Agora referência cultural brasileira, hip hop dribla estereótipo há 40 anos


Outro dia escrevi por aqui que o Racionais MC’s foi a primeira política pública que me alcançou de verdade, ainda durante a adolescência. Troque o nome deles pelo do Movimento Hip Hop e o efeito é o mesmo. Um é sinônimo do outro no Brasil.

Tudo que eu nem sabia que não sabia aprendi numa roda de rimas: as revoltas populares que não apareciam nos livros, as personalidades que foram deixadas para trás. Ou durante uma tarde de grafitagem em algum muro de escola pública. Ou em alguma aula gratuita sobre história oferecida num sábado de manhã pela única pessoa do bairro que, naquela altura, conseguiu entrar numa universidade. Hoje, ainda bem, os tempos já são outros. Falta muito, mas já faltou bem mais.

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O Brasil – institucional, dos gabinetes —, que conhece bem pouco os Brasis – da vida prática, das ruas -, acerta mais quando os escuta para as suas decisões. É o caso do decreto, nascido e construído com a sociedade civil organizada. Ou seja, o povo. Ocupar o Diário Oficial, e uma agenda de dia inteiro do Estado, de um governo, não pode ser resumido e interpretado como simples evento. E sim, ser lido como é: um acontecimento histórico.

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De agora em diante, um dos movimentos sociais e culturais que, esse sim, nunca soltou a mão de ninguém nos últimos 40 anos, no mínimo, começa a ocupar o lugar que merece na atenção do Estado brasileiro. Agora é cobrar para que folhas e mais folhas se transformem em políticas públicas aqui, no mundo real. Se isso acontecer, vai ser bom para todo mundo. Sem exceções.


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