshashin, fundada no século 11 por Haçane Saba.
Existem várias teorias sobre o nome “assassino” derivarem dessa seita, outros dizem que por serem usuários de haxixe, o nome Hashshashin foi criado, outros dizem que foi pelo nome do criador. O que importa é: a ordem não só existiu como também chegaram a usar o castelo de Masyaf como base durante a Terceira Cruzada! Porém nem tudo são flores: segundo registros históricos, a ordem não ficou ativa além do século 13, sendo aniquilada pelo Império Mongol, sem chance de se expandir para outros países.
Os Templários também são reais? Sim, mas com objetivos bem diferentes dos jogos. A Ordem dos Cavaleiros Templários foi criada por Hugo de Payens após a Primeira Cruzada e tinha um objetivo: proteger os cristãos durante a volta da peregrinação para Jerusalem, uma das cidades do primeiro jogo, além de Acre e Damasco. Assim como a Ordem dos Assassinos, os Templários também foram caçados a mando do Rei Felipe, o Belo e do Papa Clemente V, não indo além do século 14. Além disso, Ricardo Coração de Leao, Robert de Sable e Guilherme de Monferrato são alguns antagonistas que realmente existiram tanto nos jogos, como na vida real – com diferenças criativas, é claro.
Assassin’s Creed 2 (2009)
Ahh, a Renascença! A chegada da idade moderna novos ares vindos da Itália sopravam uma nova era do modernismo, e junto disso: um papa corrupto, tentativas de assassinato e conspirações de deixar qualquer um de cabelo em pé. No meio disso tudo, Ezio Auditore da Firenze (que vamos deixar claro aqui: nunca existiu).
Firenze, que não faz parte do sobrenome de Ezio é, na verdade Florença, cidade que fica na região da Toscana, na Itália, palco do segundo jogo da franquia. Sabe a Vila Auditore? Veja só, é tudo mentira! Nunca existiu a família Auditore, diferente de Monterioggini que, essa sim, existe e tá de pé até hoje com seus quase 8000 habitantes.
E não é só a comuna italiana que existem na vida real: Lorenzo de Médici e a tentativa de assassinato por Francesco De’Pazzi realmente aconteceram! Antonio Maffei, um dos integrantes da conspiração contra Médici também existiu, porém não foi Ezio quem o matou, e sim a forca um mês depois. Caterina Sforza teve seu marido morto por membros da Familia Orsi na vida real e no jogo, mas ela não mandou matar o marido porque ele era chato e ruim de cama: ele foi morto por ter sido o último conspiracionista vivo dos Pazzi.
E não podemos esquecer nossos favoritos: Rodrigo Borgia e Leonardo da Vinci! O Papa Alexandre Sexto, lider dos templários não era ruim só nos jogos não: Rodrigo chegou ao papado através de muita chantagem, usando o cargo para favorecer sua família com muito nepotismo, corrupção e envenenamento de adversários (um cara bacana pra se ter como tio).
Já Leonardo Da Vinci, uma das maiores mentes da época realmente criou tanto a metralhadora quanto o tanque de guerra, já que tempo livre era algo que as pessoas tinham nesse período. A única decepção era sua máquina de voar: essa sim nunca saiu dos papéis. E só pra não passar batido, Maquiavel não era um assassino, era só um filósofo absolutista que as vezes tocava música.
Assassin’s Creed III (2012)
Pondo o pé nas Américas, Assassin’s Creed 3 encerra a história de Desmond Miles fora do Animus de um jeito bem meia-boca. Isso não quer dizer que a história do passado é ruim, até que é bem bacana!
Começando com a tribo Mohawk, povo indígena que deu origem a Connor, personagem principal do terceiro jogo. Além de membros da tribo serem contratados para ajudar na memória do seu povo, eles também ajudaram a elaborar alguns diálogos para o próprio jogo! Fatos históricos como A Guerra dos Sete Anos (que é mais enfatizado em Assassin’s Creed Rogue) , A Festa do Chá de Boston e claro, a Revolução Americana aconteceram tanto em jogo quanto na vida real, sendo a última um dos clímaces do game.
Além disso tudo, a história de Connor é uma das que temos mais participações de personagens históricos: alguns dos pais fundadores dos Estados Unidos, incluindo George Washington, Benjamin Franklin, Samuel Adams, Thomas Jefferson e grande elenco. No entanto, suas participações vem com algumas liberdades criativas da Ubisoft.
George Washington não era aliado da Ordem dos Assassinos (acabou lá trás, lembra?). O soldado Thomas Hickley não era um templário, assim como Pitcairn e Charles Lee. Thomas tem lá sua culpa no cartório, mas nunca participou de uma conspiração para matar George Washington (pelo menos não que a gente saiba). Essa galera aí só tinha seus motivos próprios pra aprontar.
Ah, e o que falar do Brasil representado nesse jogo, né? Que atire a primeira pedra quem nunca saiu da estação Sacomã direto pro octógono enquanto os paulistas falam igual o Paul Cabannes na rua, não é mesmo? Poxa, nem uma mesinha de plástico da Skol na rua é sacanagem.
