Um dos grandes símbolos de resistência dos Pataxoop são os tehêys, instrumento de pesca que ganhou novos significados ao se transformar em desenhos que narram ensinamentos e a memória do seu povo. No próximo domingo (25), às 16h30, essa história será contada no Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte por Dona Liça Pataxoop, educadora e liderança da aldeia Muã Mimatxi.
Utilizando os tehêys como método de ensino, ela apresentará um pouco da sua rotina como professora e os desafios de manter viva a língua ancestral Pataxoop para as novas gerações. A iniciativa, realizada pelo CCBB Educativo – Territórios e Saberes, é uma homenagem ao Dia Internacional da Língua Materna, celebrado em 21 de fevereiro. O evento tem entrada gratuita mediante inscrição: https://forms.gle/5FzBk5aj1BhLduQB9.
“Tehêys: minha escrita é o desenho”
Dona Liça Pataxoop, mulher indígena e professora da aldeia Muã Mimatxi, da etnia Pataxós, na região de Itapecerica (MG), é também ilustradora. Seus desenhos-narrativa, chamados tehêy, já foram exibidos em exposição e viraram um livro, no qual é possível ouvir histórias a partir de QRcodes.
Ela conta que têhêy, originalmente, é um instrumento usado pelas mulheres do povo Pataxoop para pescar em córregos, nas beiradas de rios e lagoas. Quando se “terreia” a água, os peixes surgem na rede e é possível separar os grandes – que servirão de alimento – e os pequenos – que serão soltos para que cresçam. É a partir do nome dessa rede de pesca que ela batizou os desenhos que guardam a história do povo Pataxoop, e que são uma forma tradicional de ensino e aprendizado utilizado na escola da aldeia.
Para Danilo Filho, coordenador do CCBB Educativo, é importante que os espaços de produção de conhecimento se voltem para alfabetizar a população acerca da cultura ancestral. “Esse ensinamento se dará por meio da oralidade, de conversar com seus protagonistas, de abrir espaço para que contem sua história. E é nisso que estamos apostando ao realizar não só essa atividade, mas todo o projeto Territórios e Saberes. Dona Liça vem fazer no CCBB o que já faz na aldeia: ensinar sobre a cultura Pataxoop. Acredito que só assim conseguiremos reconhecer que nossa ancestralidade brota da mesma raiz e que é urgente que defendamos os povos originários e sua história”.
Alfabetizar Cantando é tema de bate-papo no sábado
A cultura de ensino Muã Mimatxi também será tema do encontro Práticas e Reflexões, que ocorre no sábado, 24 de fevereiro, das 10h30 às 12h30. Para conduzir a conversa “Alfabetizar Cantando”, o CCBB Educativo convidou o professor Saniwê Pataxoop, doutorando em Educação pela FAE/UFMG e educador da Escola Estadual Indígena Pataxó Muã Mimatxi.
No bate-papo, ele vai abordar suas experiências e reflexões como professor utilizando o método Alfabetizar Cantando. Antigamente, os ensinamentos, histórias e costumes do povo Pataxoop eram repassados aos jovens e crianças em uma roda de conversa. De maneira lúdica e participativa, eram usados cantos e danças para reforçar as narrativas orais. Hoje, na aldeia Muã Mimatxi, há uma escola que cumpre o papel de formar os jovens nas tradições da cultura indígena e do ensino ocidental, mas segue usando a música para alfabetizar crianças. A entrada é gratuita mediante inscrição: https://forms.gle/ZxPwp8fsgpyjaGgLA.
CCBB Belo HorizontePraça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte – MGFuncionamento – Quarta a segunda, das 10h às 22h.Telefone: (31) 3431-9400E-mail: [email protected]
Leia mais: