
Já não se trata mais de uma impressão que torcedores das nações vizinhas se sentem mais à vontade para cometer atos racistas nos estádios sul-americanos: os registros recentes mostram isso. Os brasileiros são, em maioria, mais vítimas que autores das denúncias de injúria racial na Libertadores e na Sul-Americana. Mas por quê?
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Em relação ao Brasil, os países do chamado Cone Sul, como Argentina, Chile e Paraguai, estão muito atrasados no debate, nas leis e na sensibilidade social de suas populações sobre o racismo, aponta Cabrera. Os motivos são a composição racial dessas nações, suas histórias e mitos de fundação e outros temas de suas agendas públicas influem diretamente em uma discussão mais morosa.
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Na Argentina, por exemplo, o nível de discussão sobre o racismo é de negação completa, avalia Nicolas. “A Argentina não se reconhece como um país racista, não reconhece o racismo como um problema do país, não tem uma lei específica que criminalize o racismo como o Brasil. Há uma lei geral sobre discriminação, mas o fato de não ter uma específica mostra que estamos bem atrás [no debate] em comparação ao Brasil”, diz.
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Muitos argentinos, chilenos e paraguaios não percebem a gravidade desses gestos e símbolos para os brasileiros, prossegue:
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“Normalmente, legitimam os atos racistas em nome do folclore, festa e brincadeiras do futebol, dizem que o brasileiro está chorando demais e não entende os códigos do futebol, que é ‘mimimi’.”
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Para entender por que não se vê o racismo com a mesma gravidade, diz ele, há de se observar a história dos países.
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