Bola de Ouro: Aitana Bonmati consagra potência espanhola no futebol feminino


Os sinais de que Aitana Bonmati seria eleita a melhor jogadora do mundo pelo prêmio Bola de Ouro, da Revista France Football, eram muitos. Campeã da Champions League e destaque da Copa do Mundo Feminina de 2023, a meio-campista do Barcelona foi coroada, nesta segunda-feira (30), ao receber a premiação em Paris. 

E mais do que um prêmio individual, essa Bola de Ouro representa também a consagração da geração campeã mundial da Espanha. São três anos seguidos com uma jogadora espanhola no topo da lista, isso porque o prêmio da meia vem logo após duas conquistas da compatriota Alexia Putellas.

Todo esse sucesso não é por acaso – e nem se restringe às quatro linhas – e a Trivela explica o porquê a seguir.

Aitana Bonmati: um sucesso da base e do feminismo

Aitana é uma prova de que o trabalho de base realizado na Espanha é o grande responsável pelo título mundial. Aos 13 anos, a meia recebeu um convite para treinar nas categorias de base do Barcelona e seguiu no clube até se profissionalizar. 

A camisa 14 estreou pela equipe profissional na temporada 2015/16, logo depois da Copa do Mundo do Canadá. Desde então, seu desenvolvimento dentro das quatro linhas foi meteórico, assim como o crescimento fora delas.

Diante dos problemas e limitações impostas pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Bonmati sempre esteve sempre no grupo das atletas que reclamam melhores condições. Ela esteve no grupo que enviou um e-mail à federação pedindo a demissão do técnico Jorge Vilda da seleção e cobrando um trabalho mais “profissional”.

O resumo da ópera já é bem conhecido de todos: a Espanha foi campeã da Copa, mas o beijo forçado de Rubiales em Jenni Hermoso derrubou o presidente da RFEF e o próprio treinador, que aplaudiu o pronunciamento surreal feito pelo cartola. 

Mesmo atuando sob o comando de Vilda na Copa deste ano, Aitana fez questão de demonstrar sua insatisfação. Inclusive, ela não se calou diante das represálias da federação após o caso Rubiales. Na premiação da UEFA, onde recebeu o título de melhor jogadora do ano, a meia deixou um recado claro para os dirigentes. 

– Como sociedade não devemos permitir o abuso de poder nas relações de trabalho, nem qualquer falta de respeito. Portanto, deixo a minha solidariedade à minha colega Jenni e a todas as mulheres que sofrem o mesmo. Estamos com vocês – disse Bonmati após ser premiada pela entidade europeia. 

A jogadora nascida na província de Barcelona não tem medo de usar sua voz, a qual tem usado para falar sobre os problemas, criticar gestões ruins da modalidade e pedir melhorias. Não bastasse ser craque dentro de campo, Bonmati apoia o feminismo fora dele. Algo fundamental para que outras mulheres possam praticar o esporte futebol. 

Números de Bonmati na temporada 2022/23

  • 45 jogos
  • 20 gols
  • 23 assistências
  • Campeã da Copa do Mundo
  • Campeã da Champions League Feminina
  • Campeã do Campeonato Espanhol
  • Campeã da Supercopa da Espanha
  • Campeã da Copa do Mundo

Consagração da Espanha no futebol feminino

A seleção campeã mundial mostrou um estilo de jogo sólido e muito talento. O alto nível da final da Copa do Mundo, contra a Inglaterra, refletiu muito da evolução que a modalidade teve na Europa desde a edição de 2019. Em menos de quatro anos, muito se conquistou no cenário do futebol feminino por lá e a Espanha tem grande responsabilidade nisso.

Depois de abraçar a modalidade, a La Liga instaurou um novo ideal do que deve ser a valorização do futebol de mulheres. Ao lado de Barcelona e Real Madrid, a liga espanhola alcançou números impressionantes. No Camp Nou, o jogo de ida das semifinais da Champions League de 2021/22 contou com 91.648 pessoas nas arquibancadas. Recorde mundial que não foi um caso isolado no país.

O segundo maior público também é da Espanha. O clássico Barcelona e Real Madrid levaram 91.553 pessoas ao Camp Nou, pelas quartas de final da Champions, em 30 de março de 2022. 

Por outro lado, houve protestos na La Liga feminina, pedindo equiparação de salários com o masculino. As jogadoras até fizeram uma paralisação no campeonato, movimento que contou com a adesão da dona da Bola de Ouro. 

Pode parecer irreal pedir por salários iguais entre homens e mulheres no futebol, mas a verdade é que o trabalho extracampo realizado pelas espanholas é inspirador e mostra que, mesmo diante de tantos problemas, a modalidade pode florescer. Basta que mulheres como Aitana Bonmati continuem usando sua voz para transformar a realidade.


Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *