É sabido que não existem longas caminhadas sem um primeiro passo, assim como não há uma carreira de sucesso sem uma primeira oportunidade profissional. Todas as pessoas que têm uma carreira consolidada hoje, não importa a posição que ocupem, tiveram que receber um primeiro sim lá no início.
Acontece que as vagas verdadeiramente “de entrada” na área de tecnologia das empresas estão cada vez mais raras – e todos saem perdendo com isso.
De um lado, vemos empresas com dificuldade em contratar profissionais de tecnologia e em cumprir suas metas de diversidade, equidade e inclusão. Do outro, jovens talentos capacitados, ávidos por uma primeira oportunidade, mas sem conseguir atender aos critérios que a maioria das empresas mantém para selecionar esses profissionais.
A exigência crescente de experiência prévia e/ou formação universitária para as vagas iniciantes impacta principalmente grupos já sub-representados nesse mercado de trabalho, como pessoas pretas e pardas, mulheres e pessoas com deficiência. Ou seja, uma nova maneira de recrutar para cargos juniores é urgente e necessária.
Essa foi a conclusão da pesquisa “Revolucionando a Contratação em Tecnologia”, realizada pela Generation, rede global sem fins lucrativos, que, desde 2015, treina e posiciona adultos de grupos sub-representados em carreiras que, de outra forma, seriam inacessíveis. Ao longo desses anos, já são mais de 96 mil graduados e, só aqui na América Latina, mais de 6.700 pessoas se formaram nos nossos programas. E é esse repertório de metodologia, pesquisa e experiência que nos impulsiona a buscar melhorias sistêmicas nas práticas de educação para o emprego.
A pesquisa sobre os cargos de entrada no setor de tecnologia foi realizada em oito países (Brasil, Canadá, França, Alemanha, Índia, México, Reino Unido e Estados Unidos) e ouviu mais de 5.300 pessoas entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, incluindo empregadores, candidatos a empregos e profissionais que já conseguiram uma vaga em funções de tecnologia.
Os dados mostraram que, nos últimos três anos, 61% dos empregadores adicionaram requisitos de formação ou experiência de trabalho para funções iniciantes nas áreas de tecnologia. No Brasil, essa porcentagem foi ainda maior: 65%. A justificativa para adicionar esses critérios foi a busca por mais eficiência nos processos seletivos.
No entanto, quem conseguiu acessar grupos de talentos mais diversos e, de fato, ganhar eficiência, foram justamente as empresas que desafiaram essa tendência.
O estudo mostrou que 72% das organizações que eliminaram esses requisitos e focaram em habilidades comportamentais e certificações em TI observaram um aumento no número de candidatos. Isso permitiu não apenas agilizar as contratações, mas também impulsionar a diversidade de talentos.
Além disso, 89% dessas empresas que nadaram contra a corrente disseram que as pessoas contratadas sem os requisitos de um diploma ou experiência anterior tiveram desempenho igual ou superior ao das que foram contratadas por meio das exigências tradicionais.
Importante destacar que o estudo sugere uma mudança na forma de identificar as competências das pessoas que se candidatam a essas vagas de entrada no mercado de tecnologia. Não se trata de “baixar a barra” no recrutamento, mas, sim, de mudar a barra que está sendo utilizada na contratação de talentos juniores. Não são critérios “mais baixos”, mas, sim, diferentes e que já se provaram eficientes.
Estamos entusiasmados com o que vem pela frente: a formação de uma coalizão de empregadores globais que estão comprometidos com a inovação nos processos de recrutamento em tecnologia. Direcionados por dados e pela certeza de que todos saem ganhando com mais equidade no mercado de trabalho, já começamos a liderar esse movimento mundo afora, reunindo e apoiando empresas dos mais diversos tamanhos a revolucionarem a sua maneira de recrutar. A mudança é urgente e necessária e, se você e sua empresa quiserem fazer parte desse processo de transformação, venha com a gente!
*Gabriela Paranhos é COO Generation América Latina