
Forró Lampejo, em imagem de arquivo — Foto: Márcio Macena/Divulgação
Forró Lampejo, em imagem de arquivo — Foto: Márcio Macena/Divulgação
Como em outras partes do Brasil, o forró encanta os moradores do Distrito Federal. Em Ceilândia, o Sabadão reúne apreciadores do gênero musical aos XXX desde 2014. A Instância Forrozeira, desde 2012, percorre as cidades do DF, espalhando o ritmo. Já o Circuito do Forró homenageia o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, em eventos da capital há quatro anos.
O presidente da Associação dos Forrozeiros do Distrito Federal (Asforró-DF), Marques Célio de Almeida, afirma que a comunidade nordestina que mora na capital é fiel ao gênero musical e ressalta a importância do forró no DF.
Almeida comemora o reconhecimento do ritmo como manifestação cultural nacional e espera que a medida ajude nos esforços de melhorar o cenário da música na capital.
“Foram 11 anos de luta. [A decisão] chega para somar ao movimento de luta contra a desvalorização e descriminação artística dos profissionais do forró”, afirma o presidente da associação do DF.
Cena na capital
O Forró Cobogó surgiu no Distrito Federal, em 2022, e se apresenta na quadra 206, na Asa Norte, às quartas-feiras. O grupo toca forró pé-de-serra, com um repertório variado e com arranjos próprios a cada show.
O objetivo do grupo é mesclar a tradição nordestina à músicas autorais de artistas da cidade. Para o zabumbeiro e produtor do Forró Cobogó, Jorge Oliveira, a banda tem um grupo fiel na capital ao mesmo tempo que conquista um novo público a cada apresentação.
“No nosso forró, por exemplo, há uma rotatividade de público bastante grande, que gira em torno de 450 a 500 pessoas. Mas também há aquele público cativo, que sempre está lá para nos prestigiar”, diz Jorge.
Para o DJ e produtor do grupo Esse Forró é Nosso, Chico Gorman, os artistas brasilienses de forró só tem espaço durante a época das festas de São João. Mesmo nesses períodos, ele afirma que artistas de outros ritmos considerados mais comerciais são preteridos pelo público.
“Os artistas do forró tradicional têm dificuldade de gravar novos discos e de circular com seus shows. Hoje, o forró sobrevive às custas do esforço coletivo de artistas, produtores e professores”, explica Gorman.
De acordo com a Asforró-DF, fundada em 2006, este ano, foram mais de 200 contratos com os trios de forró que fazem parte da associação — atualmente, são 50 trios filiados. O quadro da Asforró é composto por 170 músicos habilitados e com um quantitativo de 146 associados.
Diante da dificuldade encontrada pelos músicos da capital, o produtor acredita que o reconhecimento do gênero musical como manifestação cultural e vai ajudar os músicos a acessarem políticas públicas de fomento e valorização.
O produtor cultural Marcelo Barki, afirma que é importante ter otimismo com esse tipo de reconhecimento oficial, que além de simbolizar mais uma conquista desse novo momento politico, também pode se tornar holofote para o forró, um dos maiores alicerces culturais de nosso país, principalmente do nordeste.
“Para que existam mudanças positivas e mais verbas para o universo do forró, acredito serem necessárias iniciativas que convertam esses bons ventos em bons frutos. Ou seja, que tenhamos editais e fundos públicos e privados com linhas específicas de incentivo para o ritmo em questão”, disse ele.
Valorização cultural e origem do forró
A professora da Universidade de Brasília (UnB) Eloísa Barreto explica que o forró ajuda a valorizar a expressão e riqueza de um grupo social e também a manifestação identitária, instituindo a vontade de pertencimento de um povo.
“Ao reconhecer a importância do forró para a cultura brasileira, possibilita que o gênero se torne parte de uma linguagem conecta os brasileiros. O forró, expressão da voz nordestina, se consagra como uma expressão viva da cultura, dos valores e das identidades nordestinas e brasileiras”, explica Barreto.
De acordo com o professor Estevam Machado, a palavra forró é uma derivação de forrobodó que, por sua vez, deriva de “forbodó”. A palavra seria uma versão aportuguesada de uma palavra francesa: faux-bourdon, um tipo de música tocado na idade média.
O ritmo que deu origem ao forró chegou ao Brasil no século XIX, trazido pelos portugueses e se firmou no interior do Brasil, principalmente no interior do Nordeste.
“Só na década de 50 que o nome forró passa a ser utilizado para o ritmo musical e a gente deve muito isso à figura do Luiz Gonzaga, com a música ‘Forró de Mané Vito’, que realmente criou esse gênero que é tão importante para a cultura nordestina”, justificou Machado.
Veja onde curtir o forró na capital:
As apresentações acontecem na Casa do Cantador, em Ceilândia, aos sábados às 20 horas, de graça.
- Itinerância Forrozeira
Desde 2012, o grupo percorre as cidades do DF nas feiras, escolas e nas comunidades.
- Forrozada natalina:
Está previsto do dia 12 à 22 de dezembro passando pelas principais avenidas das cidades do DF.
- Circuto de Forró
Desde 2018, as apresentações percorrem o DF, em tributo a Luiz Gonzaga.
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