De volta à decisão após 15 anos, tricolor supera adversidades diante do Inter e incorpora “time de guerreiros” ao jogo vistoso
5 out
2023
– 11h01
É verdade que o Fluminense sofreu contra o Internacional e, considerando os dois confrontos de semifinal, foi tecnicamente inferior ao adversário. No entanto, não há como desqualificar o espírito de luta no Beira-Rio, muito menos a incrível virada tricolor, que retorna a uma decisão de Copa Libertadores 15 anos depois ostentando o melhor futebol da América, merecidamente recompensado com a classificação.
Nenhum outro clube no Brasil ou no continente proporcionou tantos bons espetáculos ao longo da temporada como o Fluminense. Para ficar em apenas três exemplos, é preciso lembrar, antes de tudo, da final do Campeonato Carioca contra o Flamengo, em que goleou o rival por 4 a 1 com show de Marcelo.
Depois, veio mais uma goleada, sobre o River Plate, na fase de grupos da Libertadores. Ali o Flu começou a dar pinta de que realmente poderia competir com qualquer oponente sul-americano pelo título. Por fim, o jogo de ida contra o Inter mostrou que os jogadores incorporaram o lema do “time de guerreiros” ao buscar o empate em casa com um homem a menos no segundo tempo, no melhor duelo entre equipes brasileiras neste ano.
No comando desde 2022, Fernando Diniz derrubou todas as pechas que pesavam contra sua filosofia de jogo. Diziam que seus trabalhos sempre começavam bem, mas estavam fadados a ruir do meio para o final – levou o Fluminense à decisão do maior torneio continental.
Diziam que faltava título em seu currículo – não falta mais. Diziam que o dinizismo era previsível e carecia de repertório – aprimorou-se com novas formações e variações, como a que encaixou John Kennedy ao lado de Cano no ataque, ambos decisivos no mata-mata. Diziam que ele perderia o foco no clube por causa da seleção – e agora tem a chance de levantar a primeira taça de Libertadores como técnico de clube e seleção.
Independentemente do adversário na final, seja Boca Juniors ou Palmeiras, o Fluminense de Diniz chega mais cascudo do que nunca para tentar um título inédito em sua história, após derrubar dois campeões da América pelo caminho. E o principal: por todos as sementes plantadas desde a temporada passada e por ter acreditado em uma proposta de jogo ousada e transgressora, tem como grande trunfo o futebol mais vistoso do continente.
Isso sem contar a torcida tricolor, que certamente estará em peso no Maracanã para empurrar um time que, além de guerreiro, dá gosto de assistir.