
Quando o BYD Tan 2025 surgiu no mercado brasileiro, a expectativa era de um divisor de águas para os SUVs elétricos de luxo. Afinal, estamos falando de um carro que entrega 517 cavalos de potência, 71,4 kgfm de torque e um visual que não deve nada a SUVs alemães de alto padrão. Com linhas robustas, faróis de LED dinâmicos e acabamento interno que mescla sofisticação com tecnologia de ponta, o BYD Tan 2025 se apresenta como um verdadeiro “porta-estandarte” da marca chinesa no Brasil.
Essa versão 2025 passou por um facelift sutil, mas necessário, que realinhou o modelo ao novo design da família BYD. Além disso, o SUV cresceu em dimensões, agora com quase 5 metros de comprimento e rodas aro 22 (que viraram 21 na versão final), mantendo uma presença imponente. Por dentro, o acabamento em couro, tela giratória de 15 polegadas, câmeras 360°, teto panorâmico e até sistema de som premium da Dynaudio reforçam a proposta de luxo acessível.
Mas não é só pelo design que o BYD Tan 2025 se destaca. Ele também traz um sistema de bateria atualizado de 108,8 kWh, o que lhe confere uma autonomia estimada de até 465 km, segundo testes práticos, e um consumo médio que gira em torno de 4,2 km/kWh. Na teoria, um número promissor na prática, nem tanto.
Consome luz como gasolina? O custo (real) de carregar o BYD Tan 2025
Apesar de toda tecnologia, o consumo de energia do BYD Tan 2025 é um dos pontos mais controversos. Carregar esse SUV elétrico pode custar tanto quanto abastecer um tanque de gasolina. Em uma recarga de 44 kWh, o custo pode passar de R$140, dependendo da tarifa da estação de carregamento rápido que variam entre R$2,40 e R$4 por kWh.
Para efeito de comparação, esse valor seria suficiente para encher 24 litros de gasolina e rodar cerca de 240 km com um carro a combustão. O problema é que, com essa mesma carga, o BYD Tan 2025 percorreu apenas 180 km. Ou seja: a conta não fecha tão bem quanto parece à primeira vista.
E carregar em casa? É possível, mas nada prático. Numa tomada convencional de três pinos, seriam necessárias cerca de 53 horas para uma carga completa. Mesmo em estações de corrente alternada de 11 kW, o tempo gira em torno de 10 horas algo longe do ideal para quem vive em ritmo urbano acelerado.
Carregamento ultrarrápido de 6 minutos: mito ou revolução em andamento?
A grande aposta da BYD para os próximos anos é o carregamento ultrarrápido. Durante uma apresentação recente, a marca anunciou que seus futuros modelos inclusive o sucessor do BYD Tan 2025 poderão ser abastecidos com até 1 MW de potência, o que, na prática, significa 2 km de autonomia por segundo de recarga.
Com essa tecnologia, um SUV como o BYD Tan 2025 poderia ser totalmente recarregado em apenas 5 a 6 minutos. Isso transformaria a experiência de recarga, colocando os carros elétricos em pé de igualdade com os modelos a combustão no quesito praticidade. Mas há um detalhe: ainda não existem estações de 1 MW no Brasil. A promessa é para 2027.
Até lá, o BYD Tan 2025 segue limitado ao carregamento rápido de 170 kW, que já é decente, mas não tão revolucionário quanto o marketing sugere. Ainda assim, essa perspectiva coloca o SUV como símbolo da transição para uma nova era da mobilidade elétrica mesmo que ele não seja o protagonista mais popular.
Dirigir o BYD Tan 2025 é uma experiência de respeito. Ele faz de 0 a 100 km/h em apenas 5 segundos, mesmo com seus 2.630 kg. O sistema de tração integral e a resposta instantânea dos dois motores elétricos garantem acelerações vigorosas e retomadas ágeis. A estabilidade também impressiona, apesar do porte avantajado.
No entanto, há críticas. A suspensão, embora independente e com braços múltiplos, é considerada rígida demais para as vias esburacadas do Brasil. O carro “sente” as lombadas e valetas, o que pode incomodar motoristas acostumados com SUVs de luxo mais suaves, especialmente os equipados com suspensão a ar, como os da Mercedes e BMW.
Se é tão bom, por que não vende? O “mico” do BYD Tan 2025 nas ruas brasileiras
Mesmo com todos os atributos, o BYD Tan 2025 não caiu no gosto do brasileiro. A BYD lidera o mercado de elétricos com folga modelos como Dolphin e Song são presença constante nas ruas, mas o Tan nunca engrenou. Desde seu lançamento em 2022, estima-se que não tenha ultrapassado 500 unidades vendidas.
O preço de R$ 537 mil é um dos principais obstáculos. Muitos consumidores ainda não veem valor em pagar meio milhão por um SUV chinês, mesmo que entregue mais do que muitos concorrentes premium. Além disso, o estigma de desvalorização rápida dos elétricos (muitas vezes perdendo 20% no primeiro ano) pesa na decisão de compra.
Outro ponto é o posicionamento da marca: enquanto os BYD mais baratos vendem muito bem por entregarem tecnologia a preços acessíveis, o BYD Tan 2025 vive em uma zona de conflito caro demais para ser popular, e chinês demais para ser considerado “premium” por muitos brasileiros.
O futuro da recarga e o papel do BYD Tan 2025 como vitrine tecnológica
O BYD Tan 2025 talvez não tenha sido feito para vender. Ele é, acima de tudo, uma vitrine de tudo que a BYD sabe fazer de melhor: potência, sofisticação, conectividade e a promessa de um futuro elétrico mais prático. Ele serve como um cartão de visitas para mostrar que, se a marca pode fazer um SUV elétrico de luxo com 517 cv, ela também pode entregar qualidade em modelos de R$ 150 mil.
E esse é o segredo. O BYD Tan 2025 é o boi de piranha que abriu caminho para os modelos que realmente conquistaram o brasileiro. Seu papel é preparar o terreno para um futuro onde, sim, será possível carregar 100 kWh em 6 minutos e aí, talvez, a história do Tan mude de rumo.
Fonte: A Roda