BGS 2023 | STALKER 2 traz apocalipse com muito a ser explorado


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Cair de para-quedas no mundo de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl é quase uma experiência metalinguística. Assim como o próprio personagem, estamos em um mundo que não entendemos muito bem, mas já começamos sendo atacados por um cachorro mutado. Uma anomalia serve como a salvação do calcanhar mordido pelo animal, mas também é uma demonstração de que esse mundo aberto esconde muitas ameaças que vão além da própria radiação.

É assim que a demonstração presente na BGS 2023 se inicia e, também, a nossa caminhada por um universo altamente hostil e confuso para os recém-chegados. Como todo bom game moderno, temos indicadores do caminho a seguir e também uma série de objetivos principais e secundários, mas seguir pelo mapa até lá é apenas parte do que é necessário fazer para sobreviver nesta zona de exclusão.

“Nosso objetivo é apresentar um game com desafio alto, que seja coerente com o estado do mundo”, explica Yevhenii Kulyk, produtor de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl em entrevista ao Canaltech. “Caso queira, o jogador pode reduzir a dificuldade para acompanhar a história, mas a ideia é que a experiência seja justa.”

Sem tutoriais ou elementos introdutórios, porém, sucumbir à destruição foi bem rápido. Ao longo da experiência, o jogador pode ouvir disparos ao longe e interagir com NPCs que também estão realizando suas próprias tarefas. Alguns são amistosos, mas outros podem não gostar muito da presença de estranhos, atacando com o que possuem enquanto o jogador precisa tomar a decisão rápida entre se defender ou fugir para economizar recursos.

Ao longo da experiência com a demo, surgem também outros elementos fundamentais de uma experiência de sobrevivência. Correr em linha reta sem prestar atenção no cenário fez com que caíssemos de um penhasco, encerrando a curta vida do protagonista sob o nosso controle. Prestar atenção nos arredores, enquanto isso, nos forneceu a grata surpresa de um estoque de munição, que possibilitou entregar o combate que os oponentes tanto queriam encontrar.

Seguindo em frente

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Durante a BGS 2023, estávamos em um ambiente amplo, ainda que controlado para os propósitos da demo. A sensação de liberdade acompanhou a de desolação, em um sentimento que a desenvolvedora GSC Game World deseja carregar para todos os quase 64 quilômetros quadrados de extensão dos cenários.

Mais do que amplo, o mapa também é povoado de uma forma que Kulyk cita ser única, com uma espécie de sistema de economia virtual que, aqui, é aplicado à população. Segundo ele, o número de indivíduos encontrados no game está sempre sendo controlado e, por conta disso, situações inusitadas podem se criar — justamente aquelas experimentadas durante a demonstração.

Fica a dúvida, então: se temos uma economia fluindo, é possível matar todo mundo e acelerar o apocalipse apresentado? “Não é a melhor forma de jogar, pois isso tornará tudo mais difícil, mas dá sim para aniquilar todos em uma zona”, explica o produtor. Ele cita um sistema de facções e, também, o avanço de mutações e anomalias em um cenário sem vida humana como elementos que tornará a vida do jogador mais difícil caso ele decida agir assim.

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“O controle de população da zona cria situações engraçadas e faz com que o jogador nunca saiba o que esperar”, complementa Kulyk. “Há muita coisa escondida no cenário e muitos segredos para serem encontrados. Ainda que a história principal seja nosso maior orgulho, há muito mais para ser feito [no game]”.

A verdade é que nada é fácil em S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl e, enquanto se nota que a ideia é ser assim mesmo, não dá para deixar de lado a sensação de que muito da dificuldade vem, também, de uma jogabilidade ainda um tanto pesada e travada. Além disso, durante a demo que jogamos na BGS, também vimos comportamentos aleatórios e ofensivos de NPCs que, há pouco, não reagiram à presença do jogador, o que tornou tudo imprevisível — mas não de um jeito legal.

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“Estamos em fase de testes e balanceamento do jogo”, apontou o produtor. Ele cita o apoio da Microsoft como essencial nesse processo, com guias técnicos e apoio ao estúdio, principalmente no que toca a conversão de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl para o Xbox Series X|S, onde o título será lançado como parte do serviço de assinaturas Xbox Game Pass.

Esse suporte, aliás, foi essencial diante das dificuldades encontradas durante o desenvolvimento. Depois da pandemia da covid-19, veio a invasão da Ucrânia pela Rússia. Como um estúdio baseado na capital Kiev, a GSC Game World viu muitos de seus trabalhadores deixando a cidade antes da invasão, enquanto outros se juntaram ao combate. Houve ainda um grupo que seguiu trabalhando diante do perigo.

“Controlar o emocional foi o mais difícil durante esse período”, aponta o produtor. Segundo ele, o estúdio tentou garantir condições o mais confortáveis possíveis enquanto bombardeios russos contra infraestruturas essenciais da Ucrânia geravam falta de energia e internet. “Tínhamos um bunker em nosso escritório, em caso de ataque, e geradores que garantiam o funcionamento do estúdio”, complementa.

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Quando S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl será lançado?

Diante de tudo isso, dá para entender o resultado ainda cru que vimos na BGS, mas também a visão que a produtora deseja entregar. Enquanto o mundo aguarda e torce por uma resolução dos conflitos na Ucrânia, os desenvolvedores seguem trabalhando visando o objetivo de entregar um game cheio de elementos e ambições.

Pode demorar um pouco, ainda que S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl tenha lançamento marcado para o ano que vem, sem janela específica. O título estará disponível para PC e Xbox Series X|S, com disponibilização no primeiro dia na plataforma Xbox Game Pass.


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