
Lançada em janeiro de 2024, a Escola Solano Trindade de Formação e Qualificação Artística, Técnica e Cultural (Escult) já registrou mais de 109,3 mil matrículas para os cursos e qualificações direcionados à ampliação das capacidades formativas dos trabalhadores da cultura responsáveis pelo setor produtivo cultural do país. Desde o lançamento, a plataforma on-line — parceria do Ministério da Cultura (MinC) com o Instituto Federal de Goiás (IFG) e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) —, promoveu 14 formações em diferentes segmentos culturais e já somam mais de 20 mil certificados emitidos.
As formações com os maiores números de matrículas, até o momento, foram: Produção Audiovisual (18.060), Fotografia (16.354), Produção de Documentário (13.848, em andamento), Agente Cultural (11.059, em andamento), Sonorização (10.007) e Elaboração de Projetos de Propostas Simplificadas (9.730).
Para o diretor de Políticas para os Trabalhadores da Cultura, Deryk Santana, a Escultt representa a concretização de ações do MinC no apoio aos trabalhadores de cultura de todo o território nacional. “A Escult representa um marco na democratização da formação cultural no Brasil. Em pouco mais de um ano de existência, ultrapassamos 100 mil pessoas matriculadas e 20 mil certificadas. Muito além dos números, a escola é uma ferramenta de qualificação que gera oportunidades de emprego e renda na cultura por todo o país. É o governo federal, através do MinC capilarizando e fortalecendo a educação e profissionalização de trabalhadores da cultura”, destacou.
De acordo com Deryk, os próximos passos da escola incluem a ampliação das entidades conveniadas, com o objetivo de formar uma rede com pelo menos uma parceira por região do país, além de nova oferta dos cursos já concluídos. Também está previsto o lançamento de formações inéditas, baseadas em um mapeamento de demandas não atendidas, e a implementação de escritórios de incubação de projetos e empreendimentos culturais. Um programa piloto está planejado para iniciar no segundo semestre deste ano, com foco na região do Recôncavo Baiano.
O técnico pedagógico e diretor teatral, José Manoel de Souza, afirmou que as formações impactaram diretamente em sua trajetória profissional e serviram para “abrir caminhos” na área cultural. “Acompanho os cursos lançados pela Escult para o meu crescimento profissional. Não há como negar que eles foram responsáveis por reafirmar conhecimentos teóricos e práticos e me trouxeram novas perspectivas e caminhos que sequer conhecia”, narrou.
Morador de Três Lagoas (MS), José Emanoel já concluiu três formações ofertadas pela escola: Agente Cultural, Sonorização e Design de Espetáculo. “Para quem nunca estudou áreas como sonorização, os cursos dão base para iniciar uma profissão”, afirmou. Responsável por capacitar professores, o sul-mato-grossense ressalta que o conteúdo formativo “clareou aspectos úteis para a formação docente”.
Sobre a iniciativa, José Manoel enfatizou a importância do trabalho do MinC na qualificação de profissionais do setor. “Artistas muitas vezes não têm experiência para escrever projetos, e o curso de Agente Cultural ensina isso. Não é uma teoria distante da realidade. São conhecimentos que aplicamos imediatamente no nosso trabalho, seja na elaboração de um projeto ou na montagem de um espetáculo, por exemplo”, destacou.
Já para Kathyla Katheryne Sacramento Valverde, musicista e pedagoga do Rio de Janeiro (RJ), as formações contribuíram para a capacitação e profissionalização pessoal e que renderam “frutos” importantes em sua carreira. “O Ministério da Cultura está contribuindo, junto a Escult, na capacitação e profissionalização de artistas, possibilitando uma qualificação cujos frutos serão vistos por muitas gerações vindouras. No caso do curso “Trilha Sonora para as Artes ao Vivo: Performance, Dança, Teatro e Artes Circenses”, no qual fiz e me certifiquei, o resultado poderá ser percebido à medida que os nomes dos cursistas começarem a aparecer nos créditos das peças de teatro, cinema, circo, dentre outros”, afirmou.
“Quando soube da existência desse curso, não tive dúvidas de que era o conhecimento técnico que me faltava. Um detalhe importante é que não conheço e nunca ouvi falar da existência dessa formação específica, seja em instituição pública ou privada. Para mim, é um ganho imenso para a classe artística brasileira”, finalizou.
Novidades
Com dois cursos atualmente com inscrições abertas — Cinegrafia e Agente Cultural —, será lançada mais uma formação nesta semana. Com o objetivo de oferecer habilidades profissionais de análise de mérito e financeira de projetos culturais submetidos às políticas de fomento à cultura promovidas por órgãos estatais, o curso livre e gratuito de Analista e Parecerista de Projetos Culturais será aberto para inscrições a partir desta sexta-feira (30). Para mais informações, acesse o site da Escult.
Formatos diversos
Os cursos da Escult são divididos em duas categorias com prazo de conclusão entre três e seis meses e oferta semestral. Os de Formação Inicial e Continuada (FIC) têm carga horária de 160 horas e são destinados à formação para ingresso ou reingresso no mundo do trabalho, à qualificação e atualização, ao aprimoramento profissional e/ou para a elevação profissional ou escolaridade do trabalhador. Já os cursos livres ou de curta duração, com carga horária de até 60 horas, são mais específicos de uma determinada área profissional.
Em 2024 foram realizadas, por exemplo, as formações de Elaboração de Projetos de Propostas Simplificadas; Submissão de Propostas Simplificadas; Prestação de Contas de Propostas Simplificadas; Produção Audiovisual; Fotografia. Já em 2025 as formações de Produção Musical na Plataforma Reaper, Trilha Sonora para Artes ao Vivo, Design do Espetáculo, Sonorização e Produção de Documentário.
Quem foi Solano Trindade?
Francisco Solano Trindade foi um poeta, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante do Movimento Negro nascido em Recife em 1904. Em 1950, foi co-fundador do Teatro Popular Brasileiro (TPB). Publicou os livros “Poemas de uma Vida Simples”, “Seis Tempos de Poesia” e “Cantares ao meu Povo”. Como ator, participou dos filmes “Agulha no Palheiro”, “Mistérios da Ilha de Vênus” e “O Santo Milagroso”. Trabalhou também como artista plástico, pintando quadros a óleo. Um deles hoje faz parte do acervo do Museu Afro Brasil.