Com projetos na área da medicina e sustentabilidade, estudantes gaúchos vão a feira internacional de ciência e tecnologia


O Rio Grande do Sul tem três representantes selecionados para a Regeneron ISEF (Feira Internacional de Ciência e Tecnologia), realizada nos Estados Unidos. A delegação brasileira conta com 13 estudantes, entre eles Vítor Ivan Wagner, Clara Mittmann Bonato e Eduarda Hullen Leonhardt, da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo. O grupo viajará para Columbus, em Ohio, onde apresentará os projetos entre os dias 10 e 16 de maio.

As pesquisas foram selecionadas ao se destacarem na Mostratec-Liberato (Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia). Com a primeira edição em 1993, o evento tem a tradição de enviar os melhores projetos para a feira fora do país. 

Clara e Eduarda, estudantes de 19 anos do curso técnico de Química, desenvolveram um trabalho que busca transformar a pinha, semente e resíduo da árvore Pinus (pinheiro), em um material utilizável. A orientação é da professora Rosane Catarina dos Santos.

Segundo as estudantes, a escolha do tema é relacionada a um problema ambiental brasileiro: o Pinus não é nativo do país e, embora seja usado principalmente para reflorestamento, pode se expandir para além das áreas planejadas, afetando a vegetação original. Além disso, a pinha não possui um uso específico na indústria.

— O projeto visa a síntese do polímero acetato de celulose a partir da pinha de Pinus. Dessa forma, damos um destino sustentável a esse resíduo, contribuindo para a redução de impacto ambiental e agregando valor ao produto final — explica Eduarda. 

A estudante afirma que o material sintetizado pode ser usado, por exemplo, na produção de fibras, plásticos e filmes fotográficos. Além disso, quando combinado a outras substâncias, o polímero tem aplicações na indústria farmacêutica e de eletrônicos. 

Clara destaca que o interesse pela pesquisa surgiu na escola, ao ver outros estudantes realizando projetos importantes. Para o evento nos EUA, as expectativas não poderiam ser melhores:

— Vai ser incrível: conhecer pessoas do mundo inteiro com diferentes culturas, trocar vivências no ramo da pesquisa, além de conhecer um novo país. 

Vítor, de 18 anos, também está empolgado com a participação na feira. O estudante do curso técnico de Eletrônica participa na categoria Translational Medicine (medicina translacional). Sob orientação do professor Marco César Sauer, o projeto do aluno propõe um modelo de inteligência artificial para quantificar células malignas em imagens de tecidos. A ferramenta busca auxiliar no diagnóstico feito por profissionais da saúde. 

— Participar da ISEF é algo meio surreal, ainda não acredito que estou indo para os Estados Unidos. Como alguém que nunca saiu do país e saiu do Estado poucas vezes, a ficha só deve cair quando eu estiver no aeroporto. É uma oportunidade absurda — comemora o jovem pesquisador. 

Ele conta que vem aperfeiçoando ainda mais o trabalho desde que foi selecionado, visando bolsas universitárias fora do país ofertadas no evento. 

*Produção: Maria Clara Centeno

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