A “cultura” é uma palavra muito utilizada para definir determinados padrões e atitudes em um coletivo, tendo em vista que ela se define como um conjunto de comportamentos replicados por adesão social, a depender de cada lugar e em contextos distintos. Por isso, é natural que ao pensarmos sobre a cultura corporativa, logo recorramos à definição principal. No ambiente profissional, entretanto, cultura não se refere tanto a fenômenos sociológicos, mas sim a um conjunto de comportamentos relacionados ao que os funcionários fazem quando os líderes não estão presentes e olhando cada tarefa. São de fato os valores e ações coletivas dos indivíduos (não obrigatoriamente alinhados à moral social vigente), fundamentais para que os resultados da empresa sejam entregues. Afinal, é nisso que as pessoas vão destinar a energia cotidiana.
A existência da cultura corporativa, esse coletivo de crenças, valores e normas responsáveis por nortear uma empresa, é importante porque estabelece padrões relevantes para que as companhias sejam capazes de alinhar os comportamentos dos funcionários e estabelece a concordância entre os valores da empresa com as demais partes envolvidas, como os clientes. Uma cultura organizacional bem implementada resulta em um ambiente mais saudável no cotidiano empresarial, bem como promove um espaço maior de produtividade e colaboração mútua, elementos que só trazem vantagens à companhia. Por outro lado, a ausência de padrões corretos relacionados à cultura corporativa pode levar a empresa a enfrentar alguns problemas, como a desmotivação e resultados ruins de funcionaŕios. Além disso, a falta de planejamento nesse tema pode tornar mais difícil para a companhia atrair e também reter talentos, um pesadelo para qualquer departamento de Recursos Humanos.
Para que a cultura corporativa seja saudável e gere diferencial competitivo, é necessário compreender que é importante filtrá-la pela diferença, não pela semelhança. É crucial que os líderes sentem e reflitam juntos: quais são os comportamentos que não são tolerados aqui? A partir disso, é possível instituir por meio de ritos e de gestão em um sentido mais técnico, como contratação, plano de desenvolvimento e acompanhamento no dia a dia para garantir que a cultura foi implementada corretamente e que as pessoas refletem os propósitos da empresa.
Quando todos estão adaptados à cultura da organização, não é necessário recorrer a microgerenciamentos porque as coisas estão acontecendo corretamente. E é crucial destacar que tudo isso não precisa refletir necessariamente em algo belo e moral para o grande público, afinal, o importante mesmo quando trata-se de cultura é que os valores da companhia reflitam no corpo de funcionários no cotidiano. Ou seja, ela está alinhada aos objetivos da companhia e deve refletir o que é a empresa e o que ela está tentando construir, afinal, um negócio de sucesso é formado pela junção de várias pessoas em torno do mesmo objetivo.
Pedro Sant’Anna é fundador e COO da allu, a maior empresa de assinatura de iPhones da América Latina, além de investidor-anjo de negócios como Brota Company e Minimal Club