A Copinha Feminina é uma realidade. Depois de 53 anos de existência do torneio masculino, finalmente a Federação Paulista de Futebol (FPF) e o Estado de São Paulo colocaram em prática o projeto que estava engavetado há alguns anos. Na última quarta-feira (8), em um evento na capital paulista, foram sorteados os grupos do campeonato, que terá 16 clubes participantes na edição de estreia. Um momento histórico para o futebol feminino.
Por mais de 40 anos, as mulheres foram proibidas de jogar futebol no Brasil. O veto começou em 1941, na ditadura de Getúlio Vargas, que assinou um decreto-lei tirando o direito das brasileiras de praticarem esportes “incompatíveis com as condições de sua natureza”.
À época, os jogos femininos foram cancelados por ordem do Conselho Nacional de Desportos (CND) e há relatos de partidas encerradas à força pela polícia. As mulheres só voltaram a entrar em campo livremente no fim da ditadura militar.
Agora, quatro décadas depois de as mulheres poderem retomar seus lugares nos gramados, o evento de lançamento de uma competição de base para o futebol feminino reuniu importantes figuras políticas em prol da modalidade. Do presidente da FPF, Reinaldo Carneiro, ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, o discurso para o público usou muito os termos “proibição” e “reparação histórica”. Um reconhecimento de que o passado não pode mais se repetir.
– É muito gratificante. Eu me lembro de toda história, o início do projeto do Corinthians, oito anos atrás. Se naquele início nós tivéssemos uma Copinha Feminina, seria tudo muito diferente, mas, enfim, nada por acaso. A evolução está acontecendo de forma gradativa e com a estrutura que elas merecem. Valeu a pena esperar – afirmou Cris Gambaré, diretora de futebol feminino do Corinthians, em entrevista à Trivela.
A adm pede perdão pela demora pois a foto está PESADÍSSIMA com tanta CRAQUE no sorteio da Copinha Feminina!
📸 Rebeca Reis/Ag. Paulistão pic.twitter.com/DMoTv9Dd8Q— Copinha (@Copinha) November 9, 2023
As declarações de homens também se alinharam a um conjunto de homenagens que as ex-atletas da modalidade receberam no palco do evento. As ex-jogadoras Pretinha, Roseli, Magali e Rosana, que também é a atual técnica da Seleção feminina sub-20, foram ovacionadas e receberam o carinho de uma plateia repleta de mulheres.
– Muita gente duvidou do potencial do futebol feminino durante muitos anos, mesmo sabendo que era possível. Acho que nós quebramos essas barreiras e conseguimos conquistar muita coisa. O Estado de São Paulo nós já conquistamos, agora nós precisamos conquistar o Brasil inteiro – acrescentou Cris.
Quando começa a Copinha Feminina?
A primeira edição da Copinha Feminina começa em 4 de dezembro com a fase de grupos. A grande final está marcada para o dia 17 de dezembro.
Entenda o sistema de disputa da Copinha Feminina
As 16 equipes foram divididas em quatro grupos e se enfrentarão dentro das chaves em turno único. A melhor equipe de cada grupo se classifica às semifinais, disputadas em jogo único. A final também será em apenas uma partida. Em caso de empate, a definição dos finalistas será definida por meio de disputa de pênaltis.
Todos os embates vão acontecer na cidade de São Paulo. O Grupo A estará sediado no Canindé, enquanto os jogos do Grupo B serão no estádio Nicolau Alayon. O Grupo C mandará as partidas na Rua Javari e, por fim, as partidas do Grupo D serão todas na Ibrachina Arena. Os confrontos e datas serão anunciados em breve pela Federação Paulista de Futebol (FPF).
Confira os grupos da Copinha Feminina 2023:
- Grupo A: Botafogo-PB, Grêmio-RS, Flamengo-RJ e Santos;
- Grupo B: Vitória-BA, Minas Brasília-DF, Internacional-RS e Ferroviária;
- Grupo C: América-MG, Real Brasília-DF, Fluminense-RJ e São Paulo;
- Grupo D: Fortaleza-CE, Atlético-MG, Botafogo-RJ e Corinthians.