Game vira missão de vida em meio à Guerra da Ucrânia – 25/10/2023 – Mundo


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A história de uma guerra não é contada apenas nos campos de batalha. Em meio à morte e à destruição, pequenas vitórias se tornam grandes testemunhos de resiliência e perseverança de um povo. O game “S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl”, da desenvolvedora ucraniana GSC Game World, é um desses casos.

“Não é mais apenas um trabalho, mas uma conquista que devemos alcançar como estúdio. Vamos nos reerguer, para que o mundo se lembre de que a Ucrânia é capaz de fazer coisas realmente incríveis, grandes jogos, com histórias e visuais realmente impressionantes”, afirmou à Folha Yevhenii Kulyk, produtor do game.

Ele esteve no Brasil junto com o gerente de comunidade Belema Franklin George para participar da BGS (Brasil Game Show). No evento foi possível jogar uma versão demo do título de ação e sobrevivência em mundo aberto, com previsão de lançamento no início de 2024.

Até chegar aqui, porém, não foram poucas as dificuldades.

Sequência da trilogia “S.T.A.L.K.E.R.” —com títulos anuais de 2007 a 2009—, “S.T.A.L.K.E.R. 2” foi anunciado pela primeira vez em 2010, com lançamento previsto para dois anos depois. O projeto, porém, foi cancelado devido a problemas financeiros do estúdio, que acabou sendo dissolvido no mesmo ano em que o jogo deveria chegar às lojas.

Após a reabertura da GSC em 2014, a ideia foi retomada e, em maio de 2018, “S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chernobyl” foi anunciado. Durante a apresentação da Microsoft na E3 de 2021 foi exibido um trailer do jogo, que ganhou previsão de lançamento para 28 de abril de 2022. No entanto, com o início da Guerra da Ucrânia, o projeto foi suspenso indefinidamente.

Enquanto fazia campanhas de arrecadação para a defesa do país, a GSC buscava meios de proteger seus funcionários dos bombardeios a Kiev, onde fica sua sede. A solução foi realocar toda a empresa para Praga, na República Tcheca, onde o trabalho no jogo pôde ser retomado em maio do ano passado.

Ainda assim, uma parte dos funcionários não pôde (ou não quis) deixar seu país e continuou na Ucrânia. Alguns trabalhando no título, mas outros se juntaram à luta armada, como registrado pelo estúdio em um vídeo.

“Preciso aplaudir as pessoas na Ucrânia. Eles são verdadeiros heróis, e também nossos colegas no escritório da GSC, que continuam trabalhando. Conseguimos consertar o espaço de trabalho, equipamos o escritório com abrigos antibomba, geradores, internet rápida… No entanto, ainda é um local perigoso. Ficamos preocupados com nossos colegas, parentes e amigos”, afirma Kulyk.

Mesmo em Praga, problemas relacionados à guerra continuaram a acontecer. Por sua visibilidade internacional, o estúdio se tornou alvo de seguidos ataques de hackers russos. Segundo a empresa, em março deste ano, um desses ataques teve sucesso e os responsáveis tentaram intimidar e chantagear a equipe.

Ainda que tenham tentado manter a essência da série intacta, os desenvolvedores admitem que a guerra mudou o conteúdo do jogo. A começar pelo subtítulo do game, que foi de “Heart of Chernobyl” para “Heart of Chornobyl”, adotando a tradução do nome da usina nuclear mais próxima da língua ucraniana que da russa.

“Nosso contexto mudou muito rápido. E, é claro, afetou o jogo em alguns detalhes. Tiramos o contexto russo. Tentamos deixar isso de lado e fazer o jogo do qual os ucranianos se orgulhem”, afirmou George.

Kulyk, porém, afirma que os aspectos mais importantes da série se mantêm. É o caso, por exemplo, da ambientação fria e desoladora, que conta com uma reprodução fidedigna da zona de exclusão nos arredores da usina de Tchernóbil —incluindo boa parte da cidade fantasma de Pripyat.

A série se passa em uma realidade paralela em que laboratórios científicos secretos foram instalados nos arredores da usina de Tchernóbil após o desastre nuclear de 1986. As experiências realizadas no local levaram a uma segunda catástrofe, em 2006, que resultou na aparição de seres mutantes e em anomalias meteorológicas e nas leis da física.

Nos games, o jogador encarna um “S.T.A.L.K.E.R.”, que é como são denominados bandidos e aventureiros que se embrenham na zona de exclusão em busca de artefatos preciosos. Trata-se de um jogo de tiro em primeira pessoa, mas que inclui fortes elementos de terror, sobrevivência e exploração.

“Viajamos muito à zona de exclusão de Tchernóbil. Tiramos muitas fotos, gravamos vídeos, conversamos com as pessoas… Na verdade, nossa equipe de gerenciamento de comunidade tem caras que costumavam ser ‘stalkers’ do mundo real, que exploravam a zona ilegalmente. Eles nos contaram muito sobre o lugar e nos levaram por toda a zona de exclusão, para que pudéssemos vivenciar isso e sentir um pouco dessa atmosfera”, conta Kulyk.

