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Moradores das nove aldeias de Porto Alegre foram convidados para aproveitar um sábado repleto de atividades esportivas e manifestações artísticas. As atrações são parte dos Jogos Culturais e Esportivos Indígenas, que conta ainda com baile e churrascadas, sediados na Aldeia Kaingang Ore Kupry, na Estrada São Caetano, entre os bairros Lomba do Pinheiro e Lami, na zona Sul. A região concentra a maior comunidade indígena da Capital, com aproximadamente 800 pessoas.
Realizado em parceria com as secretarias municipais de Saúde e de Desenvolvimento Social, o evento ocorre anualmente desde 2006, sendo interrompido somente em 2020 e 2021, por conta da pandemia. Os participantes da festa são majoritariamente das etnias kaingang, a mais numerosa do Rio Grande do Sul, e mbya Guarani, a segundo em maior número. A celebração, no entanto, também tem as portas abertas para as tribos charruas e warao, que é de origem venezuelana.
De acordo com Taise Jacinto, moradora da aldeia e uma das organizadoras dos jogos, cerca de 300 convidados vão participar de disputas nas modalidades arco e flecha, corrida de tora, jogo de lança, cabo de guerra e jogos de futebol masculino e feminino. Além dos esportes, ainda segundo ela, a ocasião também vai contar com um concurso em que indias desfilam com vestes e pinturas tradicionais, além de uma feira de arte onde serão comercializados produtos artesanais da comunidade.
“Porto Alegre precisa ver como são as comunidades indígenas. Muitas pessoas acham que os índios só ficam no interior ou no meio do mato, mas aqui tem tudo. Temos que combater a ignorância”, afirmou Taise. “Queremos que receber os colégios, para que os alunos possam observar e aprender mais sobre a nossa cultura”,
O ex-coordenador da Unidade dos Povos Indígenas, Imigrantes, Refugiados e Direitos Difusos (UPIIRDD), Mario Fuentes Barba, atualmente alocado na Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional, destaca a importância dos jogos para a visibilidade e integração dos povos originários. “É fundamental que a cidade valorize toda essa riqueza étnica e cultural. Além disso, esse encontro anual também gera integração entre as comunidades indígenas e trocas culturais”, destacou.
Para o vice-cacique Moisés da Silva, a celebração da ancestralidade também se soma à conscientização das novas gerações. Dentro desse contexto, na visão dele, as tecnologias auxiliam a trazer mais visibilidade aos indígenas, assim como também ajudam na promoção da comunidade.
“Esse é um evento esportivo e cultural que festeja nossa ancestralidade”, disse o vice-cacique. “Nos agarramos na perspectiva de dar o melhor encaminhamento de crianças e jovens. A cultura indígena está bastante avançada e a tecnologia traz mais visibilidade para as nossas liderança. Hoje tudo é divulgado na internet, e isso é muito importante”, concluiu.
As festividades, que ocorrem desde o início da manhã, vão se estender ao longo do dia. Na parte da noite, está marcado um baile de encerramento.