Do hip-hop a festas juninas: saiba o que a ALE-RR declarou como patrimônio cultural imaterial


Festas juninas são tradicionais no Brasil. — Foto: SupCom/Nonato Sousa

Festas juninas são tradicionais no Brasil. — Foto: SupCom/Nonato Sousa

Você sabe o que é patrimônio cultural imaterial? Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), são todas as práticas e os domínios da vida social, passados de geração em geração, que geram sentimento de continuidade e identidade. Celebrações, comidas típicas, expressões, músicas e lugares, são exemplos desse reconhecimento.

A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) já reconheceu algumas práticas como patrimônio cultural imaterial do Estado. Nesta reportagem especial, você vai conhecer parte delas, com destaque para a cultura do hip-hop, as famosas e tradicionais festas juninas, e a constituição da banda de música da Polícia Militar de Roraima (PMRR), além de outras categorias que recebem essa titulação.

“Reconhecer essas práticas sociais é reforçar a importância que elas têm para nossa sociedade”, ressalta o chefe do legislativo roraimense. — Foto: SupCom/ Marley Lima

“Reconhecer essas práticas sociais é reforçar a importância que elas têm para nossa sociedade”, ressalta o chefe do legislativo roraimense. — Foto: SupCom/ Marley Lima

“A cultura, seja ela manifestada na comida, na dança, nos saberes tradicionais, é vital para o desenvolvimento do Estado. O Parlamento, ao aprovar essas leis, enaltece atividades que são importantes para alguns grupos sociais e precisam ser levadas ao conhecimento público”, diz o presidente do Poder Legislativo, deputado Soldado Sampaio.

Hip-hop e suas raízes

Falar em hip-hop é explorar um universo gigante de manifestações culturais. Essa história começa em agosto de 1973, quando, numa festa em um apartamento no Bronx, em Nova York, Estados Unidos, nasceu o hip-hop. Desde então, a cultura se espalhou pelo mundo e ganhou, ano após ano, mais adeptos.

Breakdance é modalidade da cultura hip hop — Foto: SupCom/Eduardo Andrade

Breakdance é modalidade da cultura hip hop — Foto: SupCom/Eduardo Andrade

Hoje, essa manifestação artística é ensinada àqueles que têm interesse por desenhos, através do grafitti, pela dança, do breakdance, ou ainda com frases e rimas, como é o caso do rap. O Centro de Convivência da Juventude (CCJuv), da Assembleia Legislativa de Roraima, oferece aulas de breakdance para cerca de 20 alunos.

Após ser aprovada pelos deputados, a lei foi sancionada pelo governador Antonio Denarium em janeiro deste ano e reconheceu todas as manifestações artísticas dentro da cultura hip-hop, além de mencionar a necessidade de políticas públicas para enfrentar o preconceito e a discriminação contra a prática.

Lenon Lima é professor de breakdance no CCJuv e explica que a modalidade de dança de rua surgiu na década de 1970, com influência africana.

O professor de breakdance do CCJuv, Lenon Lima, aponta os benefícios da modalidade: “os movimentos mexem com todo o corpo, embalados pela música”. — Foto: SupCom/Eduardo Andrade

O professor de breakdance do CCJuv, Lenon Lima, aponta os benefícios da modalidade: “os movimentos mexem com todo o corpo, embalados pela música”. — Foto: SupCom/Eduardo Andrade

“A dança é uma coisa que anima a gente, que faz transmitir nossa energia para o público. O breakdance surgiu para isso, para mostrar os nossos sentimentos, para que as pessoas, principalmente da classe média, enxergassem a felicidade que existe nela. No CCJuv ensinamos a parte da arte, da cultura, a didática. A dança é difícil, mas não impossível de aprender. No geral, é divertida”, ponderou Leno.

Sobre a lei que tornou a cultura hip-hop patrimônio cultural imaterial, Leno avalia de maneira positiva. “Fico feliz. A dança sempre foi deixada de lado pela mídia, o rap sempre teve mais espaço. Vamos tirar esse preconceito a partir disso [aprovação da lei], para que a sociedade não nos veja apenas como dançarinos, mas como artistas de rua”, enfatizou.

Para saber se há vagas disponíveis, basta entrar em contato com o CCJuv, na sede da Superintendência de Programas Especiais, localizada Avenida Ataíde Teive, 3510, bairro Buritis, zona Oeste de Boa Vista.

O brilho das festas juninas

Festas juninas foram declaradas patrimônio cultural imaterial neste ano. — Foto: SupCom/Nonato Sousa

Festas juninas foram declaradas patrimônio cultural imaterial neste ano. — Foto: SupCom/Nonato Sousa

Da cultura hip-hop para a fogueira de São João. Você é daqueles que espera o mês de junho para se deliciar com a pamonha, o milho assado ou cozido, ou torcer pela quadrilha favorita? As festas juninas são uma tradição no Brasil e têm destaques especiais em Roraima. O brilho, o colorido, os movimentos das roupas, acompanhados do sapateado no tablado e as expressões, como “olha a cobra, é mentira”, dão ainda mais vida aos festejos.

