Nem só de política vive Brasília. Opções de lazer e cultura não faltam na cidade, entre elas o Museu dos Correios, no Setor Comercial Sul, e o Memorial dos Povos Indígenas (MPI), na Zona Cívico-Administrativa. Esses espaços, cada um com suas particularidades, proporcionam ao visitante uma viagem no tempo, seja pela cultura indígena, seja pelos alcances dos serviços postais e telegráficos do país.
O projeto arquitetônico do MPI, idealizado por Oscar Niemeyer, remete a uma maloca Yanomami, e, desde a sua concepção, vem sendo um local de manifestação cultural e religiosa dos povos originários. De acordo com o indígena da tribo Terena do Mato Grosso do Sul e diretor do MPI, David de Oliveira Terena, o memorial é o ambiente para que todos os povos que residem em Brasília e em outros estados possam se manifestar por meio de seus costumes. “Desde a concepção, nós já tivemos a presença de vários grupos. Durante essas visitas, eles sempre trazem um pouco dos hábitos dos locais onde moram”, pontua.
Além das apresentações, as exposições são acessíveis ao público em geral, e o museu possui aproximadamente 1,9 mil peças catalogadas. Para tornar tudo acessível aos visitantes, o espaço conta com uma área de exposição de 600 m², embora, de acordo com Terena, nem tudo esteja em exibição. Entre os itens, cerca de 380 peças foram doações dos antropólogos Darcy Ribeiro, Eduardo Galvão e Berta Ribeiro.
Para um dos visitantes do MPI, o estudante Gabriel Faria, o museu se torna relevante devido ao seu objetivo social de preservar a memória de um povo. “Eu acredito que ele se torna um patrimônio imaterial para o uso federal, afinal, por meio do memorial, novas gerações conhecem sobre o povo indígena, os próprios indígenas conhecem mais sobre o seu passado, seus antepassados. Ter ciência dessa cultura é importante para a formação do povo brasileiro”, expressa.
O memorial está localizado no Eixo Monumental Oeste, na Zona Cívico-Administrativa, em frente ao Memorial JK, e fica aberto para o público geral de terça a domingo e feriados, das 9h às 17h. Atualmente, o espaço está sem uma programação, mas para ficar por dentro de todas as novidades, a administração pontuou que todas as informações são publicadas no perfil do Instagram: @memorialdospovosindigenas.
História
De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec), em 1980, antes da construção do memorial, a Fundação Nacional do Índio (Funai) tinha por objetivo mudar o acervo do Museu do Índio do Rio de Janeiro para Brasília, devido à cidade ser o centro do poder, mas a transferência acabou não se concretizando.
Mas a vontade de construir um local dedicado à cultura indígena na capital federal continuou viva, e uma consequência disso foi que, alguns anos depois, o Governo do Distrito Federal (GDF) ficou com a missão de transformar esse projeto em realidade. Para isso, Berta Ribeiro foi convidada a coordenar a criação do espaço. Afinal, foi dela a proposta de que o museu fosse um ambiente de incentivo a pesquisas e produção de conhecimentos sobre a população originária.
Durante a idealização do projeto, reuniões entre autoridades do GDF, Funai e lideranças indígenas, como os caciques Raoni, Marcos Terena, Megaron e Aílton Krenak, foram constantes até a inauguração oficial do Memorial, em 1999.
Memória postal
Como forma de manter viva a memória de uma das instituições mais antigas no envio e na entrega de correspondências no Brasil, foi criado, em 1889, o Museu Nacional dos Correios, por meio de uma portaria que estabelecia a criação do espaço para guardar as relíquias e documentar a evolução dos serviços postais.
O gestor responsável pelo espaço, Gedalias Inácio, afirma que hoje os visitantes do museu têm acesso a duas exposições de longa duração, ou seja, aquelas que permanecem por tempo indeterminado no espaço. São elas: Os Sinais e as Coisas — Das Fogueiras à internet e Conectados pelo Tempo. Além dessas, o local tem mostras de curta duração. Ambas tem como objetivo incentivar os novos talentos e artistas já renomados a fazer exposições.
Além das exposições, o museu também dispõe de cerca de 8 milhões de peças museológicas, entre elas, objetos, selos, carimbos, obras de arte e livros históricos. “Recentemente, fizemos uma oficina de arte postal, que é a produção de cartões postais. Em vez de a pessoas comprar um cartão postal pronto, ela mesmo produzia o dela, com desenho, pintura e colagem”, diz o gestor.
As visitas guiadas pelas exposições de longa duração ocorrem todos os dias e são acompanhadas por dois museólogos e dois historiadores, de segunda a sexta, de 10h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. O local também está disponível para historiadores que se interessarem em pesquisar sobre a história postal e telegráfica do Brasil. “As portas estão abertas, como um atrativo cultural da cidade que muitos não conhecem.”
Programação
A partir de 20 de outubro, o museu dos Correios inicia a exposição Do Atlântico para cá. Ela será composta por 15 pinturas de grandes formatos, que retratam emoções, angústias e dores vivenciadas por escravos há 450 anos, em um porão de navio negreiro no Brasil.
De acordo com Gedalias Inácio, as pinturas apresentarão paisagens abstratas de colorações verdes, remetendo ao escuro das matas e a força das florestas por onde os escravos passaram. Os visitantes poderão encontrar, nas telas, a beleza de troncos de árvores com cascas e crostas centenárias, encontradas pelo olhar do artista.
Já em novembro, em comemoração ao Mês da Consciência Negra, o museu prevê um circuito de atividades, com a requalificação das exposições, shows musicais, fotos e mostra de filmes. O espaço fica localizado no Setor Comercial Sul, quadra 4, bloco A, n° 256, ed. Apolo, Asa Sul. Os interessados podem conferir a programação completa no site dos Correios.
A entrada ao museu é gratuita e livre para todas as faixas etárias. “Temos essa missão em relação à acessibilidade e inclusão, viabilizando o acesso à cultura, principalmente para a comunidade periférica”, finaliza Gedalias. Para visitas guiadas em grupos, é preciso fazer o agendamento prévio pelo e-mail [email protected] ou pelo número: (61) 2141-9276.
* Luis Fernando Souza – Especial para o Correio, Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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