
Vice-presidentes de tecnologia (CIOs, na sigla em inglês) dos grandes bancos apontam as vantagens da inteligência artificial generativa (GenAI), que, segundo eles, deixou de ser um diferencial competitivo e se tornou algo indispensável. Ainda assim, afirmam que, com a velocidade e a enorme capacidade de a tecnologia escalar, o recurso também traz riscos.
Richard da Silva, VP de tecnologia do Santander, comentou, em painel no Febraban Tech, nesta quarta-feira (11), que a maior transformação tecnológica hoje é a velocidade. “Tudo que se escala, o erro escala rápido também. Então, o papel do humano é sempre ser o piloto, estar no comando, não ser o copilto nunca”, disse.
Ele lembrou, ainda, que, ao mesmo tempo em que os bancos estão usando GenAI, fraudadores também têm o seus robôs. No caso, existe, de fato, o chamado “FraudGPT” – uma analogia com o ChatGPT.
Pedro Pedrosa, diretor-executivo da Caixa, também apontou que é preciso calma na hora de escalar soluções com IA. “Estamos muito no hype, tem uma corrida para fazer uso de IA. Então, acho que precisamos usar o conceito de experimentação, testar, começar pequeno, antes de fazer uma escalada. Porque, com IA, alguns projetos rapidamente se tornam ‘too big too drop out’ [muito grandes para serem descartados”.
Christian Flemming, CIO do BTG, foi na mesma linha. Ele apontou que cada vez mais as companhias vão usar agentes de IA (robô que ensina a ele mesmo os modelos gerados por IA), e que junto com isso será preciso construir barreiras (guard-rail no jargão) para evitar erros e alucinações. “A gente vai ter que se lançar no uso indiscriminado de agentes de IA e fazer com que eles funcionem em conjunto”.
Edilson Reis, chefe de tecnologia do Bradesco, apontou que a tecnologia avança muito rápido e que a BIA, IA do banco criada em 2016, até o ano passado, era uma jovem adulta, e agora já constituiu família e tem três filhos. Um dos filhos é a BIA Clientes, que ajuda o atendimento a ter grau de resolutividade de 85%, 90%; o segundo filho é a BIA Corporate, que ajuda a clientes PJ a tirar dúvidas; e o terceiro é a BIA Tech, usada pelos desenvolvedores do banco.
“Algum tempo atrás, a IA era uma vantagem competitiva, hoje, se não tiver IA em algumas áreas, você já ficou para trás, perdeu tempo”, comentou Reis. Ainda assim, ele também reforçou a necessidade de criar os guard-rails adequados e escalar com calma.
“Como toda nova tecnologia, algum risco vamos ter de correr, mas é preciso errar pequeno e expandir de maneira responsável”.
No Banco do Brasil, Marisa Reghini chamou atenção também para a questão da governança de dados. “A tendência é que a gente saia aplicando para todos os processos, mas tem que avaliar mais sobre isso no mercado. A gente tem usado muito IA generativa no ciber, mas a gente sabe que tem muita galera do mal fazendo novos modelos também e testando.”