“Para ter um impacto positivo sobre a sociedade e o planeta, os líderes precisam ter a medida exata do resultado de suas ações. E tecnologias como a inteligência artificial serão muito úteis nesse sentido.” A avaliação é de Daniela Garcia, CEO do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), organização que tem com o objetivo criar líderes conscientes, mais preocupados em gerar valor para a sociedade do que para os shareholders.
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Outro exemplo de ferramenta que ainda vai colaborar muito para estimular um novo tipo de capitalismo é o blockchain, diz Daniela. “A transparência proporcionada por essa tecnologia – e pelas criptomoedas – será fundamental para ajudar as empresas a criarem uma cadeia de fornecimento totalmente certificada.”
A executiva cita como modelo o Banqu, “um software de compliance baseado em blockchain que ajuda marcas globais como AbImbev e Coca-Cola a rastrear suas cadeias de valor, para que possam conduzir negócios mais inteligentes e mais sustentáveis”, afirma.
A IA generativa ajudará a melhorar o atendimento aos clientes; carros autônomos e internet das Coisas irão melhorar a vida nas cidades; e a transformação digital acabará por fortalecer a cultura nas empresas, diz a executiva. “Sou otimista e prefiro olhar para o lado positivo da tecnologia”, diz Daniela.
No curto prazo, ela acredita ainda que a tecnologia pode ajudar a resolver o problema do desemprego juvenil no Brasil. “Hoje, 31% dos jovens entre 18 e 24 anos estão sem trabalho no Brasil. Se apostarmos em uma formação técnica, voltada para as novas profissões do nosso tempo, podemos mudar esse cenário”, afirma.
Uma década de capitalismo consciente
Em seus 10 anos de operação no país, o Instituto Capitalismo Consciente observou uma mudança profunda no comportamento dos líderes empresariais. “Quando o instituto chegou ao Brasil, em 2013, sua proposta era algo distante para a maioria dos empresários – um pouco mais próximo apenas Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.daqueles que estavam ligados em sustentabilidade e tinham um olhar para gerações futuras.”
Segundo a executiva, a situação começou a se transformar após a divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS), em 2015, que forçaram as empresas a refletir sobre seu papel na extinção da pobreza, na proteção ao meio ambiente e na criação de uma sociedade mais justa. Mais tarde, em 2020, outro impulso veio com o anúncio de Larry Fink de que a BlackRock passaria a colocar a sustentabilidade no coração de suas decisões de investimento, abraçando a agenda ESG (ambiental, social e de governança).
A pandemia, salienta a CEO do instituto, também teve um papel forte nessa evolução. “Com a covid-19, as empresas passaram a ter uma compreensão mais real sobre a importância dos stakeholders. Durante os períodos de isolamento, foi necessário olhar para os colaboradores, em primeiro lugar, e para os fornecedores e clientes, em segundo lugar. Isso favoreceu muito o entendimento sobre o conceito de capitalismo consciente”, diz Daniela.
Para o futuro, ela prevê o amadurecimento da iniciativa privada em direção ao ESG. “O nosso chair, Hugo Bethlem, diz algo muito interessante sobre isso. As empresas têm três oportunidades para adotar esse conceito: agora, por convicção, daqui a pouco, por compliance ou, mais tarde, por constrangimento – o que claramente deve ser evitado.”
Para gerar mais reflexões sobre essas questões, o ICCB realizará no dia 20 de setembro, em São Paulo, o III Fórum Brasileiro do Capitalismo Consciente. Entre os nomes confirmados estão: John Mackey, um dos fundadores do movimento global; Lisa Coleman, primeira vice-presidente sênior da Universidade de Nova York (NYU) para a inclusão global e inovação estratégica; e Pascal Finette, cofundador da consultoria Be Radical e responsável pelo programa de Empreendedorismo e Inovação Aberta da Singularity University.
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