Fernanda Ikedo (Portal Porque)
31/10/2023 – 11:24
O cientista social e professor da universidade Federal do ABC, Sérgio Amadeu da Silveira, mobilizou o público da Feira Literária do SMetal a pensar sobre a produção e uso de dados por meio das grandes plataformas no último domingo, 29.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares fez a abertura da palestra destacando o quanto a cultura e tecnologia estão relacionadas e agradeceu a vinda do pesquisador.
A palestra teve como tema “Big Techs e Inteligência Artificial: uma nova colonização” e destacou a infraestrutura das corporações que controlam os dados e os algoritmos. “92% dos dados produzidos no mundo são armazenados nos Estados Unidos”. Para armazenar os dados das “nuvens” (os data centers), são necessários 355 milhões de galões de água para refrigerar um único data center nos Estados Unidos.
Ele citou uma mobilização que ocorreu por parte da população para que não fossem instaladas na mesma cidade outros dois data centers, pois senão secaria o principal rio. Empresas do mundo todo usam as Big Techs, como Amazon e Microsoft, para armazenamento de dados, concentrando nessas duas empresas 60% do mercado mundial.
Amadeu, que é pesquisador pioneiro na discussão sobre inclusão digital e software livre, mantém um podcast no YouTube chamado Tecnopolitica, no qual aborda, de forma didática, como a política e a economia são componentes das tecnologias e quais as implicações sociais do código.
Ele já tinha vindo a Sorocaba duas vezes para participar de audiências públicas, em 2009 e 2010, na Câmara dos Vereadores, por iniciativa do então vereador Izidio de Brito.
“Na época, discutimos a importância e elaboramos um projeto de lei para que Sorocaba tenha um Conselho Municipal de Direito de Inclusão Digital, mas que até agora não saiu do papel”, afirma Izidio.
Amadeu é autor de vários livros. Entre eles “Sociedade de Controle: manipulação e modulação nas redes digitais” (Hedra) e “Colonialismo de Dados: como opera a trincheira algoritmo na guerra neoliberal” (Autonomia Literária).