
O uso da inteligência artificial pelas empresas e como o Brasil tem a oportunidade de ser o centro mundial da infraestrutura para o processamento de todos estes dados foi pauta da entrevista com o CEO da gigante alemã Siemens no Brasil, Pablo Fava. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Com a guerra comercial, espera-se que finalmente saia o acordo União Europeia-Mercosul. Como a Siemens vê a possibilidade, pois atua com força nos países?
Para nós, faz todo o sentido porque tem muita complementaridade. Temos um mercado europeu já desenvolvido, na maioridade, com tecnologias interessantes ao Brasil, mas faltam, por exemplo, recursos energéticos. Por outro lado, temos uma América Latina que tem todo tipo de recurso e uma cultura também bastante europeia. Mas o Brasil tem que se posicionar, independentemente de qualquer acordo, como um local para receber investimentos produtivos. Em 2026, como parceiro da feira alemã de Hannover, haverá a oportunidade de se vender para o mundo nesta perspectiva.
O que se fala é que as empresas se dividirão entre as que usam e as que não usam inteligência artificial, que precisa de data centers grandes demandantes de energia. Isso cria um desafio ambiental. Como enfrentá-lo?
É mais uma oportunidade para o Brasil. Quando você faz crunching (processamento) de dados, precisa grande capacidade. O que está fazendo é condensar energia. Precisa de um lugar que a tenha disponível, sustentável e em grande quantidade. O Brasil é especial para isso. Hoje, você pode processar e minerar dados no Brasil de forma muito mais eficiente do que em outros lugares. Por isso, temos um marco de inteligência artificial no Brasil, no qual conseguimos identificar muito bem quem é o dono do dado; que um dado pode fluir para o Brasil e voltar para o Exterior, permitindo gerar valor sem risco de segurança para quem processar o dado lá. A oportunidade de investimento de infraestrutura no Brasil está acontecendo de fato, com o país se posicionando como um centro de processamento de dados bem interessante para o mundo.
A Siemens ganhou o grande prêmio Hermes na última feira de Hannover. No Brasil, a tecnologia vencedora já é bastante usada?
Sim, o Copilot já está embutido em muitas das soluções que vendemos. Nas plataformas, entra como forma de auxiliar o desenvolvimento da solução que a gente deve implementar no cliente. Tem até Copilot para configurar o sistema de controle. Você pede para ele: “Eu preciso fazer isso, isso, aquilo” e o sistema gera um código do que você precisa implementar. Também é usado para áreas de manutenção, para fazer consultas de como que está o sistema. Pela característica do Brasil, nós somos early adopters (primeiros a adotar) em muito dessas coisas. O brasileiro arrisca um pouco mais e vai para cima. Os ganhos de eficiência são disruptivos. Você pode reduzir, às vezes, o tempo de um trabalho de configurar um sistema de controle de 10 para 4 ou 5.
* A coluna viajou a Hannover a convite da Fiergs.
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Coluna Giane Guerra ([email protected])
Com Guilherme Jacques ([email protected]) e Diogo Duarte ([email protected])
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