Na Palestina, o futebol também luta para sobreviver


Situações de violência que nenhum outro jogador no mundo sofre são comuns para atletas palestinos

Geralmente, nos reunimos com amigos ou familiares no domingo para assistir na TV aos jogos dos nossos times nas competições nacionais, estaduais e internacionais.

Nós podemos ter o direito de torcer para um time que disputa esses campeonatos, mas infelizmente, os palestinos não podem. A Palestina, por conta dos bloqueios do Estado de Israel, foi obrigada a criar dois torneios regionais — o de Gaza e o da Cisjordânia —, pois Israel, arbitrariamente, impede que o povo palestino transite dentro do território para disputar uma liga nacional.

O técnico da seleção palestina, Makram Daboub, já relatou que somente quem vive na Cisjordânia pode ser convocado pela seleção palestina, por conta do bloqueio territorial e da impossibilidade criada por Israel para a entrada em Gaza. Situações de violência que nenhum outro jogador no mundo sofre cotidianamente são comuns para jovens atletas palestinos. E mesmo para esses jogadores não há garantia de poder jogar, já que sempre é possível sofrer uma prisão arbitrária. Como foi o caso de Mahmoud Sarsak, jogador preso sem direito a julgamento e acusado de fazer parte de grupos extremistas. Situação semelhante aconteceu com Ahmed Daraghmeh, que, infelizmente, foi morto pelo exército israelense em 2022.

O futebol palestino é constantemente bombardeado por Israel, assim como toda a Palestina, desde quando rasgaram a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) estabelecida em Assembleia Geral no ano de 1947, que determinava a quantidade de território correspondente a Israel (56,4%) e ao Mandato Palestino (42,9%). Israel implementou um processo de limpeza étnica e, com isso, os palestinos, que eram a maioria em 15 dos 16 distritos de Israel, tornaram-se grupos minoritários.

Hoje, segundo o último relatório da ONU, Israel estabelece um regime de apartheid, e a Faixa de Gaza representa a maior prisão à céu aberto do mundo. O povo palestino sofre uma política de extermínio.
 

*Giovanna Viola é bacharel em Direito, comunicadora popular, militante do Movimento Feminista e do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Pesquisa sobre a resistência e luta das mulheres no futebol.

**Este é um texto de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Lia Bianchini


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