Assassin’s Creed IV Black Flag (2013)
Antes de Sea of Thieves existir, a gente se divertia roubando navios em Assassin’s Creed Black Flag. Com a história se passando durante a era de ouro da pirataria, as localidades caribenhas dentro do jogo foram o principal reduto dos piratas da época, sendo Kingston, Havana e Nassau os principais pontos de ancoragem durante a jogatina.
Sabe as quatro pistolas que você pode ter dentro do jogo? Não estranhe: também era algo normal na época, já que as armas podiam falhar ou acabar perdendo as balas no meio de uma batalha, o que já muda no caso dos navios: ao contrário do jogo, se você tivesse muitos canhões, seu navio podia ficar desestabilizado.
E falando em navio: sabe as músicas cantadas pela tripulação quando você tá em alto mar? Muitas letras vieram de anotações da época, desde letra até melodia, trazendo aquele pinguinho de imersão a mais na jogatina. Mas e aí, os personagens eram daquele jeito mesmo? Vamos começar por Edward Teach, o Barba-Negra: o cara realmente colocava pavio na barba e acendia, pra que além de passar medo aos inimigos, seus olhos ficavam vermelhos pela fumaça, deixando-o mais pavoroso do que nas histórias. O cara não era violento, só sabia vender bem seu peixe.
Além disso, Benjamin Hornigold, que era parceiro do Barbão (e não era um templário) realmente virou a casaca e se tornou um caçador de piratas, mas, diferente do jogo, ele morreu num naufrágio, não pelas mãos de Edward Kenway. Anne Bonny e Mary Read, as piratas do jogo também são inspiradas em duas figuras históricas da pirataria, sendo conhecidas não só por serem mulheres num ambiente controlado por homens, mas sim por serem mais perigosas que muitos piratas da época.
Assassin’s Creed Unity (2014)
Vive La France! Desembarcamos mais uma vez na Europa, num período crucial para a história do país das baguetes: a revolução francesa! Embora eventos históricos como a Queda da Bastilha e a própria revolução tenham acontecido, Unity é um dos jogos com mais liberdade narrativa, alterando bem mais sobre o que aconteceu na vida real.
Aqui vão alguns exemplos: Arno é mandado para a bastilha por assassinato, porém a famosa prisão só recebia presos políticos e devedores. Sabe o povo nas ruas, sedento por sangue atacando qualquer um quando quiser? Mentira! Na real, o povo era bem pacífico nessa época, tendo seus momentos de fúria nas horas certas, não todo dia como no game.
E um detalhe besta, mas importante: toda porta no jogo tem uma maçaneta, porém as maçanetas só seriam inventadas cem anos depois da época do jogo! Não sei por que achei que maçanetas eram mais velhas que isso. Inclusive, o modo como Robespierre, o herói da revolução, foi retratado dentro do jogo foi bastante criticado por historiadores, além de colocarem Napoleão como um jovem rapaz simpático a apaixonado.
Assassin’s Creed Syndicate (2015)
Syndicate nos leva diretamente para Londres, durante a Revolução Industrial, nos fazendo perceber que assassinos e revoluções andam lado a lado na saga. A história dos gêmeos Frye tenta abraçar as três fases da revolução em um ano só, levando a algumas inconsistências históricas dentro do jogo.
Por exemplo, as missões para libertar as crianças do trabalho escravo: na década de 1860, o trabalho infantil já estava um pouco, digamos, “legalizado”. A libertação dentro do jogo faria mais sentido se fosse na época de 1840 ou 1850, afinal, com o aumento da produção capitalista e o baixo salário, algumas crianças sustentavam suas próprias famílias.
A mesma coisa acontece com as lutas de classes nas ruas, na década em que se passa o jogo essas lutas já tinham cessado, tendo seu auge dez ou vinte anos atrás. Embora muitos remédios drogas como o ópio tenham surgido nessa época, não existe comprovação de um certo xarope que tenha deixado a população londrina dependente, ainda mais para que uma “certa ordem templária” pudesse controlar a cidade.
Com isso, Charles Darwin, que está no jogo, não viraria um detetive junto dos protagonistas para investigar o tal remédio, tudo balela. Além disso, John Elliotson, o médico templário morto por Jacob nunca foi acusado de torturar pacientes, mesmo utilizando da frenologia como estudo, teoria que caiu por terra nos dias de hoje não só por ser antiquada como também por ser racista. Era comum acreditar nesse tipo de estudo na época, assim como o mesmerismo que não tem comprovação cientifica.
E pelo amor dos deuses antigos, Karl Max não mandava matar pessoas como no jogo! O que muitos historiadores entraram em consenso é que Karl em Syndicate é um pouco mais calmo que o real, que ajudou diversos trabalhadores a irem atrás dos seus direitos.
“Baseado em história real”
Lembrando aqui que a própria Ubisoft diz que os jogos são baseados em eventos históricos, não necessariamente na vida real. Então você que usa Assassin’s Creed como matéria complementar na escola, fique alerta, pois isso pode não dar certo.
Os jogos são um ótimo passo pra introduzir as pessoas no assunto, porém não leve tudo a sério tudo que acontece nos games! Afinal, nem tudo é fato na história de Assassin’s Creed.
E aí, curtiu o conteúdo? Acha que seria legal uma lista desvendando a história de outros games da franquia Assassin’s Creed? Deixe seu comentário lá no YouTube do Voxel!