O clube espera ter R$ 909 milhões de receita bruta neste ano, alguns milhões acima da dívida de R$ 892 milhões. É o chamado “turnaround”. O resultado é comemorado internamente, porque inverte a lógica de anos anteriores.

Em 2020, por exemplo, no final da gestão Andrés Sanchez, a dívida do Corinthians era o dobro do que o clube arrecadou naquele ano. Atualmente esta relação é de um para um.

O que permitiu a melhor relação entre receita e dívida não foi a diminuição da dívida em si, mas justamente o aumento das receitas. A arrecadação mais do que dobrou na gestão de Duilio Monteiro Alves, mas a dívida permaneceu no mesmo patamar, apenas 6,1% menor do que quando o presidente corintiano assumiu, em 2021.

A dívida tem enorme impacto nas finanças do clube. Só de juros são R$ 131 milhões anuais, o equivalente a 13% de tudo o que o clube arrecadar em 2023. Este valor não serve nem mesmo para diminuir a dívida, apenas para impedir que ela cresça ainda mais.

Esportivamente, o Corinthians vive uma temporada cercada por críticas: foram quatro eliminações ao longo do ano, o que ampliou o jejum de títulos para quase cinco anos. São 20 campeonatos seguidos que o clube disputa sem levantar um troféu. O mais perto que chegou em 2023 foi em duas semifinais, da Copa do Brasil e da Sul-Americana.

A revisão do orçamento é uma espécie de ajuste de expectativas e serve para preparar o orçamento do ano seguinte. Todos os valores sobre 2023 são uma projeção, afinal o ano ainda não acabou. Os números precisos sobre a atual temporada serão divulgados apenas em março, no balanço financeiro do clube.

– Buscamos o equilíbrio entre resultado esportivo e saúde financeira, visando manter o Corinthians competitivo em paralelo ao movimento de transformação de gestão que vem sendo implantado – diz um trecho do documento ao qual o ge teve acesso.

Nos R$ 909 milhões citados acima já estão descontados os cerca de R$ 46 milhões que o Corinthians nem considera nos cálculos. Este valor equivale a 50% da arrecadação com bilheteria neste ano, por isso é dedicado exclusivamente a pagar a parcela anual da Neo Química Arena.

O total de arrecadação em 2023, portanto, é de R$ 955 milhões. É um recorde na história do Corinthians e acima inclusive do que o clube projetava no orçamento original (R$ 822 milhões).

Por outro lado as despesas também cresceram na mesma proporção, por isso o superávit segue projetado em R$ 20 milhões – o mesmo do orçamento divulgado antes de 2023 começar.

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