Nesta quinta-feira, 7 setembro, começa a temporada 2023/24 da NFL, com transmissão do jogo de abertura pela ESPN no Star+, e será a primeira, desde 1999, sem a presença de Tom Brady, ex-quarterback do New England Patriots e Tampa Bay Buccaneers, que se aposentou, dessa vez para valer, no início do ano.
Longe dos gramados e do training camp, o astro do futebol americano participou no último sábado (2) de uma feira de investimentos em São Paulo e concedeu uma palestra no painel principal do evento. Brady enlouqueceu o auditório lotado da Expert XP 2023 e encantou os presentes na plateia. A recepção da lenda da NFL foi algo singular, mesmo com outros grandes nomes da economia, tecnologia e da política participando de painéis anteriores ao dele.
Fernando Haddad, ministro da fazenda, Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo, Steve Wozniak, cofundador da Apple, e Boris Johnson, ex-primeiro ministro do Reino Unido, também concederam palestras lotadas no mesmo auditório, mas nenhum deles causou tanta agitação como o heptacampeão do Super Bowl. Quando Tom Brady foi anunciado pelos mediadores para subir ao palco, muitos fãs vibraram muito e até soltaram alguns gritos em inglês. Dois deles estavam segurando duas camisas do ex-número 12, uma dos Patriots e outra dos Buccaneers.
Tom Brady discursou em inglês e respondeu perguntas dos mediadores por quase uma hora e encerrou sua participação lançando alguns passes para o público, que delirou ao tentar receber uma das bolas arremessadas pelo ex-quarterback. O americano de 46 anos ainda chutou uma bola de futebol para a plateia e se mostrou bem à vontade com os pés, sem contar que parecia muito satisfeito em falar sobre suas histórias de carreira e algumas lições de vida.
O público, que tinha nomes ilustres do esporte como o técnico Bernardinho e o levantador Bruninho, do vôlei, além do ex-goleiro da seleção brasileira Julio Cesar, acompanhava cada palavra do heptacampeão do Super Bowl atentamente e contava com uma tradução simultânea em um fone de ouvido. Diversas pessoas concordavam e acenavam com a cabeça a cada história de Brady, e, algumas vezes, o interromperam a fala do ex-QB para aplaudí-lo.
O que Tom Brady disse em um evento de investimentos?
Tom Brady era o principal nome da feira de investimentos e a maioria dos presentes conhecia o americano. Mesmo aqueles que não acompanhavam a NFL, sabiam que ele foi jogador de sucesso no futebol americano e alguns até repetiram que o ex-QB dos Patriots e Bucs foi sete vezes campeão do Super Bowl. A segunda informação mais citada pelos participantes, além do esporte que ele jogava, era sobre sua relação com a modelo brasileira Gisele Bundchen, com quem foi casado até o final do ano passado e tem dois filhos.
Poucos, no entanto, sabiam por quê o Brady foi chamado para palestrar em um evento de investimentos. O ex-atleta também é um empresário e, logo nas primeiras respostas, já conquistou o público com suas histórias de carreira, curiosidades e lições de persistência e determinação.
Tom Brady compartilhou bastidores de sua rotina, como sua principal motivação para se entregar tanto no esporte e como manter o foco.
“Não era vencer o Super Bowl, mas lógico, eu adorava vencer títulos, mas o que eu mais amava era fazer parte de um time. Não dá para conquistar nada na vida sem ter a ajuda e suporte de outras pessoas. Meus companheiros e minha família, eu estava focado para não os decepcionar. Minha maior motivação era as as pessoas que acreditavam em mim.”
O ex-quarterback buscava, em diversas vezes, fazer conexões com essas motivações “esportivas” para o mundo executivo.
“Quando você se importa com as pessoas, elas se importam com você de volta. Quando você ama as pessoas, eles devolvem esse amor para voê. Você se torna o maior beneficiário do que você dá para os outros. Se você tem um negócio e você se importa com seus funcionários e com seus clientes, no final, eles devolvem isso para você. Isso, para mim, é o que mais me recompensou e me satisfez na minha carreira.”
Após falas como essa, Brady era aplaudido por todo auditório e continuava com outras respostas sobre como lidar com frustrações e como o futebol americano tem um lado muito tático.
“Você tem uma escolha todo o dia que você acorda. A vida não vai ser do jeito que você quer sempre. O seu negócio não vai caminhar sempre do que jeito que você quiser. Minha carreira esportiva não foi do jeito que eu sempre quis. Nós sempre nos deparamos com desafios únicos, mas o que você pode fazer com isso? Você pode acordar no dia seguinte e ter a intenção de ser melhor e se cercar de pessoas melhores. Assim, vocês podem tomar decisões melhores, que no fim das costas, as coisas vão caminhar do jeito que você quer e que elas não continuem do jeito que estavam.”
“O futebol americano é muito estratégico, é como uma partida de xadrez. Quanto mais eu joguei, naturalmente, mas eu entendi os diferentes lados e táticas que aparecem com o jogo. Assim como nos negócios, quanto mais você tenta, mais você aprende as coisas e ganha mais experiência.”
