Trabalhar nos Estados Unidos: Quais as diferenças de cultura nas empresas americanas em relação ao Brasil?


Os Estados Unidos são o terceiro destino mais procurado por brasileiros que desejam estudar e trabalhar em outros países, segundo um estudo da Belta (Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio) divulgado em abril deste ano. Mas quais diferenças culturais no ambiente de trabalho esses brasileiros encontram lá?

Embora algumas práticas dos EUA já influenciem empresas no Brasil, ainda existem grandes diferenças culturais na forma como o trabalho é organizado e valorizado em cada país.

Há várias diferenças na cultura de trabalho entre Estados Unidos e Brasil.  Foto: Daniel0/Adobe Stock

Pontualidade e respeito a horários

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Nos EUA, a pontualidade é altamente valorizada, e os horários são rigidamente respeitados.

“As reuniões começam e terminam no horário estabelecido. Não há atrasos nem aquela ideia de estender a reunião por mais meia hora ou uma hora. Isso simplesmente não acontece,” conta a consultora executiva de carreira Andrea Trench, especialista em carreira e marca pessoal.

Objetividade e pragmatismo

Trench também destaca a objetividade dos profissionais norte-americanos. “Colegas de trabalho são apenas colegas de trabalho; interagem para obter resultados. Fora isso, não há envolvimento”, afirma.

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Nos EUA, o foco no pragmatismo e na entrega dos resultados pode parecer frio para brasileiros, que tendem a cultivar relações mais pessoais no ambiente corporativo.

Isabela Cavalheiro, mentora de carreira e especialista em recursos humanos e orientação pela USP, observa que essa objetividade se reflete também nos processos seletivos.

“O modelo comportamental dos EUA é mais focado nas habilidades do candidato e evita perguntas pessoais ou relacionadas ao salário, algo ainda comum no Brasil.”

Equilíbrio entre vida pessoal e profissional

O equilíbrio entre vida pessoal e profissional também é uma marca da cultura de trabalho norte-americana. De acordo com Trench, nos EUA “o expediente termina às 17h. E, às 17h, todo mundo vai embora. Eles preferem começar mais cedo e não almoçar para sair às 16h ou 17h em ponto.”

Enquanto no Brasil, a cultura do “banco de horas” e as horas extras são comuns, nos Estados Unidos, a prioridade é manter uma clara separação entre o trabalho e a vida pessoal.

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Competitividade e carreira

Outra diferença fundamental entre as duas culturas é o foco no desempenho individual.

“Nos Estados Unidos, se você entrega as suas metas de performance, provavelmente terá um crescimento mais acelerado. O reconhecimento profissional é mais rápido, desde que você tenha desempenho,” afirma Trench.

Lá, a meritocracia é um item importante no crescimento profissional, enquanto no Brasil o crescimento muitas vezes depende de uma combinação de desempenho, tempo de casa e networking.

Cavalheiro complementa essa visão ao destacar que, nos EUA, mudar de emprego com frequência é visto de forma positiva, como busca por crescimento.

“No Brasil, ainda existe uma visão negativa em relação a essa prática, sendo associada à falta de comprometimento ou insegurança. Mas as novas gerações brasileiras estão começando a adotar essa mentalidade de mais rotatividade.”

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Trench ressalta que o ambiente de trabalho norte-americano tende a ser mais individualista e competitivo. “Cada um foca no seu, para entregar seu resultado. Isso pode comprometer o resultado da empresa, já que muita coisa depende de trabalho em equipe”, observa.

No Brasil, onde o trabalho em equipe e a colaboração são mais valorizados, essa abordagem pode ser vista como algo que compromete a coesão do time.

Valorização do empreendedorismo

O empreendedorismo é uma via de mobilidade social amplamente valorizada nos EUA. Cavalheiro explica que o mercado americano oferece mais oportunidades para quem busca a independência profissional.

“Nos Estados Unidos, o empreendedorismo é visto como uma forma de mobilidade social, enquanto no Brasil o modelo CLT ainda é visto como mais seguro.”

Ela observa que, apesar de o Brasil ter feito avanços com a introdução do MEI, o alto custo dos impostos ainda freia a expansão dessa mentalidade empreendedora.

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Feedback direto e assertivo

Por fim, uma das principais diferenças notadas por Trench é a forma como o feedback é dado nos Estados Unidos: mais direcionado e assertivo.

Não há preocupação em magoar. Eles são diretos, focados nos resultados de negócio.

Andrea Trench

Essa assertividade, embora eficaz, pode causar desconforto em profissionais brasileiros, que estão acostumados a um estilo de comunicação mais brando.


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