» AMAZONAS ATUAL – Governo do AM adota tecnologia para resolver problemas crônicos da saúde


Nayara Maksoud, secretária de Saúde do Amazonas, em entrevista ao ATUAL (Foto: Felipe Campinas/AM ATUAL)
Por Felipe Campinas, do ATUAL

MANAUS – Por muito tempo marcado por problemas crônicos, o sistema de saúde pública do Amazonas está em processo de transformação com a implementação de novo modelo de administração dos principais hospitais, uso de inteligência artificial para marcação de consultas e exames e, em breve, a telessaúde, que é a prestação de serviços de saúde à distância.

Para a secretária de Saúde do Governo do Amazonas, Nayara Maksoud, o sistema está sendo adaptado à realidade do estado. “A partir do momento que você tem uma mudança no perfil epidemiológico da população, você tem que adaptar a sua estrutura hospitalar e de serviços para isso. A ampliação de investimentos do governo é clara”, disse Nayara, em entrevista ao ATUAL.

No fim de 2024, o Governo do Amazonas repassou a administração do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e do Instituto da Mulher Dona Lindu à Agir (Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde), uma organização social sediada no estado de Goiás. O contrato, de cinco anos, foi fixado em R$ 2 bilhões e inclui todos os serviços administrativos, técnicos, operacionais dos hospitais.

De acordo com Nayara, com o contrato o estado conseguiu economizar R$ 10 milhões por mês e oferecer um serviço melhor à população. “Nós conseguimos otimizar R$ 10 milhões por mês quando a gente trabalhou com uma organização social. As metas e entregas são também monitoradas diariamente”, afirmou a secretária, que cita mais eficiência no novo modelo.

“Existem, nas organizações sociais, alguns caminhos de tributos, de maior agilidade de compra, de aquisição de insumos, de modalidades de contratação de pessoal para trabalhar. É um conjunto de variáveis que mostrou vantajosidade econômica e eficiente do que hoje você trabalhar em um grande pronto-socorro, como é o 28 de Agosto, na administração direta”, completou Nayara.

A secretária afirmou que o Governo do Amazonas aumentou o valor destinado aos investimentos na área da saúde. Neste ano, a Secretaria de Saúde tem orçamento de R$ 4 bilhões, valor superior ao mínimo constitucionalmente exigido. É o segundo maior orçamento entre as secretarias. O objetivo, segundo Nayara, é ampliar leitos e modernizar as unidades de saúde.

O programa Saúde AM Digital, lançado em fevereiro deste ano, é uma das ferramentas tecnológicas que o Governo do Amazonas implementou para otimizar o serviço. A assistente virtual, do Google, viabiliza comunicação pelo WhatsApp com o usuário do sistema público de saúde, garantindo que ele seja informado sobre o local que deve comparecer para realizar o procedimeto.

“Nós temos uma oferta mensal de 630 mil procedimentos. Desse total, 60% não comparecia. Às vezes, não era culpa do usuário. Era porque nós não estávamos nos comunicando bem com ele. Agora nós temos ferramenta para isso”, afirmou Nayara, ao defender o uso de tecnologias alternativas que “dialoguem com a realidade local”.

“‘Se mudou de telefone, a inteligência artificial hoje acha ele. Essa é a potência da nossa ferramenta. É trabalhar em parceria com o Google, que consegue fazer esse pente fino. A nossa expectativa é que essa fila ande muito rápido. Nós ofertamos um bom número de procedimento, mas a gente precisa que ele esteja à disposição da população quando ele realmente precisa”, completou Nayara.

De acordo com a secretária, o próximo passo é a implementação do serviço de telessaúde, que são consultas e exames realizados à distância. O sistema tem potencial de driblar as dificuldades logísticas do estado. “É uma outra ferramenta de acesso. É quando você consegue fazer consultas e, inclusive, exames à distância”, afirmou Nayara.

Hospital 28 de Agosto e Instituto Dona Lindu integram Complexo Zona Sul (Foto: Secom/Divulgação)
Hospital 28 de Agosto e Instituto Dona Lindu integram o Complexo Zona Sul (Foto: Secom/Divulgação)

“Muitas vezes, pela nossa singularidade, pela nossa geografia, que tem o menor número de especialistas por habitante — isso tem as evidências, isso consta dentro do nosso trabalho de planejamento — nós temos uma área do interior que é de difícil acesso, e dificuldade de estar se deslocando”, completou a secretária.

Nayara afirmou que esse tipo de serviço já existe no sistema de saúde do Amazonas, mas será expandido. “Tanto o Amazonas como outros estados do país estão trabalhando a política de saúde digital. Nós não ficamos para trás. Nós fomos atrás, montamos um serviço, organizamos para que a gente possa potencializar a telessaúde, que já existia”, afirmou a secretária.

“Estamos querendo garantir que esse usuário tenha mais de 20 mil consultas por mês com três especialidades à disposição dele, que ele não precise estar se deslocando para Manaus para consultar porque isso também ajuda as prefeituras, facilita para as secretarias municipais de saúde”, completou Nayara.

A secretária disse que o governo tem investido na ampliação de serviços em suas unidades de saúde, como o Hospital Francisca Mendes, que reduziu o tempo de espera para cirurgias. “Nós já chegamos a ter uma espera de mais de 8 meses para realizar um cateterismo. Hoje estamos fazendo de forma muito mais ágil e vamos finalizar a implantação do 24 horas no Francisca Mendes”, afirmou.

Para a secretária, todos esses avanços tem refletido em dados da saúde no estado. Em 2024, segundo ela, houve a redução significativa da mortalidade materna. “A mortalidade materna é um dos principais indicadores da saúde pública. Nós focamos nesse indicador. Reduzimos em 49% a mortalidade materna, o melhor resultado nos últimos dez anos”, disse Nayara.

De acordo com dados da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), no ano passado o estado registrou 35 mortes de mulheres grávidas. No ano anterior, foram 64 mortes.


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