Debate sobre futebol de seleções gira em torno de egoísmo e incoerência


Quem massacra o futebol de seleções em nome do “o clube que paga salário e não pode ser prejudicado” pode estar se esquecendo que clubes são – ou deveriam ser – instituições sem fins lucrativos, que já ganham muito mais dinheiro do que deveriam e, por isso, pagam altos salários a jogadores. Ninguém está fazendo favor a ninguém e sabe-se perfeitamente que um atleta pode se lesionar a qualquer momento. Aliás, os clubes se preocupam bastante com lesões físicas que acontecem nas seleções, mas não se preocupam muito com a saúde mental dos atletas, menos ainda quando estes são apenas garotos em formação.

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Quem massacra o futebol de seleções em nome do “o clube que paga salário e não pode ser prejudicado” pode estar se esquecendo também do que verdadeiramente querem os jogadores. Que são, afinal, os que fazem o futebol acontecer. Sem torcida, tem jogo. Sem jogador, não tem jogo. Quantos jogadores reclamam do futebol de seleções? Quantos jogadores abrem mão de jogar por seu país porque querem se preparar melhor para a próxima partida do clube?

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Pode até ser o caso com um ou outro europeu. E isso acontece porque há uma evidente falta de identificação de alguns cidadãos que jogam bola com a própria nacionalidade que aparece em seu passaporte. Tem a ver com outras questões de identidade, muito mais profundas do que o futebol.

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Perguntem ao Arboleda se ele ficou mais triste e preocupado com a lesão que sofreu ano passado no clube, que, na prática, lhe tirou da Copa do Mundo de Qatar (estava lá, mas sem ritmo e condições de jogo, apesar dos esforços) ou com a lesão que sofreu defendendo seu país e que lhe tirará de um torneio que o São Paulo joga todo ano. Perguntem ao Salah se preferia ter vencido o título da Champions League de 2018 com o Liverpool, quando se machucou na final, ou ter jogado direito e em condições a Copa do Mundo pelo Egito, que não participava desde os tempos de Cleópatra. Perguntem ao Mané como ele se sentiu ao ser escalado para um jogo inútil do Bayern de Munique e ter perdido o último Mundial.

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“Que se dane o jogador”, dirão alguns. “Ele é pago para defender o clube”. Foi assim que se tratou o sonho de Pedro em disputar uma Olimpíada pelo Brasil, ano retrasado. Uma Olímpíada! Menos humano do que isso, simplesmente impossível.

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A seleção brasileira pode não ser mais tão importante para muita gente, e está tudo bem. Ninguém é obrigado a gostar de nada. Para os jogadores, eu garanto para vocês, que a seleção é a coisa mais importante que existe com uma certa diferença para as outras todas.

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