IA “culturalmente consciente”, femtechs decolando e mais: quatro previsões do VP da Amazon para 2024


Se 2023 foi o ano da proliferação da inteligência artificial generativa, o que esperar de 2024? Para Werner Vogels, vice-presidente e CTO da Amazon, algumas das principais inovações tecnológicas para o próximo ano se darão a partir dessas que marcaram o ano atual. Ele prevê que a IA generativa se tornará “culturalmente consciente”, conseguindo interpretar muito melhor contextos específicos em suas respostas; e poderá ajudar muito mais os desenvolvedores de códigos.

Mas nem somente em torno da IA gira a inovação. Vogels prevê que outro salto tecnológico virá das femtechs – startups voltadas à saúde da mulher. Por fim, a velocidade cada vez maior com que a inovação acontece deverá causar mudanças relevantes no sistema de educação voltado à tecnologia.

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Ficou curioso? Então veja abaixo os detalhes das 4 previsões de Werner Vogels para 2024 e além:

IA generativa se torna culturalmente consciente

As IAs generativas já são capazes de prover qualquer tipo de informação, mas falta serem mais fluentes em contexto cultural. Para Vogels, isso deve acontecer em 2024, com os modelos sendo melhor treinados em considerar a origem do usuário e aspectos culturais mais próximos dele antes de emitir uma resposta.

“Para que os sistemas baseados em LLM [grandes modelos de linguagem, usados para treinar as IAs] tenham alcance mundial, eles precisam alcançar o tipo de fluência cultural que se desenvolve instintivamente nos humanos”, diz o executivo. Hoje, diz ele, tais modelos são excessivamente concentrados no contexto do norte ocidental do mundo, fazendo com que algumas solicitações em contextos árabes, por exemplo, recebam respostas sugerindo a ingestão de bebida alcoólica – o que é proibido nos costumes muçulmanos.

Isso deve ser facilitado com a proliferação das IAs em países não-ocidentais e seu treinamento mais profícuo em línguas além da inglesa. Vogels cita casos como o Jais, modelo de IA treinado em árabe; o Yi-34B, bílingue em chinês/inglês; e o Japanese-large-lm, treinado em um extenso conjunto de dados em japonês.

“Esses são sinais de que modelos culturais precisos não ocidentais abrirão a IA generativa para centenas de milhões de pessoas, com impactos de longo alcance, da educação aos cuidados médicos”, aponta o VP da Amazon.

As femtechs finalmente decolam

“A saúde das mulheres atinge um ponto de inflexão à medida que o investimento em femtechs [startups voltadas à saúde feminina] aumenta, os cuidados se tornam híbridos e um imenso volume de dados permite melhores diagnósticos e resultados para as pacientes”, aposta Vogels.

Segundo ele, o maior acesso aos dados delas e seu uso em tecnologia em nuvem devem permitir esse avanço – assim como o crescimento das mulheres na liderança tecnológica. Na própria AWS, serviço de nuvem oferecido pela Amazon, o financiamento a femtechs cresceu 197% no último ano, diz. Tia, Elvie e Embr Labs são startups citadas pelo executivo como algumas que estão demonstrando o “imenso potencial do uso de dados e análises preditivas para oferecer cuidado individualizado e atendimento onde as pacientes se sentem confortáveis – em casa ou em trânsito”.

Com a ampliação dos serviços móveis em regiões tradicionalmente mal atendidas, como áreas rurais, serviços digitais estarão disponíveis em mais lugares e propiciarão o aumento da coleta de dados de diferentes perfis femininos, tornando mais eficiente o atendimento dessas mulheres. Vogels aponta lesões ósseas e musculares de atletas femininas, quadros de endometriose e depressão pós-parto como áreas da saúde que devem ser imediatamente impactadas por esses avanços.

Assistentes de IA redefinem a produtividade do desenvolvedor

Uma das áreas mais ajudadas pela IA generativa, desenvolvedores de códigos de programação deverão ter ainda mais auxílio desses assistentes superpoderosos em 2024. Os modelos vão “evoluir de simples geradores de códigos para professores e colaboradores incansáveis, que oferecem suporte ao longo de todo o ciclo de vida de desenvolvimento do software”, prevê Vogels.

Um provável desenvolvimento a partir disso, afirma ele, é que a separação entre gerentes de produtos, engenheiros de front e back-end, DBAs, designers UI/UX, engenheiros DevOps e arquitetos vai desaparecer, já que os assistentes de IA podem ter entendimento contextualizado sobre sistemas completos.

Tarefas entediantes do desenvolvimento e códigos não precisarão mais tomar tempo dos desenvolvedores, e as IAs estarão disponíveis 100% do tempo e com paciência ilimitada para ajudá-los com as dúvidas, sendo mais eficientes no auxílio do que professores ou assistentes humanos.

“Nos próximos anos, equipes de engenheiros se tornarão mais produtivas, desenvolverão sistemas de qualidade superior e encurtarão os ciclos para lançamento de novos softwares à medida que os assistentes de IA deixam de ser novidade para se tornarem necessidade em toda a indústria de software”, prevê Vogels.

Educação evolui para alcançar a velocidade da inovação tecnológica

Hoje, a inovação tecnológica acontece numa velocidade muito maior que a de anos atrás, fazendo com que os modelos tradicionais de educação superior –estudar quatro anos para ter um diploma e estar qualificado a bons cargos – não funcionem mais com eficiência para o mercado de tecnologia. O gap entre o que é ensinado nas faculdades e o que os empregadores precisam está aumentando nessa área, diz Vogels.

As próprias empresas de tecnologia percebem isso, e a mudança virá de seus investimentos na educação de seus potenciais colaboradores. A própria Amazon anunciou recentemente que já treinou 21 milhões de aprendizes de tecnologia em todo o mundo, afirma o VP. “Todos esses programas permitem que estudantes em qualquer fase de sua carreira possam obter exatamente as especializações que precisam para assumir tarefas com maior demanda, sem precisar se comprometer com programas tradicionais de muitos anos”.

Isso não significa que os diplomas tradicionais desaparecerão. O aprendizado acadêmico continuará sendo importante, sobretudo para pesquisas de novas tecnologias e suas múltiplas implicações. Mas, diz Vogels, haverá muitas indústrias nas quais o impacto da tecnologia ultrapassará os sistemas convencionais de educação. “Para atender às demandas das empresas, veremos uma nova era de oportunidades educacionais lideradas pela indústria e que não poderão ser ignoradas.”

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