Guerra piorou acesso a recursos para tecnologia, avalia CIO de startup israelense


A guerra no Oriente Médio agravou um cenário que já era desafiador para startups.  A alta dos juros dos Treasuries, que atingiram o maior nível em 23 anos, encareceu e tornou mais restrito o capital ofertado para essas empresas. Quadro que ficou ainda mais negativo diante da incertezas geradas pelo conflito em Israel. “A situação piorou muito, mas foi uma deterioração que veio de um cenário de economia forte, de um ambiente de tecnologia forte. Mas, obviamente, as coisas estão bem mais duras agora”, afirma Ilan Furman, CIO da Bridgewise, startup israelense.

Furman explica que a fintech está em uma situação confortável, após ter captado US$ 13 milhões no começo deste ano, em uma rodada de financiamento. Mas ele reconhece que o cenário não é tranquilo para todas as empresas e que há, hoje, dificuldade para acessar recursos de venture capital.

A Bridgewise é uma das muitas startups israelenses que, em maior em menor medida, estão sentindo o impacto da guerra em curso no Oriente Médio. Furman tinha encontro marcado com jornalistas nesta sexta-feira (20) em São Paulo, mas não conseguiu deixar Israel para vir ao Brasil. A conversa com o IM Business foi por videoconferência.

“Esta última semana, precisei correr três vezes para o abrigo enquanto participava de reuniões por videochamada”, conta Furman. “Trabalho com previsões e dados. E é muito difícil para mim dizer que temos um cenário claro sobre o que está acontecendo”.

A BridgeWise foi fundada em 2019 e possui uma plataforma que reúne dados de mais de 44 mil empresas de capital aberto, listadas em diferentes Bolsas pelo mundo. A startup utiliza algoritmos de inteligência artificial que analisam as informações para produzir relatórios e recomendações de investimento.

O sistema da BridgeWise atribui notas às ações, com base nos dados estatísticos históricos das companhias e expectativa de valorização do papel. O conteúdo é disponibilizado em diversos idiomas, incluindo o português.

“Somos praticamente uma empresa pós-Covid. Estamos adaptando tudo o que aprendemos naquela crise nesta que estamos vivendo agora. Estamos trabalhando com força total, de casa”, afirma o CIO, que conversou com nossa reportagem direto de Tel Aviv.

Atuação no Brasil

Os laços da Bridgewise com o Brasil se fortaleceram no começo deste ano. O L4 Venture Builder, fundo de investimentos independente da B3, participou da injeção milionária de capital na startup israelense em janeiro.

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Em setembro, a startup fechou sua primeira parceira no país, com a Status Invest, a plataforma de informações de mercado financeiro da Suno Research. A ferramenta passou a oferecer o Status Alpha, solução que utiliza inteligência artificial para recomendar ações.

Para Furman, o Brasil tem um papel estratégico para a Bridgewise em termos globais. “O Brasil dispõe de tecnologias que, em geral, são muito mais fortes do a que de outros países emergentes”, afirma. Ele também destaca o crescimento da base de investidor pessoa física no país, de 500 mil para 6 milhões de CPFs em um intervalo de sete anos, o que representa um potencial elevado de consumo do serviço oferecido pela startup.

O trabalho de relacionamento com novos parceiros no Brasil tem sido conduzido por Thiago Guedes que, há pouco mais de um mês, assumiu o cargo de diretor de desenvolvimento de negócios da BridgeWise no Brasil.

No momento, a startup está em negociação avançada com uma grande assessoria de investimentos. Também está em vias de firmar contrato com três grandes instituições financeiras do país.

“As conversas ainda estão acontecendo. Estamos desenhando projetos com eles, ainda em fase de testes. Não temos uma previsão, ainda, de quando vai começar a rodar, mas temos uma expectativa de que no começo do ano que vem, tenha algo acontecendo na prática”, afirma Guedes.

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