Pelo lado técnico, a principal dificuldade da equipe tem sido adaptar isso a um amplo mundo aberto —com o equivalente a 64 km²—, recheado com diferentes construções, histórias e missões, todas feitas sob medida pelos desenvolvedores.

Uma missão difícil para qualquer estúdio, ainda mais para um que precisa superar tantos obstáculos. Mas George explica como os desenvolvedores encontram motivação para essa árdua tarefa.

“Estamos criando um legado cultural para a Ucrânia. Esta é nossa fonte de energia e também nossa forma de lutar.”


Play

dica de game, novo ou antigo, para você testar

Super Mario Bros. Wonder

(Switch)

Desde o clássico “Super Mario World”, lançado originalmente para o Super Nintendo, eu não me divertia tanto com um jogo 2D do Mario. O título mantém os principais atributos que fizeram o sucesso da franquia de videogame com mais jogos vendidos na história (mais de 800 milhões). Ao mesmo tempo, inova e surpreende o jogador a todo momento, sem deixar a nostalgia de lado. É uma ótima opção tanto para novatos quanto para veteranos. Confira a crítica completa aqui.

O repórter recebeu uma cópia com acesso antecipado ao jogo e um Nintendo Switch OLED por empréstimo para avaliação.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • Documentos da Remington Arms, uma fabricante de armas americana, apontam que a empresa fechou um acordo com a Activision para incluir um rifle de sua fabricação nos jogos da franquia “Call of Duty” como parte de uma estratégia para marketing para atrair os jovens, afirmou o The Wall Street Journal. A publicação diz que o acerto não envolveu pagamentos.
  • O chefe da divisão de games da Microsoft, Phil Spencer, afirmou que a empresa não tem feito um trabalho “nota 10” em observar suas franquias e revistitá-las, em entrevista ao podcast oficial do Xbox. “Acho que fizemos um trabalho ok”, disse.
  • Na mesma entrevista, o executivo reafirmou sua intenção de manter a franquia “Call of Duty” no maior número de consoles possíveis, e afirmou que os contratos de exclusividade relacionados à franquia estão com os dias contados. “Não temos o objetivo de usar ‘Call of Duty’ de alguma forma para fazer as pessoas comprarem um console Xbox”, afirmou.
  • Em mais um sinal de que a Nintendo deve estar próxima do lançamento de um novo console, o presidente da Nintendo da América, Doug Bowser, afirmou em entrevista ao site Inverse que as contas Nintendo irão facilitar a transição do Switch para o próximo console da empresa. O executivo, no entanto, não quis comentar boatos relacionados ao produto.
  • A publisher de games Devolver Digital anunciou no X que fez uma doação para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina. Na publicação, a empresa coloca o link para o site da agência e incentiva doações para a organização que promove ajuda humanitária a famílias palestinas.
  • A Epic Games Store lançou o programa Agora na Epic, que promete repassar para os desenvolvedores 100% do valor arrecadado com novos jogos vendidos na plataforma, mesmo aqueles que já foram lançados em outras lojas virtuais —em geral, é cobrada taxa de 12%. A iniciativa é mais uma estratégia para tentar diminuir a liderança da Steam no mercado de jogos para PC.
  • A Mojang anunciou que “Minecraft” superou a marca de 300 milhões de cópias vendidas. O título é considerado, de longe, o maior sucesso comercial de um único game na história, bem à frente do segundo colocado, “GTA V” (com 125 milhões de cópias vendidas), e do terceiro, “Tetris” (100 milhões).

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

25.out

“Stray Souls”: R$ 112,45 (Xbox One/X/S), preço não disponível (PC, PS 4/5)

26.out

“BattleCakes”: preço não disponível (PC)

“Frog Detective: The Entire Mystery”*: R$ 54,90 (Xbox One/X/S), R$ 99,95 (Switch), preço não disponível (PS 4/5)

“Ghostbusters: Rise of the Ghost Lord”: R$ 187,90 (PS VR2), preço não disponível (Quest)

“Ghostrunner 2”: R$ 161,99 (PC, Xbox X/S), R$ 199,50 (PS 5)

“Mineko’s Night Market”: preço não disponível (PS 4/5, Xbox One/X/S)

27.out

“Alan Wake 2”: R$ 225 (PC), R$ 270,90 (PS 5, Xbox One/X/S)

“EA Sports UFC 5”: R$ 359 (PS 5, Xbox X/S)

30.out

“Resident Evil Village”: preço não disponível (iOS)

31.out

“Jusant”*: R$ 87,45 (PC, Xbox X/S), R$ 133,90 (PS 5)

“The Forest Cathedral”: preço não disponível (PS 5)

*Disponível no Xbox Game Pass


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