Dirceu Costa está imerso no mundo junino há 30 anos. Há sete, ele está à frente da quadrilha Luar do Sertão, nome escolhido por ele em referência a um dos primeiros grupos dos quais participou na adolescência. Dirceu é enfático ao dizer que a quadrilha trabalha temas sociais importantes, como a inclusão de pessoas com deficiência e a diversidade, contando com a participação da comunidade LGBTQIAPN+.

Dirceu Costa está à frente da quadrilha Luar do Sertão. — Foto: SupCom/Eduardo Andrade

Dirceu Costa está à frente da quadrilha Luar do Sertão. — Foto: SupCom/Eduardo Andrade

“A Luar do Sertão para mim é tudo. É um amor muito grande. Trabalhamos a diversidade e a inclusão. Não vou deixar de abraçar essas pessoas, porque também sou uma pessoa LGBT. Se eu não as abraçar, quem vai? Tanto que, neste ano, a noiva da nossa quadrilha foi uma mulher trans [in memoriam]. Pela primeira vez, em Boa Vista, uma noiva trans”, lembra Costa.

Mas, engana-se quem reduz as festas juninas apenas às apresentações no tablado. A atuação social da Luar do Sertão, por trás dos belos vestidos e gritos de anarriê, dá a dimensão de como o festejo tem seu lado humanizado. Dirceu fala que trabalha com populações mais vulneráveis, permitindo que tenham atividades para serem desenvolvidas durante o período em que não se tem as festas juninas.

“Tem mãe que me agradece até hoje pelo filho estar em um barracão de quadrilha. Não apenas no nosso, mas de outros grupos. Às vezes, quando passa o tempo junino, os jovens ganham o mundo. Comigo não. Eu pergunto onde eles estão, desenvolvo ações beneficentes, como arrecadação de cestas básicas, para distribuição no fim do ano. Não ficamos parados. É disso que as famílias gostam. Ao invés de estarem na rua, estão no nosso barracão”, detalha o presidente da Luar do Sertão.

Dirceu espera maior engajamento de empresários no que diz respeito aos patrocínios das quadrilhas, bem como a volta de arraiais de rua antes das grandes festas juninas no Estado. “Antes, tínhamos um pré-arraial. Este ano, voltou um pouco, espero que no próximo ano não esqueçam. Não podemos esquecer o mundo junino. Não vamos deixá-lo morrer”, declarou.

Entre acordes e melodias

Banda da PM tem mais de 30 anos de criação — Foto: SupCom/ Jader Souza

Banda da PM tem mais de 30 anos de criação — Foto: SupCom/ Jader Souza

Em outubro, a Banda de Música da Polícia Militar de Roraima (PMRR) completou 34 anos de fundação. O que se iniciou de forma improvisada, ganhou investimentos ao longo das três décadas e, hoje, abrilhanta com acordes e melodias eventos públicos e privados do Estado.

“Não foi uma batalha fácil, porque passa por uma série de situações, como ampliação de quadro, cargos, funções e postos. É uma evolução que vem ao longo dos anos, mas é significativa e muito importante. Hoje, nos sentimos privilegiados com todas as conquistas que conseguimos”, enaltece o regente da banda, Capitão Calú.

No início da trajetória da banda, eram 16 militares. Hoje, são 34 músicos na ativa que harmonizam as notas de 30 instrumentos musicais. Eles chegaram à orquestra depois de prestarem concurso público e vencerem as etapas das provas oral e prática. Todos se reúnem de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h. Quando há eventos importantes da corporação, os ensaios são ainda mais intensos.

Capitão Calú, regente da Banda da PMRR, ressalta que alguns ritmos, com o forró não podem faltar no repertório do grupo. — Foto: SupCom/ Eduardo Andrade

Capitão Calú, regente da Banda da PMRR, ressalta que alguns ritmos, com o forró não podem faltar no repertório do grupo. — Foto: SupCom/ Eduardo Andrade

De acordo com o militar, o repertório é variado, desde as clássicas sinfonias de Beethoven até as canções que estão fazendo sucesso nas redes sociais e nas paradas de sucesso nas plataformas de streaming. Questionado sobre o que não pode faltar numa apresentação, o maestro responde: “Um forrozinho. O povo de Roraima gosta”. São características como essa que tornam a banda patrimônio cultural imaterial do Estado.

“A gente fica ligado na atualidade, nas músicas que estão fazendo sucesso, mas não esquecendo os grandes sucessos do passado, músicas eternizadas que não podem ser deixadas de lado. Quando somos solicitados para nossas missões [referência às apresentações], observamos que tipo de músico está presente para trazermos um repertório que vai agradar aquele público”, explica Calú.

Em 23 de novembro, em comemoração aos 48 anos de criação da Polícia Militar de Roraima, haverá um concerto da banda. O evento vai ocorrer na Igreja do Evangelho Quadrangular, localizada na Rua Horácio Mardel de Magalhães, 1544, bairro Tancredo Neves. A entrada é gratuita.

O que mais é patrimônio cultural imaterial?

Lei nº 1.020/2015 – O conjunto arquitetônico e a encenação da Paixão de Cristo em Mucajaí;


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