Artilheiro do Brasil na Europa pode ser chamado para outra seleção em 2024


João Paulo da Silva Araújo, centroavante do Kairat Almaty, do Cazaquistão.
João Paulo da Silva Araújo, centroavante do Kairat Almaty, do Cazaquistão. Imagem: Arquivo pessoal

João, a esposa e os dois filhos já estão adaptados à vida (e à culinária) do Cazaquistão. O borscht, uma sopa tradicional à base de beterraba, é um dos pratos favoritos do atacante, que também gosta de frequentar restaurantes asiáticos, especialmente coreanos. Um gosto que adquiriu nas quatro temporadas em que atuou na Coreia do Sul.

<!–>

Se hoje a culinária coreana é uma opção, há mais de dez anos a história era bem diferente. Quando um jovem João Paulo cruzou o mundo para trocar o ABC pelo Gwangjiu, em 2011, a adaptação foi difícil. “Saí de Natal com 35 graus, cheguei na Coreia do Sul com -18”, conta.

Ainda assim, o desafio maior não foi o clima. “Os caras me acordavam pra tomar café da manhã e tinha peixe, lagosta e polvo em cima da mesa. Eu pedia um pão com ovo”, diverte-se João Paulo, que conseguiu passar quatro temporadas no país fugindo de outro prato tradicional: a carne de cachorro. “Fazia parte da cultura deles. Mas eu não tive coragem de comer não. Fiquei no ovo e no arroz, tranquilo”.

Gol mais importante causou bronca

Depois de três temporadas, dois clubes e muito pão com ovo na Coreia do Sul, João Paulo voltou ao futebol brasileiro após a Copa de 2014. Ele foi para o país tratar de uma lesão no joelho e acabou ficando, em um retorno ao ABC, clube do coração.

Ao contrário da primeira passagem, no início da carreira, ele teve boas oportunidades e marcou seu gol mais importante em território brasileiro: contra o Vasco, em São Januário, pelas oitavas de final da Copa do Brasil de 2014. O jogo terminou empatado; na volta, o ABC venceu por 2 a 1 e eliminou o clube cruzmaltino.

–>

João Paulo da Silva Araújo, centroavante do Kairat Almaty, do Cazaquistão.
João Paulo da Silva Araújo, centroavante do Kairat Almaty, do Cazaquistão. Imagem: Arquivo pessoal

<!–>

O que era pra ser um momento especial na carreira veio acompanhado de uma bronca. O pai de João Paulo, vascaíno, não gostou de ver o filho marcando (e comemorando) contra o clube do coração.

“Meu pai sempre torceu pro Vasco, meu avô também. E eu, além do ABC, também sou vascaíno. Mas naquele dia eu falei pro meu pai: Pô, eu tenho que fazer o gol, vou fazer o quê?”

Naquela mesma Copa do Brasil, o ABC ainda venceria o Cruzeiro (3 a 2, em Natal), mas acabaria eliminado pelo critério do gol fora de casa, pois havia perdido por 1 a 0 no Mineirão.

Um Brasil longe do Brasil

A passagem pelo ABC foi uma espécie de parênteses na carreira de João Paulo no exterior. Um período que ele diz se orgulhar e se lembra com carinho, mas que se tornou uma parte pequena da linha do tempo de uma carreira que se consolidou longe do Brasil; mas nunca longe de brasileiros.

Após a primeira passagem pela Coreia do Sul, o atacante começou uma nova carreira no exterior na Bulgária. Em seis meses no Botev Plovdiv, chamou a atenção do Ludogorets, clube que domina o futebol búlgaro – ganhou todos os títulos desde a temporada 2011-12. No clube, fez parte de um elenco repleto de compatriotas e chegou a ser treinado por Paulo Autuori, em 2018.

Na mudança para o Cazaquistão, o contato com os brasileiros também se manteve. Antes mesmo de desembarcar no país, João Paulo já recebia boas referências de atletas que atuam no futsal, esporte em que o Cazaquistão é uma das potências mundiais.

–>

João Paulo da Silva Araújo, centroavante do Kairat Almaty, do Cazaquistão.
João Paulo da Silva Araújo, centroavante do Kairat Almaty, do Cazaquistão. Imagem: Arquivo pessoal

<!–>

Antes de chegar ao Kairat Almaty, o atacante passou pelo Ordabasy, onde foi artilheiro da liga nacional. A ida para o atual clube também teve participação de um brasileiro. “Em um amistoso entre o Ordabasy e o Kairat, o Vagner Love veio falar comigo”.

Love, hoje no Sport, tinha uma proposta irrecusável: “Vem pra cá me ajudar”. Para João Paulo, era a chance de jogar com um atacante de nível internacional, com passagem pela seleção brasileira. Ele disse “sim” a Vagner Love, e na temporada seguinte a parceria estava montada. “Durou apenas seis meses, mas jogar com ele foi o ápice da minha carreira”.

–>


Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *