
Durante a Summer Game Fest 2025, tivemos a oportunidade de colocar as mãos em Pragmata, o misterioso jogo de ficção científica da Capcom que, por muito tempo, parecia ter sido engavetado. O título, anunciado originalmente em 2020 como um dos primeiros grandes projetos da era PlayStation 5, enfrentou diversos atrasos e chegou a ser considerado um vaporware pela comunidade. Mas agora, com lançamento previsto para 2026, Pragmata está não apenas vivo, ele está mais promissor do que nunca, e já adianto: entrou fácil no meu top 2 de tudo que joguei no evento. A demo foi curta, é verdade, mas deixou uma impressão fortíssima. A Capcom está experimentando com este game, e parece estar acertando em cheio.
Um sci-fi de respeito com combate diferente de tudo
Pragmata é um jogo de ação e aventura em terceira pessoa, com uma pegada sci-fi forte. A ambientação é um futuro distópico na Lua, com atmosfera densa, ruínas tecnológicas e um clima meio solitário, onde a humanidade parece ter ido longe demais. O protagonista, Hugh, é um astronauta parrudo que usa uma armadura futurista e é acompanhado por Diana, uma androide que lembra uma criança, mas que é tudo, menos frágil.
A Capcom descreve o jogo como uma aventura single-player com foco narrativo, e dá pra ver isso no cuidado com o design dos cenários, na direção de arte e na construção da relação entre os dois personagens. A demo começa com Hugh quase morrendo e sendo salvo por Diana, uma sequência que já levanta questões sobre quem ela é, de onde veio e por que está ali.
Um toque de Mega Man no espaço?
Uma das coisas que mais me marcou durante a demo de Pragmata foi a própria Diana. Desde os primeiros minutos, ela se destaca não só como personagem, mas como peça central da gameplay. Só que, além disso, tem algo nela que acende um radar de nostalgia, e não demorou muito pra eu perceber por quê: ela me lembra o Mega Man.
Honestamente, pode ser apenas uma impressão pessoal minha, pois não é uma referência direta (pelo menos não assumida), mas tem muitos elementos que fazem essa ligação surgir naturalmente. A aparência dela — uma criança androide com traje azul, olhos grandes, expressão serena e um jeito meio inocente — já traz aquele feeling clássico. Mas o momento que mais me pegou foi quando ela levanta a mãozinha pra usar o poder de hacking. A energia que sai da palma da mão, o gesto, o posicionamento… tudo me remeteu ao ícone da Capcom.
Essa semelhança visual e conceitual me pegou de surpresa, e trouxe uma conexão emocional imediata. Não que isso indique que Pragmata tenha qualquer ligação direta com o universo de Mega Man, mas parece uma homenagem, ou pelo menos uma coincidência feliz que funciona. Foi como se meu cérebro tivesse puxado memórias antigas enquanto eu testava algo completamente novo.
Combate com puzzle em tempo real: surpreendentemente fluido
A gameplay mistura combate em tempo real com resolução de puzzles de hacking que acontecem simultaneamente. Enquanto Hugh se movimenta, atira e desvia dos inimigos, o jogador precisa usar a Diana para hackear robôs, e tudo isso ao mesmo tempo. A mecânica funciona assim: um painel se abre e você precisa guiar um cursor por uma grade, apertando os botões certos no momento certo. Não tem pausa, não tem slow motion — os inimigos continuam vindo, e você precisa pensar rápido.
É como se uma parte do cérebro estivesse resolvendo um quebra-cabeça enquanto a outra está 100% focada em sobreviver no combate. E, curiosamente, isso não confunde. Pelo contrário, é uma das mecânicas mais envolventes que testei recentemente. Cada encontro vira uma espécie de dança estratégica, onde você decide quem derrubar primeiro, quem hackear e qual arma usar, tudo enquanto gerencia movimento, defesa e puzzle ao mesmo tempo.
A demo também mostrou uma boa variedade de armas. Testei pistolas, escopetas e armas de área que paralisam inimigos, o que dá tempo extra pra pensar no hack. O ritmo do jogo é mais estratégico do que frenético. Não é um shooter em alta velocidade, é um jogo que exige raciocínio e controle, onde cada escolha faz diferença. E isso casa perfeitamente com a proposta do sistema de hacking.
Diana é o coração da gameplay
Diana não é só carismática, ela é central para o funcionamento do jogo. Além de hackear inimigos, ela também interage com o ambiente, hackeando portas, terminais e desbloqueando caminhos. Alguns desses puzzles são mais simples, quase como minigames de ritmo visual, mas funcionam bem como respiro entre combates. A dinâmica entre Hugh e Diana cresce ao longo da demo, com momentos engraçados e uma construção que promete aprofundar bastante no jogo final.
Tá, mas o que achei dos gráficos?
Visualmente, Pragmata é um show. O jogo usa ray tracing com muita competência, criando reflexos realistas nos ambientes metálicos da estação lunar, efeitos de luz que interagem com a névoa e com as superfícies, e sombras que reforçam o clima de mistério e isolamento. Mesmo assim, o estilo visual não é excessivamente carregado ou “cinzento” como em muitos sci-fis. É tudo muito limpo, claro, e legível. E isso é essencial num jogo em que você precisa tomar decisões rápidas o tempo todo.
Um detalhe que me chamou a atenção foi como os pontos fracos dos inimigos são destacados com efeitos visuais que fazem sentido dentro do mundo do jogo. Quando você desarma a armadura de um robô com a ajuda da Diana, ele brilha por dentro de forma convincente, sinalizando a hora exata de atacar. Isso remete um pouco à clareza visual de jogos como Horizon Zero Dawn, mas com uma identidade mais “Capcom”, mais direta, quase arcade.
Os efeitos das armas também seguem essa lógica: cada tipo de disparo tem feedback visual claro, com partículas, luzes e animações bem distintas. O mesmo vale para os hacks. Cada minigame é apresentado com uma interface estilizada, mas intuitiva — cheia de elementos visuais que facilitam o entendimento do que fazer, sem precisar a todo tempo de tutoriais ou textos explicativos.
Pragmata tem tudo pra ser uma das grandes surpresas de 2026
A demo que jogamos era curta, cerca de 15 minutos, e terminava antes do jogador enfrentar um chefe, o que significa que ainda sobraram muitas dúvidas e mistérios em volta de Pragmata, e isso serviu para aumentar o interesse. A narrativa promete se aprofundar, a ambientação tem uma identidade própria, e o sistema de combate é, no mínimo, original e viciante. Fiquei curioso pra saber que novos tipos de hack a Diana vai desbloquear, que armas ainda virão e como o enredo vai evoluir.
Depois de tanto tempo sumido, o jogo voltou do limbo não apenas vivo, mas surpreendentemente bem-polido. E, honestamente, se a demo for um indicativo da qualidade do jogo completo, a Capcom tem em mãos uma nova IP com potencial.