Neste sábado (27), o Palmeiras recebe o Bahia, às 19h (de Brasília), no Allianz Parque, para tentar seguir na luta pelo bicampeonato do Brasileirão.
Após semanas de derrotas seguidas e muita turbulência, o Verdão vive agora dias de paz, principalmente depois que a goleada por 5 a 0 sobre o rival São Paulo acalmou os ânimos no Palestra Itália.
Nos bastidores, porém, segue a “guerra” entre a presidente Leila Pereira, também dona da patrocinadora Crefisa, e a “Mancha Alvi Verde“, principal torcida organizada do clube.
Choques entre a uniformizada e patrocinadores, porém, não são novidade nas alamedas palestrinas.
No início do ano 2000, por exemplo, a “Mancha” entrou em conflito com a Parmalat, multinacional italiana que era investidora e co-gestora do futebol palmeirense, e lançou a campanha “Acorda, palmeirense”, que exigia a saída da empresa e do técnico Luiz Felipe Scolari.
À época, a organizada chegou até a cogitar o aluguel de um helicóptero para espalhar panfletos pela cidade de São Paulo, de forma que mais torcedores palestrinos fossem impactados.
Em entrevista à ESPN, o ex-presidente da uniformizada, Paulo Serdan, relembrou o episódio e afirmou que o protesto foi motivado principalmente pelo fato da Parmalat ter anunciado que iria interromper seus investimentos no futebol alviverde.
A maior prova disso é que o elenco campeão da CONMEBOL Libertadores e vice do Mundial de Clubes de 1999 foi quase todo desmanchado para 2000, com nomes como Júnior Baiano, Paulo Nunes, Oséas e Evair deixando o elenco.
“A campanha nasceu depois que tivemos uma reunião com a Parmalat, na época representada pelo Paulo Angioni. Eles se posicionaram dizendo que não iam trazer mais nenhum jogador de peso, porque a Parmalat estava de saída do Palmeiras”, lembrou.
“Quando a gente teve essa conversa, eles foram claros e diretos. Por isso, a gente optou por iniciar uma campanha para alertar todo mundo sobre isso. Com o tempo, vimos que só ‘bater’ na Parmalat não adiantaria… Tinha que bater no Felipão também, porque ele era o ‘Abel’ de hoje”, explicou.
Serdan também confirmou a vontade de ter alugado o helicóptero, mas salientou que não foi possível.
“A gente não conseguiu alugar. Existe até hoje uma proibição de arremessar panfletos de helicóptero, então isso teria que ter sido feito ilegalmente, e não conseguimos ninguém que topasse fazer isso na época”, relatou.
Reportagens de jornal da época ainda dizem que, em forma de protesto, a “Mancha” queimou uma bandeira do Parma, clube italiano também co-gerido pela Parmalat, na quadra da organizada. Serdan nega.
“Isso é mentira. A gente não queimou bandeira nenhuma, não. Tanto é que elas existem lá (na quadra da uniformizada) até hoje”, argumentou.
Questionado se enxerga similaridades na situação vivida em 2000 com a Parmalat e na “guerra aberta” com Leila e Crefisa agora, o ex-presidente da “Mancha” ressaltou que as situações são muito diferentes.
“São coisas distintas. A Parmalat era co-gestora, ela administrava o futebol do Palmeiras. Comprava e vendia jogadores. Ela investia, ela perdia e ela ganhava”, lembrou.
“A Crefisa é simplesmente patrocinadora do clube, só isso. Não tem comparação com o que era a Parmalat. Foi outro tipo de negócio”, seguiu.
“A Crefisa é patrocinadora, como foram Samsung, Fiat e tantas outras. É lógico que ela paga muito mais que as marcas anteriores, está ajudando muito mais dentro do clube financeiramente, etc. Mas são patrocinadores apenas, não dá para comparar com o que foi com a Parmalat“, encerrou.
A Parmalat ainda manteve um time “caro” no Palmeiras até metade do ano 2000, alcançando mais uma final de Libertadores. Depois do vice para o Boca Juniors, o plantel foi desmanchado de vez, com apenas alguns nomes famosos seguindo – o goleiro Marcos e o lateral-direito Arce, por exemplo.