Leo Faria vê novo circuito como “melhor decisão”, mas admite erros


— Quando a gente faz o desenho de um ecossistema, tem que tomar decisões, e a verdade é que não tem nenhuma verdade absoluta, não tem nenhum desenho de cenário que é perfeito. Você faz escolhas. Cada escolha vai ter prós e contras — comentou o executivo em participação no podcast MD3 nesta segunda-feira.

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Ele explicou que, ao criar as ligas em sistema de franquia e rebaixar os Challengers para campeonatos de segunda divisão, a desenvolvedora tomou duas decisões fundamentais: parceria com os clubes, com os times não sendo donos das vagas nos campeonatos, e foco em qualidade, e não em quantidade.

— Quantidade de times e jogadores não necessariamente converte em um esporte melhor para os fãs. E, no fim das contas, quando a gente olha qual é a prioridade do esporte, é o fã. Os fãs sempre vêm em primeiro lugar. Por quê? Se uma liga não tem audiência, não tem negócio para ninguém. Não tem negócio para os times, os jogadores, os organizadores de torneio, os patrocinadores, a Riot. Essa é a premissa básica do esporte.

Leo Faria, head global de esports do Valorant na Riot Games, em entrevista coletiva antes da reta final do Valorant Champions 2023 — Foto: Stefan Wisnoski/Riot Games

Leo Faria, head global de esports do Valorant na Riot Games, em entrevista coletiva antes da reta final do Valorant Champions 2023 — Foto: Stefan Wisnoski/Riot Games

Neste ano, com o VCT Américas ocorrendo em paralelo e sem os principais times e jogadores, o brasileiro Valorant Challengers Brasil (VCB) sofreu com baixíssimos índices de audiência.

Para 2024, a Riot promoveu uma série de mudanças, terceirizando a operação, transferindo a disputa para a internet e aumentando o número de participantes. Por outro lado, praticamente todas as organizações deixaram de investir na modalidade.

Leo defendeu que, na construção do ecossistema, é preciso olhar as regiões como um todo, e não somente para uma delas, como no caso do Brasil.

— A gente não pode olhar para uma região, como, por exemplo, Brasil, e falar ‘vamos fazer um negócio que funciona aqui’. A gente tem que olhar para todas as ligas, a gente tem 23 ligas regionais ao redor do mundo.

O executivo disse acreditar que o Brasil poderia ter uma liga de primeiro nível sustentável, mas ressaltou que essa não é a realidade em outras partes do mundo.

— A gente poderia ter uma liga ‘tier 1’ f* no Brasil? Sem dúvida. O Brasil já provou de várias maneiras que é um p* mercado de FPS, a galera ganha título a torto e a direito e a gente tem história. Não tem a menor dúvida de que o Brasil conseguiria ter uma liga sustentável, que funcione no topo, ‘tier 1’, mas essa não é a realidade de todas as regiões do mundo.

— A real é que ter 20 ligas regionais é simplesmente inviável. A gente fala o quanto que games crescem, mas, no Valorant, que é um dos jogos mais populares do mundo, a gente ainda não tem escala para ter 20 ligas regionais de sucesso. Essa é a realidade.

Por isso, segundo Leo, a Riot tomou a melhor decisão que poderia na reformulação do ecossistema competitivo.

— A gente decidiu focar em qualidade, não em quantidade. Foi a melhor decisão que a gente já tomou.

Para defender o argumento, o head de Valorant citou estatísticas. Ele disse que, no ano passado, o VCB teve pico de 145 mil espectadores nas transmissões online. Neste ano, no VCT Américas, a audiência em português alcançou máximo de 310 mil espectadores.

Leo admitiu, contudo, que houve uma má administração da expectativa por parte da comunidade pela Riot e disse que se arrepende de ter mantido o Challengers com o mesmo nome com a criação das franquias, o que teria confundido os torcedores.

— Um dos nossos maiores erros foi uma má gestão de expectativa, principalmente no brasil. Das 23 ligas ao redor do mundo, a única que a Riot produziu foi no Brasil. O resto era tudo parceiro. A expectativa foi gerada errada. Apesar de a gente ter sido claro, na primeira vez que a gente anunciou o sistema das ligas internacionais, a gente foi bastante claro que o objetivo é desenvolver talentos e abrir portas, eu acho que a gente não fez um trabalho decente. Se tivesse feito, o problema não iria acontecer.

Na participação no podcast, Leo admitiu que é possível que o Ascension não seja a melhor opção para criar a conexão entre as ligas franqueadas e os Challengers e destacou que, caso isso seja evidenciado, a Riot deve fazer novas alterações.

— O que a gente precisa, no fim das contas, é de uma conexão entre o cenário nacional, onde tem talento, e o cenário principal. A conexão que a gente criou hoje é o Ascension. O que a gente está ouvindo de vários times é que talvez não seja suficiente. E eu aceito esse feedback perfeitamente por vários motivos. Primeiro porque a oportunidade é limitada, uma vez por ano. Segundo porque os times da América do Norte têm uma vantagem, porque eles conseguem treinar com times de lá. Não tem solução perfeita para isso.

— Eu entendo que talvez o Ascension não seja a solução, e eu ainda acho que é cedo, mas se não funcionar, não tem dúvida de que a gente vai mudar. Não tem problema nenhum em matar a ideia de de vaga de visitante nas ligas e criar uma outra solução.

Leo comentou também que outra possibilidade é transformar o Ascension é um campeonato maior, com mais times, maior duração e premiação incrementada, de modo a ser o torneio internacional dos times participantes dos Challengers.


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