O ídolo dos Patriots e Buccaneers também contou algumas histórias da carreira e explicou que não era um “fenômeno” desde o início e teve que trabalhar muito para chegar ao topo.
“Quando eu entrei na Universidade de Michigan, tinham sete quarterbacks e eu era o sétimo. Existe um caminho muito longo do primeiro até o sétimo. Então, eu tive que treinar e trabalhar muito duro para desenvolver essa competitividade em mim. Se eu quisesse sair do 7º para o 1º, eu teria que superar outros caras.
“Eu tive que acordar mais cedo do que eles, eu tive estudar mais jogos do que eles e eu tive que trazer muita energia e entusiasmo nos treinos para meus companheiros me respeitarem e perceberem que eu pertencia ali. Então, eu tive que trabalhar muito duro do 7º para o 6º, do 6º para o 5º, do 5º para o 4º e 4º para o 3º. Então, nos últimos dois anos da minha carreira universitária, eu me tornei o quarterback titular.”
O heptacampeão do Super Bowl ainda detalhou uma conversa com um psicólogo que o ajudou a “virar essa chave” durante a universidade.
“Eu reclamava para ele toda hora, que os outros caras do time ganhavam mais oportunidades e mais repetições nos treinos, enquanto eu ganhava menos. Então, meu psicólogo disse para eu parar de reclamar nas m*** que eu não estava recebendo e focar no que eu estava recebendo. Tipo, por que você não vai bem e aproveite as oportunidades que está recebendo. Então, e daí que ele te dão duas oportunidades, e eles dão para os outros 20.
“Faça o melhor com o que você tem. Não se preocupe em ganhar 20. Se você tratar essas duas oportunidades com energia, como se você esses treinos fossem o Super Bowl ou a Copa do Mundo, seus companheiros de equipe vão notar. Então, eu fiquei motivado e arrasei nas duas oportunidades. No dia seguinte, o técnico veio e disse que eu tinha ido bem e que eu ia ganhar três oportunidades. E, no dia seguinte, eu consegui quatro, até que depois de um tempo eu estava recebendo 20 repetições e os outros caras bem menos do que eu.”
Brady fazia questão de tentar simplificar e explicar alguns termos do futebol americano para facilitar a compreensão de todos os ouvintes, inclusive explicou a decisão de receber menos em diversas vezes na carreira para fortalecer sua equipe.
“No futebol americano, eles colocam um limite na quantidade de dinheiro (CAP) que você pode gastar com seu time todos os anos. Então, quanto mais eu recebesse, menos os outros jogadores iriam receber. E como minha prioridade era vencer e me cercar do maior número possível de bons jogadores, você sabe, eu não sentia que precisava receber o máximo que eles poderiam me pagar.”
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Brady conta histórias da carreira, lições de vida e até curiosidades: o melhor da palestra do astro da NFL no Brasil
Heptacampeão do Super Bowl foi a principal atração da Expert XP, feira de investimentos realizada em São Paulo
Brady comentou sobre sua iniciativa de investir no futebol inglês, ao se tornar sócio minoritário do Birmigham City, da Championship.
“Tive uma oportunidade há três ou quatro meses, um ótimo parceiro de negócios veio até mim e disse: Ei, temos a oportunidade de comprar uma equipe da 2ª divisão do Campeonato Inglês. E você gostaria de fazer parte disso? E eu fiquei tipo, com certeza! Sabe, eu adoro esportes, adoro equipes e adoro competição. E pensei que poderia acrescentar algumas das coisas que aprendi ao longo de uma carreira no esporte, mesmo sendo um esporte diferente. Só uma coisa sobre futebol é que, eu não entendo muitas táticas, obviamente. Eu sei algumas partes, mas há muito mais para eu aprender.”
O ídolo ainda contou algumas curiosidades perguntadas pelos mediadores, como onde guarda os sete anéis que conquistou
“No futebol americano, quando você ganha o Super Bowl, a NFL dá para todos os jogadores campeões um anel para comemorar o ano. É incrível. Eles fazem uma grande cerimônia para nós. Mas o anel não é para usar porque ele é um troféu no seu dedo. É um pouco ridículo, na verdade. Então, o primeiro anel que eu ganhei, eu dei para o meu pai porque ele foi a pessoa que me apoio. Eu venci o anel, mas queria que ele ficasse com ele. Então, os outros, eles basicamente ficam em um cofre o ano todo.”
Brady, para completar, ainda explicou que tem um “plano” para os troféus anelares.
“Eu emprestei os anéis para uma exibição no ano passado durante a Copa do Mundo de futebol no Qatar. Eles tinham um museu de esportes lá e eu queria que as pessoas pudessem vê-los. E, em dezembro, vai inaugurar o melhor museu de esportes nos Estados Unidos, que será no Fountain Blue Cassino, em Las Vegas, e vou deixá-los expostos lá.”