
A escassez de mão de obra segue sendo um grande desafio para o setor da construção civil no Espírito Santo, mas, surpreendentemente, a solução pode vir de terras distantes: a tecnologia chinesa.
Neste momento, empresários do setor, incluindo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon-ES), Douglas Vaz, buscam alternativas inovadoras para enfrentar a crise no mercado de trabalho.
Recentemente, o empresário viajou até a China para participar da Missão Internacional Shanghai 2025, uma iniciativa que visa aproximar o Brasil das soluções tecnológicas mais avançadas, com paradas em Dubai e nos Emirados Árabes.
Durante a missão, empresários brasileiros, incluindo Vaz, têm como objetivo descobrir como o país asiático tem solucionado seus próprios problemas no setor de engenharia, e como essas soluções poderiam ser implementadas no Espírito Santo.
O foco, em particular, está em tecnologias que substituam o esforço manual, diminuindo a dependência da mão de obra tradicional.
Tecnologia como solução para o setor
Segundo o vice-presidente do Sinduscon-ES, Leandro Lorenzon, o principal desafio da construção civil no estado é substituir gradualmente o trabalho manual por soluções mais eficientes e tecnológicas.
“A ideia é trazer tecnologia que venha substituir cada vez mais a necessidade do homem fazer o trabalho manualmente”, afirma Lorenzon.
Com a modernização dos processos de construção, novas tecnologias estão sendo testadas, como o uso de impressoras 3D, automação e sistemas mais avançados de pré-fabricação de materiais, os quais podem reduzir a necessidade de operários nas obras, mas ainda exigem que os profissionais sejam treinados para manusear essas novas ferramentas.
A falta de interesse dos jovens em ingressar na construção civil é um fator que agrava ainda mais a escassez de mão de obra.
Isso ocorre em grande parte devido à desvalorização do trabalho manual, especialmente entre as novas gerações, que buscam alternativas mais rentáveis e com menos esforço físico.
O envelhecimento da população, combinado à falta de profissionais capacitados, está tornando a reposição de mão de obra um problema crescente, o que impacta diretamente no custo das obras e, consequentemente, no preço final dos imóveis.
O impacto da escassez de mão de obra na economia do setor
O fenômeno da falta de profissionais também pode afetar a inflação do setor da construção civil.
Segundo Lorenzon, o aumento nos custos de mão de obra reflete diretamente no preço dos imóveis, tornando as obras mais caras e reduzindo a competitividade do mercado local.
“O jovem, com alternativas mais rentáveis e de menos esforço, não tem mais ambição pela construção civil, prejudicando a reposição. Isso, de alguma forma, vai refletir no custo da mão de obra e, por consequência, no preço dos imóveis”, explica o vice-presidente do Sinduscon-ES.
Além de substituir a força de trabalho manual, o setor busca modernizar os canteiros de obras.
Com o uso de itens pré-fabricados e produtos industrializados, a construção civil poderá minimizar a presença do trabalho humano dentro do canteiro.
O conceito de “industrialização” da construção implica na criação de um ambiente mais automatizado, onde a produção de diversos componentes ocorre fora da obra, permitindo um avanço maior na agilidade e eficiência das obras.
Desafios na capacitação profissional
Entretanto, mesmo com as inovações tecnológicas, o setor ainda enfrenta o desafio da capacitação profissional.
A implementação dessas novas tecnologias exige que os trabalhadores sejam devidamente treinados para operá-las, o que pode demandar tempo e investimento.
Para que o setor se adapte às mudanças tecnológicas, será necessário um processo contínuo de formação de novos profissionais.
“Se for falar de impressora 3D, por exemplo, eu tenho que ter a impressora para treinar o cara para usá-la. Mas, enquanto isso, outras funções menores também vão ocorrendo”, destaca Lorenzon.
Ou seja, mesmo que a tecnologia reduza a necessidade de mão de obra em tarefas pesadas, a formação de novos profissionais continuará sendo essencial para o setor.
Valorização do mercado imobiliário no Espírito Santo
Enquanto o setor da construção civil busca soluções tecnológicas para seus desafios de mão de obra, o mercado imobiliário do Espírito Santo vive uma fase de grande valorização.
Em Vitória, capital do estado, o preço do metro quadrado avançou impressionantes 23,51% entre 2023 e 2024, segundo dados do Censo Imobiliário do Sinduscon-ES.
Esse aumento reflete uma valorização crescente do mercado, que tem registrado preços mais altos para imóveis novos, especialmente em áreas de alto padrão.
Os imóveis de luxo, com quatro quartos ou mais, também apresentaram uma alta significativa, chegando a R$ 21.114 por metro quadrado, um aumento de 31,96% em relação ao ano passado.
Esse crescimento nos preços tem gerado preocupações sobre a acessibilidade do mercado para a população local, já que os imóveis mais caros são cada vez mais fora do alcance de uma parte considerável dos compradores.
Em contrapartida, em Vila Velha, a cidade vizinha à capital, o mercado imobiliário teve uma valorização mais tímida.
Nos últimos dois anos, o avanço foi de apenas 5,55% para imóveis de alto padrão e 11,95% considerando todos os tipos de apartamentos.
Mesmo com um crescimento menor, essa valorização ainda reflete a crescente demanda no setor imobiliário da região.
O futuro da construção civil: adaptando-se à era digital
A indústria da construção no Espírito Santo está à beira de uma revolução tecnológica, mas as mudanças demandam tempo.
A implementação de tecnologias avançadas, como a impressão 3D e a automação, são essenciais para enfrentar a falta de mão de obra qualificada, mas o desafio de formar novos profissionais e adaptar o mercado a essas mudanças não pode ser subestimado.
O futuro da construção civil, com o uso de tecnologias chinesas e outras inovações, parece promissor, mas só será viável com um esforço contínuo de treinamento e adaptação.
Enquanto isso, o mercado imobiliário se mantém aquecido, e o preço das construções segue subindo, refletindo o impacto da escassez de mão de obra e das novas demandas do setor.
Você acredita que a adoção de tecnologias avançadas pode realmente substituir a falta de mão de obra no setor da construção civil ou o desafio da formação profissional será um obstáculo difícil de superar? Compartilhe sua opinião nos comentários!