Análise: ‘Máxima do futebol vem assombrando o Vasco’


A oito jogos do fim do Campeonato Brasileiro, o Vasco vai perdendo chances em campo e acumulando resultados que deixam a permanência na Série A cada vez mais incerta. Ontem, no empate em 1 a 1 com o Goiás, o time tinha tudo para garantir uma vitória importante em confronto direto, mas empilhou tomadas de decisão ruins no ataque, punidas com o gol de empate já nos acréscimos.

Máxima do futebol, o “quem não faz, leva” vem assombrando o cruz-maltino nesta reta final de Brasileirão. Nas derrotas contra Flamengo e Internacional, o time teve chances de marcar e levou os gols quando vivia bons momentos na partida.

Ontem, essa dificuldade ficou exacerbada: quando já vencia, foram vários os lances de contra-ataque, oportunidades claras de matar o jogo, desperdiçados justamente a partir da tomada de decisão. Nas duas mais flagrantes, Gabriel Pec e Praxedes deixaram de acionar Payet pelo lado esquerdo, com o corredor aberto.

Do outro lado do campo, Léo Jardim voltava a mostrar por que é, indiscutivelmente, um dos grandes nomes da temporada cruz-maltina. Fez dois milagres, um buscando desvio contra de Medel no cantinho e outro voando para evitar gol de Matheus Babi. Mas o próprio Babi, que só entrou no segundo tempo, marcaria o tento de empate do Esmeraldino, pelo alto, sem chances para o goleiro vascaíno.

O placar, já amargo pelas circunstâncias do jogo, fica ainda mais dramático quando examinada a tabela: Goiás e Vasco permanecem na zona de rebaixamento, com 32 e 31 pontos, em 17º e 18º, respectivamente. O estrago só não foi maior porque o Santos acabou empatando com o Corinthians (1 a 1) e segue em 16º, com 34.

O técnico Ramón Díaz, que falou em mudanças após a derrota contra o Inter, botou em prática o que prometeu. E o fez de forma radical: o Vasco entrou em campo na Serrinha transformado, com quatro zagueiros na defesa (Léo, Robson Bambu, Maicon e Medel), Jair na vaga de Paulinho (suspenso) no meio, além de um quarteto ofensivo formado por Vegetti, Alex Teixeira e os “alas” Serginho e Lucas Piton, que recuavam para formar uma segunda linha de quatro na fase defensiva.

— Vínhamos de um jogo há 48 horas e não tivemos tempo de recuperação. Decidimos que deveríamos começar tranquilos, controlar o tempo, passar 45 minutos. No segundo tempo, eu poderia usar todos os jogadores para podermos, estrategicamente, atacar — explicou Díaz após o jogo.

A escalação trouxe uma natural segurança defensiva, mas, num confronto direto em que o cruz-maltino precisava do resultado, as chegadas pelas pontas, limitadas a cruzamentos para Vegetti, não eram suficientes. Com as entradas de Praxedes e Pec no segundo tempo, o time criou mais oportunidades e chegou ao escanteio que originou o gol.

Vegetti, que não fazia grande partida, apareceu para desviar com a ponta do pé um cabeceio de Maicon — gol anulado por impedimento em campo, mas validado após checagem das linhas pelo VAR.

Mas a tarde terminou terrível para o argentino, que já tinha levado amarelo por se estranhar com Bruno Melo e recebeu o segundo por atingir o adversário com o braço no segundo tempo, pouco antes de o Vasco sofrer o empate. Vegetti saiu irritado e será desfalque diante do Cuiabá, na quinta.

— Nas últimas três partidas, tivemos três expulsões de jogadores importantes. Me surpreenderam. Foram jogadas normais, não foram jogadas para cartão amarelo. A primeira do Vegetti não era. Os árbitros estão meio pressionados, principalmente com o Vasco — criticou o técnico após a partida.

Por outro lado, Díaz terá os retornos de Paulinho e Erick Marcus, expulsos contra o Internacional, mas relacionados para a viagem no fim de semana a Goiânia, que será emendada para o Mato Grosso. Marlon Gomes e Rossi, em tratamento de lesão, não apareceram na lista e devem seguir fora.

Sem Vegetti, a comissão técnica terá que encarar o aparente esgotamento de sua proposta inicial e as dificuldades de concretização de chances que vêm assombrando a equipe. Sebastián Ferreira, que ainda não marcou pelo clube, aparece como substituto natural, por ser centroavante de ofício.


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